quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Michel Foucault e os guerreiros insurgentes Anotações sobre coragem e verdade no anarquismo contemporâneo


por Edson Passetti
em: Cartografias de Foucault - Ed. Autêntica
Foucault inquietava o presente trazendo para um tempo que esgotava os sonhos revolucionários outras maneiras de notar práticas éticas associadas à questão política e capazes de arruinar os conservadores.
A história política desde Foucault provoca o pesquisador inopinado a avançar pelo emaranhado das relações de poder que apanham os anarquismos, desde o inal de Vigiar e punir, quando se fala abertamente da reversão da identiicação do criminoso, agora associado à burguesia, numa época em que Pierre-Joseph Proudhon publicava O que é a propriedade? explicitando o roubo da propriedade capitalista associado às ilegalidades que sustentam a lei com base no direito universal.
Práticas de liberação acontecem, produzem éticas e problematizam a política. Não acolhem formalizações, mas delas se desvencilham. Foucault reparava, nos anos 1970 e 1980, como as práticas de liberação gradativamente se domesticavam sob o regime de direitos com mais direitos, abandonando o que tinham de experimentação inovadora. Em A hermenêutica do sujeito registrou a importância ilosóica e política dos anarquistas, no século XIX, em função da constituição de um sujeito autônomo e livre, inclusive ultrapassando esses limites, dando atenção, ainda que brevemente, a Max Stirner. Mas o que acontece depois dos anos 1980? 
Interesso-me por práticas de liberação e libertação anarquistas problematizando os saudosistas, utópicos e intérpretes ajustados tanto ao anarquismo quanto a Foucault. No presente importa a permanência da inventividade liberadora que não se apartou da anarquia, sua parte viva e que vem sendo arruinada, capturada.Gostaria de enfrentar esse acontecimento no presente por meio de uma conversação sobre uma prática histórica tratada com atualidade por Foucault, conhecida como parrésia (parrhèsía)¹.  Ela é um ato que pretende nada ocultar ao outro que não desconhece o que está sendo dito. A parrésia está no interior do cuidado de si e emerge na época da crise das instituições democráticas. É dizer a verdade como atividade e não somente mais um problema da verdade.
Mas como tratar da parrésia e ser um parresiasta numa era de culto global à democracia e de captura da anarquia? Foucault mostrava em seu curso O nascimento da biopolítica, que a democracia – nesta sociedade que já não era mais só disciplinar e que mais tarde Gilles Deleuze anunciou como sociedade de controle, de intermináveis controles –, ampliava conservadorismos políticos, penalidades e religiosidades. Então, um parresiasta se atualiza ao questionar a democracia não pela sua bula, mas pelo paradoxo que faz conviver crescimento de liberdades com ampliação de assujeitamentos; ao discutir os anarquismos diante de sua incorporação no interior de lutas democráticas.
Um parresiasta problematiza com coragem ao explicitar a fala e o que diz sem usar da retórica. Ele não busca consenso, consentimentos e tampouco pretende usar sensacionismos. Pratica a verdade como atividade, pela fala direta e dizendo o que é perigoso para consigo. Ele sabe que quem fala está numa posição abaixo da de quem ouve. Ele pretende criticar e não demonstrar a verdade. O parresiasta lida com hierarquias e suas respectivas retrações decorrentes de experimentações de liberdade. Reconhece que a verdade se produz pelo confronto entre forças.

O parresiasta é próprio da democracia ateniense e também da anarquia contemporânea. Ele pratica a verdade como obrigação e exige franqueza; escolhe a fala em vez do silêncio; reconhece o risco de morte sobre a segurança; evita a lisonja; faz de sua atitude uma obrigação moral em vez de agir segundo uma conduta relativa ao próprio interesse ou ao aparato moral. No campo ilosóico a parrésia está relacionada com o cuidado de si. A palavra parrésia, que apareceu primeiro na tragédia mais racional de Eurípedes, em latim se transformou em libertas (liberdade de quem fala).
Os guerreiros insurgentes
Os anarquismos não cessam de acontecer. No campo e nas cidades, na produção e na cultura, na vida diária, eles inventam costumes libertários que desintegram hierarquias, abalam a propriedade, corroem os Estados, estraçalham o Indivíduo. A anarquia é uma singularidade que procria grupos de ainidades, organizações, associações com existências muitas vezes breves, outras vigorosas, algumas apenas circunstanciais, e que atua intensiicando os acontecimentos.
O anarquista não se prepara para a revolução. Ele pratica insurreições todos os dias, associando-se aos parceiros e experimentando outros costumes. A associação é o lugar da existência amistosa e conlituosa, estabelecida por pessoas contundentes, livres de regras ixas, constantes e imutáveis. Relaciona-se formando federações, compostas de miríades de associações que atravessam territórios, fronteiras e certezas. Os anarquistas são nômades, máquinas de guerra voltadas para destruir desigualdades, hierarquias e experimentar libertarismos. Eles inventam seus próprios percursos.
A anarquia é o exercício da diferença na igualdade; é a obstrução a modelos, semelhanças, representações e programas. Diante de insistentes sentenças de morte, decretadas por adversários e inimigos, no Brasil e nos continentes, cabe perguntar: até quando sua vital permanência evitará sua captura?
Em poucas palavras, a anarquia foi considerada morta, pela primeira vez, nos desdobramentos da Internacional de Trabalhadores, em 1868, quando Marx pretendeu levar a melhor sobre Bakunin. Começava ali uma batalha sem im entre comunistas e anarquistas. Estava em jogo, de um lado, liderar uma revolução social e cientíica contra o modo de produção capitalista, e de outro lado, uma revolução para dar im ao regime da propriedade. Era o embate entre o regime da propriedade (da propriedade estatal, sob o governo da ditadura do proletariado) por meio de uma teoria do socialismo cientíico e a abolição imediata da propriedade e do Estado, associada às análises políticas no interior do acontecimento. A diferença entre essas duas forças não se reduzia aos meios em relação ao mesmo im como pretendeu justiicar Lênin, no início do século XX, ao comparar as propostas de Marx e Proudhon. Nas palavras da anarquista Emma Goldman, meios autoritários levam a ins autoritários, e meios libertários levam a ins libertários.
A tensa e vigorosa história entre socialistas opõe autoritários e libertários e, às vezes, colocam-nos numa incômoda proximidade. A anarquia considera a revolução um fato possível e não o epicentro da mudança. Para os anarquistas, as liberações de costumes no amor, na educação, na arte, no aprendizado, nas comemorações festivas, antecedem e acompanham a revolução como fato libertador. Diferencia-se da visão socialista autoritária disciplinadora, rígida e hierárquica, dirigida por uma vanguarda com plenos poderes para planejar a revolução, determinar seu início, governar o Estado e estatizar a propriedade.
Desde a segunda metade do século XIX, os insatisfeitos, iracundos e convictos trabalhadores, sob o regime da dominação e da exploração, experimentaram itinerários autoritários e percursos libertários de socialismo. O massacre da libertária Comuna de Paris pelas forças da ordem, em 1871, levou o proletariado europeu a inclinar-se para a luta socialista sob a direção partidária social-democrata. Com isso, a anarquia como movimento social se retraiu, para reaparecer transbordante no noticiário policial e social, no inal do século, com as ações terroristas de jovens rebeldes, na França e na Itália, levando adiante a mobilização anarquista 
de propaganda pela ação, que implicava confronto armado e ocupação de propriedades e agências governamentais(2).  Esses acontecimentos radicais propiciaram o fortalecimento das propostas sindicalistas revolucionárias que redimensionaram e revigoraram a anarquia, mobilizando para lutas imediatas e criando associações cada vez mais solidárias. No final daquele século, o sindicato passou a ser para os anarquistas um meio para a revolução, distinguindo os anarcossindicalistas dos demais sindicalistas revolucionários, para quem o sindicato era meio e fim.
A hora e a vez
Nunca é demais relembrar que o inal da Guerra Civil Espanhola – quando os anarquistas foram massacrados pelas forças fascistas das falanges de Franco e pelo socialismo autoritário soviético –, é considerado o marco 
internacional derradeiro da existência do anarquismo como movimento social³.  Todavia, a anarquia não é um movimento linear. Sua singularidade está em produzir diversos anarquismos e não ser apanhada por um modelo. É composta por uma miríade diferenciada de associações que começam com as pessoas livres, e ultrapassam impérios aristocráticos, capitalistas e socialistas. Enfrenta diretamente ou contorna circunstâncias históricas desfavoráveis, aparecendo ora como criação de anarquistas, ora de libertários(4). Por isso mesmo, em seu interior coexistem diversos anarquismos (individualista, mutualista, coletivista, verde, comunista libertário, anarcossindicalista, naturista, ecologista social, feminista, anarcopunk...).
Os desdobramentos posteriores à tragédia espanhola, segundo historiadores como George Woodcock e James Joll, sociólogos como Hans Magnus Enzensberger ou mesmo estudiosos anarquistas como Daniel Guérin(5),  sinalizaram deslocamentos significativos nos anarquismos. Se alguns, como Joll e Woodcock, abreviaram o im dos anarquismos como força social e política, também não deixaram de notar que desde os anos 1940, com a publicação inglesa Freedom, aumentava entre os trabalhadores intelectuais o interesse pela anarquia, fato que se tornará marcante depois de Maio de 1968. A vida produtiva se deslocava do domínio industrial e disciplinar em que a minoria no trabalho intelectual administrava a maioria no trabalho manual, para o controle computo-informacional e de informação sustentado no trabalho intelectual. Essa reviravolta indicava que as resistências libertárias tenderiam a se deslocar dos contraposicionamentos para os contraluxos.
As rebeldias dos anos 1960 explicitaram a mudança e propuseram outras ações. Na Europa e nos Estados Unidos questionaram o capitalismo, o consumismo, a guerra e a autoridade centralizada; na Europa Oriental e 
Ocidental, em especial, contestaram o socialismo soviético. Capitalismo e socialismo, democracia e totalitarismos, sociedade de mercado e sociedade planejada, enim, as dicotomias e a Guerra Fria estavam em xeque. 
No Brasil, jovens inopinados e mobilizadores proissionais enfrentavam a ditadura militar, quando o restante da América Latina mal podia imaginar que, em poucos anos, e sob a inluência estadunidense, o continente estaria governado pelos tiranos. Ao mesmo tempo, o socialismo chinês, com sua visão terceiro-mundista, era saudado pelos jovens europeus e latino-americanos como a grande rebeldia contra o domínio soviético. Na mesma América Latina, exaltava-se a ditadura do proletariado derivada da revolução cubana e lamentava-se a disseminação das ditaduras militares fomentadoras de mais um ciclo estatal-autoritário para as duas décadas seguintes. Perante tantos paradoxos, os saberes e as práticas eram convulsionados, a autoridade central instituída abalada e as utopias igualitárias e libertárias se propagavam. Emergia revigorada a prática anarquista, transformando costumes (sexo livre, mulheres livres, uso livre de drogas), liberando universidades de seus catedráticos questionando escolas como centros de obediência compulsória, combatendo o monopólio privado e estatal de meios de comunicação com diversiicação de meios de informação livres, indicando as destruições do meio ambiente, fortalecendo a luta contra racismos e preconceitos, apartando-se de partidos e sindicatos velhacos e burocratizados, airmando possibilidades de associações múltiplas voltadas para a existência libertária e estabelecendo conversações com demais práticas liberadoras.

De fato, o que se passou com comunistas e anarquistas e suas maneiras de atuar na primeira metade do século XX, expressou o im da predominância da sociedade disciplinar e de suas maneiras de resistir por contraposicionamentos. Na atual sociedade de controle(6),  os comunistas de múltiplas procedências oscilam entre posicionar-se compondo com regimes democratas ou ditaduras do proletariado e contraposicionar-se habitando contestações reformistas como o Movimento Antiglobalização e o Fórum Social Mundial. Os anarquistas, por sua vez, visando a abolição do Estado e da propriedade, foram pertinentes, minoritários e inluentes, principalmente durante o acontecimento 1968 e posteriores prolongamentos, atuando nos luxos planetários da vida computo-informatizada, por vezes ultrapassando a vivência por contraposicionamentos, e outras tantas correndo o risco de soçobrar, assemelhando-se às demais resistências.
Nomadismo anarquista
Os anarquismos são descontínuos. Seus reaparecimentos recentes advêm do processo político de distensão apressado por uma geração rebelde que experimentou potências de liberdades. Essa descontinuidade atingiu 
estudantes e também jovens editores, intelectuais e professores. Fez da universidade uma das novidades na anarquia. O que fora razoavelmente aceito desde Proudhon, e criticado por Bakunin e Kropotkin, agora se tornava presente como expressão da mudança das relações de trabalho em âmbito planetário na sociedade de controle, e não mais apenas como lugar de conhecimento e preparação para o trabalho e a vida obediente como exigia a sociedade disciplinar. A universidade se atualizou não mais como formadora de elite governamental ou vanguarda revolucionária, mas como parte constitutiva da exigência na formação do trabalhador intelectual para a economia computo-informatizada e, por conseguinte, foi atravessada pela anarquia. Dessa maneira, abriu-se, também, um luxo de captura. O modo mais imediato foi imobilizando-a academicamente por meio de sua autoridade cientíica, traçando dois itinerários. O primeiro, já conhecido por 
nós, fomentando estudos e pesquisas sobre os primórdios da classe operária; o segundo, mais recente, incorporando seletivamente o anarquismo como força política identiicada com o passado do movimento social.
O anarquismo é uma prática nômade, no dizer de Gilles Deleuze, para quem o proletário, segundo a conquista e a transformação do aparelho de Estado, “representa o ponto de vista de uma força de trabalho, mas enquanto quer ou quereria uma destruição do Estado, representa o ponto de vista de uma força de nomadização”(7).  A anarquia não habita um território, inventa percursos e distribui as pessoas num espaço aberto. Como o nômade, o anarquista sabe esperar, é paciente e se “reterritorializa na própria desterritorialização”(8).  O seu espaço é localizado, mas não delimitado, e é onde acontece uma máquina de guerra diante de um Estado. A Anarquia não é, enfim, o oposto de Estado, mas se encontra na luta em que ocorre a pertinência de ambos. Daqui decorrem as importantes e generosas anotações deleuzianas legadas aos libertários e à desmedida dos anarquismos.
Os escritos de Foucault sobre a ética remetem o pesquisador para a atualidade dos cuidados de si, a estética da existência, compondo um espaço de relações agonísticas de poder e liberdade, de lutas contra assujeitamentos. Remete a heterotopias(9),  espaços dessacralizados onde se realizam imediatamente as utopias. Com isso nos leva a invadir, rever e ampliar a ética de Kropotkin(10),  ao problematizar não só as relações de afinidades entre os anarquistas e a autonomia do sujeito, mas também o afastamento de universais e possíveis uniformidades, desvencilhando-se do risco do pluralismo próprio dos liberais. Os escritos de Foucault, desde as análises genealógicas, provocam o deslocamento da existência para a fronteira, levando ao desaparecimento do limite entre posicionamentos e contraposicionamentos, o que implica dar forma à impaciente liberdade. 
Ao articular associações em mudanças constantes, independentemente da revolução planetária, pode-se, então, falar de anarquismo como heterotopia(11).  Dar forma à liberdade é um ensaio da existência, problematização do mundo em que vivemos e atuação nos jogos da verdade – em que se joga com regras para a produção de verdade, como jogos de poder(12)  – convulsionando normas voltadas para a consagração da verdade verdadeira, provocando ruídos e outras maneiras de viver. O ensaio, portanto, não se restringe a uma mera atividade intelectual; é uma invenção de percursos e um método de demolição. O ensaísta é um nômade que arruína itinerários. Seus mapas procriam cartografias de problematizações, intermináveis relações de resistências e não buscam instantes heróicos. Ele quer a vida livre de absolutos(13).
Da captura dos anarquismos
Se a captura do operariado contundente aconteceu pelo vaivém das ditaduras até o preponderante conformismo atual, as pesquisas sobre a história política dos anarquismos caminharam em sentido oposto. Ancoradas nas inaugurais pesquisas de Edgar Rodrigues,  na crítica contundente à historiografia marxista e liberal tardia, elas tomaram novos rumos, muitas vezes relacionados às sugestões de Deleuze e Foucault(15),  quando a universidade passou também a ser o local de recrutamento, militância, estudos e resistências libertárias.
Na sociedade de controle e comunicação permanentes, sob o regime neoliberal, as liberações entraram em contração, simultaneamente à expansão dos luxos de inclusão. Esse é o seu momento conservador, no qual se convoca trabalhadores e cidadãos a participar em programas (computacionais, sociais, partidários, universitários, televisivos, recreativos...), esperando que eles acatem e ampliem protocolos, conigurando uma conduta diplomática. Trata-se de um momento em que a participação democrática ica assentada em pletora de direitos, dentre os quais sobressaem os multiculturalistas, e que propicia a organização da inclusão por meio de elites minoritárias (mulheres, gays, negros, jovens ...) conformadas às periferias das metrópoles. Mais do que isso, o funcionamento do controle da inclusão por elites minoritárias requer uma crescente penalização, compondo um luxo que vai das penas alternativas à supermax (prisões de controle ininterrupto)(16).  Estamos numa época em que se espera obter a satisfação pelo emprego, em oposição à época anterior, expressa pelo acontecimento Maio de 1968, quando se viveu o sonho de mudar o mundo.
As liberações entraram em baixa. Desaio maior aos anarquistas, pois os demais socialistas, rapidamente, se travestiram de democratas e administraram seus programas, aguardando a melhor ocasião para ampliar suas inluências. Com isso não está mais em questão, pelo menos da parte deles, decretar a morte dos anarquismos. Agora, importa tanto aos adversários quanto aos inimigos a captura institucional, por inclusão, dos anarquismos. Foi assim, aos poucos, e evidentemente durante o Movimento Antiglobalização e o Fórum Social Mundial, que socialistas autoritários e democráticos aproximaram-se de anarquistas enraizados nas práticas herdeiras do século XIX e início do XX, dentro e fora de universidades, para juntos circunscreverem seus protestos.
Bakunin considerava a atitude rebelde como decisiva na história da humanidade por mobilizar para a realização simultânea da justiça e da liberdade(17).  Acompanhava as reflexões instauradoras de Proudhon, para quem o resultado parcial dos embates entre as forças sociais envolvidas em cada fato é que faz a história ser mais livre ou autoritária. Não somos, enim, governados por idéias, mas por efeitos de lutas. O anarquista só é o combatente das grandes e pequenas desigualdades, e das imediatas e transcendentais hierarquias(18),  quando permanece rebelde.
Na atualidade, ecoa certa retórica calcada na repetição das palavras de Bakunin. A rebeldia exige mais do que se mover pelas ruas e infovias fomentando passeatas e polêmicas com a ordem, propagando os ideais 
libertários, pois em pouquíssimo tempo esses anarquistas da ocasião, combinados com tradicionais anarquistas enraizados, acabam empregados ou conservam-se embolorados repetindo palavras de um ou outro rebelde de outrora. Cabe ao anarquista de agora, onde estiver trabalhando ou sob efeitos do desemprego, atiçar a rebeldia, provocar espanto e inventar uma nova associação, pois um anarquista não subordina sua espontaneidade em nome de valores superiores de quem quer que seja. Ele vive da sua rebeldia, e isso nenhuma teoria é capaz de criar ou dirigir.
O risco de morte diante da certeza da obediência foi, é e será um acontecimento inevitável. As rebeldias escapam, burlam, habitam e muitas vezes são inimigas das revoluções. Dizer que a revolução acolhe a insurreição é restringi-la ao interior de uma história racional e controlável. Ao contrário, a insurgência é um fato e introduz a subjetividade na história(19).  
O ano de 1968 liberou as forças inventivas e foi libertário ao propiciar novas associações, estilos de vida, rompimentos deinitivos com a velhacaria sindical, partidária, burocrática, moralista, universitária, consumista e estadista. Os anarquismos estavam vivos, menos como resistências e mais como forças ativas inventivas, provocando reviravoltas e combatendo as forças reativas. Mas o reluxo conservador veio avassalador, sustentado em sua medida para todas as coisas: a democracia. O Estado fascista precisava de democracia, o 
socialismo necessitava ser democrático, a social-democracia mais democrática e aberta para o mercado, a democracia estadunidense mais democrática, contemplando múltiplos direitos e culturas: somente democracia, não mais rebeldias; apenas inclusões democráticas via ampliação de pletora de direitos. O neoliberalismo respondeu, no limite, ao medo liberal, democrata, socialdemocrata e socialista. Formulou o acordo democrático por meio de um luxo conservador e pluralista: incluir para obstruir singularidades!
A outra globalização
Os anarquistas chegaram a essas arregimentações globais do início do século XXI, misturados a marxistas renovados pelas atuais reflexões de Antonio Negri e Michael Hardt, que se aproveitaram, pelo outro lado, das reflexões de Foucault e Deleuze para acomodarem uma nova revolução molar jamais pensada por aqueles filósofos, agora com peril democrático, contra o Império. Menos inspirados, anarquistas orientados pelas bravatas de Noam Chomsky vieram somar aos contestadores in totum dos Estados Unidos e, menos sutis que os seguidores de Hardt & Negri, entraram em confrontos compondo com as vicissitudes do próprio Estado. Fragmentaram-se em manifestantes inopinados inventores de associações, mas também em militantes de week-end em favelas e periferias, desenvolvendo programas de subsistência alternativos com o nome de autogestão e não menos que organizadores de ONGs independentes. Em grande parte desconheceram ou esvaziaram os efeitos das TAZ (zonas autônomas temporárias) e aderiram também ao requentado anarquismo acadêmico estadunidense de David Graeber(20)  e de coletivos autodenominados antiautoritários como Another World is Possible e o Peoples Global Action.
A captura funcionou por meio do afastamento da anarquia das relações de trabalho, da adesão ao exercício social-filantrópico, do crescimento do recrutamento de militantes enraizados e por meio de organizações eletrônicas alternativas. A anarquia está sendo governamentalizada. Assim, esses anarquistas funcionaram em eventos mundiais como massa imaginando ser uma multidão(21),  sustentando uma duvidosa retórica em defesa de outra globalização como recuo estratégico. Numa era conservadora, uma parte dos anarquismos, no Brasil ou nos Estados Unidos, também se tornou conservadora. E mesmo berrando o contrário, uma parte dos combalidos anarquismos brasileiros seguiu as orientações estadunidenses. Emerge um quase caudaloso luxo que pretende eternizar o anarcossindicalismo(22),  as palavras de Kropotkin, o jeito de lutar de Bakunin, a agitação de Malatesta, a análise de Proudhon. Perdidos nas infovias, marxistas e anarquistas parecem andar juntos. Ao lado de Hardt & Negri, que compõem S. Francisco de Assis, com Lênin e Madison, os anarquistas, à sua maneira, gloriicam S. Makhno, S. Bakunin... Adeus, rebeldias! Mais uma vez a diferença entre eles não foi de meios, ainda que muitos anarquistas tenham passado a acreditar nisso.
Lembrando os desdobramentos de 1968, a experimentação e o risco fazem os libertários mostrarem aos burocratas organizadores dos trabalhadores, estudantes e desavisados, que a idéia de organização está falida, 
enfraquecida ou torpe. O alvo, então, deixa de ser a reforma da sociedade, mas deixá-la morrer. Os grandes da anarquia do século XIX e do início do XX ganham atualidade quando anarquizados por Max Stirner, Gilles Deleuze, Michel Foucault, liberando a anarquia de idealizações e de capturas, reinventando os anarquismos como máquinas de guerra.
Inventar a vida é mais do que resistir aos efeitos de dominação e contrapropor maneiras de ultrapassar a exploração e a dominação. É preciso recusar o soberano sobre si e promover a vida libertária por miríades de associações. Restrita ao movimento social, a anarquia estará reduzida à posição de resistente, a compor um luxo alternativo, a reescrever uma polêmica com o Estado e à economia atual; quem sabe até assujeitada ao marxismo ou mesmo a uma contra-ordem organizativa interna que julgue o que é anarquismo e o que não é, segundo um modelo, uma doutrina. Limitado ao movimento social o anarquismo é somente utopia de revolução, risco de restauração de um soberano, iminência do terror. O parresiasta não desaparece, atinge.
NOTAS:
1  FOUCAULT, Michel. Coraje y verdad (Fearless Speech, Semiotext (e) Inc. 2001). In. ABRAHAM, Tomás. El último Foucault. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2003. p. 263-406.

2  AVELINO, Nildo. Anarquias, ilegalismos, terrorismos. In: PASSETTI, Edson; OLIVEIRA, Salete. Terrorismos. São Paulo: Educ, 2006, p. 125-138. AUGUSTO, Acácio. Terrorismo anarquista e a luta contra as prisões. Idem, p. 139-149; DEGENSZAJN, André. Terrorismos e invulnerabilidades. Idem, p. 163-175; Edson Passetti. Terrorismos, demônios e insurgências. Idem, p. 95-121.
3 No inal da II Guerra Mundial, conservadores articularam uma nova crítica radical ao socialismo, ampliando as formuladas pela escola austríaca, liderada por Ludwig Von Mises. Criaram uma nova versão liberal da sociedade de mercado chamada anarcocapitalismo e muitos deles passaram a se chamar libertários. Seu principal mentor intelectual foi Murray Rothbard, que redigiu, em 1973, For a new liberty – The libertarian manifesto (Disponível em: http://www.mises.org/rothbard/newliberty.asp. Esse talvez tenha sido o primeiro movimento de captura do anarquismo na sociedade de controle, quando não se pretende mais o confronto, mas imobilizar, levar ao esquecimento e apropriar-se de conceitos sob conteúdos conservadores.
4 Libertário entre os anarquistas, procede da utilização por Sébastien Faure da palavra criada por Joseph Déjacque, em 1858, para dar título ao periódico “Le Libertaire”, no inal do século XIX, durante o período em que a anarquia e os anarquismos estiveram de modo proposital associados com desordem e terrorismo.
5 WOODCOCK, George. Anarchism, a history of libertarian ideas and movements. Londres: Penguin Books, 1986; JOLL, James. Anarquistas e anarquismos. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1970; ENZENSBERGER, Hans Magnus. O curto verão da Anarquia: Buenaventura Durruti e a Guerra Civil Espanhola. São Paulo: Companhia das Letras, 1987; GUÉRIN, Daniel. El anarquismo: de la doctrina a la acción. Buenos Aires/Montevidéu: Editorial Altamira/Editorial Nordan-Comunindad, 1975. 

6 Considera-se como sociedade disciplinar aquela de controles descontínuos sobre espaços delimitados, procurando extrair o máximo de energias econômicas do corpo e reduzindo ao mínimo as energias políticas. (Cf. FOUCAULT, Michel. A vontade de saber. Rio de Janeiro: Graal, 1977). A sociedade de controle, que aparece após a II Guerra Mundial, tem por base a comunicação instantânea e o controle contínuo (Cf. DELEUZE, Gilles. Conversações. São Paulo: 34 Letras, 1991). Sobre sociedade de controle e anarquismos, Passetti (PASSETTI, Edson. Anarquismos e sociedade de controle. São Paulo: Cortez, 2003), mostra a relação entre a passagem da biopolítica para a ecopolítica em que o centro do investimento deixa de estar no corpo da espécie e passa a se concentrar no planeta. Trata-se de um acontecimento em que se busca extrair e ampliar as forças econômicas inteligentes em programas democráticos. Não se investe mais em destruir ou minimizar resistências, mas em capturá-las e incluí-las, por meio da convocação à participação.

7 DELEUZE, Gilles. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia, São Paulo: 34 Letras, 1997, v. 5, p. 59.

8 DELEUZE, 1997, p. 59. 
9 FOUCAULT, Michel. Outros espaços. In: MOTTA, Manoel da (Org.). Estética: literatura e pintura, música e cinema. Michel Foucault Ditos e Escritos III. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2001, p. 411-422.
10 KROPOTKIN, Piotr. Ética [1924]. Tradução do russo de Nicolas Tasin. Buenos Aires: Editorial Argonauta, 1925.
11 Entre os diversos princípios que orientam Foucault a mostrar as variadas heterotopias, poderíamos acrescentar o dos lugares das realizações anarquistas, sempre em aberto e se redimensionando, chamando-o de heterotopia de invenção. Cf. PASSETTI, Edson. Vivendo e revirando-se: heterotopias libertárias na sociedade de controle. Verve, São Paulo: Nu-Sol, 2003, v. 4, p. 32-55; Heterotopias anarquistas. Verve, 2002, v. 2, p. 141-173; Heterotopia, anarquismo e pirataria. In: RAGO, Margareth; VEIGA-NETO, Alfredo (Orgs.). Figuras de Foucault, Belo Horizonte: Autêntica, 2006, p. 109-118. Sobre a aproximação da Anarquia à ilosoia de Foucault, consultar Wilhelm Schmitt, Salvo Vaccaro e Todd May, na Revista Margem (São Paulo: Faculdade de Ciências Sociais PUC-SP, 1992), Saul Newman, na Revista Verve, (Nu-Sol: São Paulo, v. 7, 8 e 9), Margareth Rago (Foucault, história e anarquismo. Rio de Janeiro: Achiamé, 2004; Entre a 
história e a liberdade. São Paulo: Unesp, 2001) e Edson Passetti (Éticas dos amigos. Invenções libertárias da vida. São Paulo: Imaginário, 2003).

12 FOUCAULT, Foucault, L’éthique du souci de soi comme pratique de la liberté. In. DEFERT, Daniel; EWALD, François (Orgs.). Dits et écrits, Paris, Gallimard, v. IV, 1994. p. 708-729. 
13 Desde o anarquismo de Proudhon é impossível airmar a sociedade sem poder. Atento às implicações decorrentes das revoluções e da airmação do absoluto, por meio de sua análise serial procurou mostrar a impossibilidade de uma sociedade sem poder, até mesmo a anarquista. Foi um inventor de percursos, evitando o fácil itinerário revolucionário proclamado por parte dos anarquismos que lhe seguiram. PROUDHON, Pierre-Joseph. De la capacité politique des classes ouvrières. Paris: Marcel Rivière, 1924.
14 RODRIGUES, Edgar. Os libertários. Rio de Janeiro: VJR-Editores Associados, 1993; O anarquismo no banco dos réus (1969-1972). Rio de Janeiro: VJR-Editores Associados, 1993; Entre ditaduras (1948-1962). Rio de Janeiro: Achiamé, 1993; Os companheiros. Florianópolis: Insular, 1997, 5 v.
15 PASSETTI, Edson; RESENDE, Paulo. Proudhon. São Paulo: Ática, 1986. (Coleção Grandes Cientistas Sociais. v. 56). RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; BORGES, Paulo Eduardo. Jaime Cubero e o movimento anarquista em São Paulo (1945-1954), 1996, Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 1996; GALLO, Sílvio. Anarquismo:uma introdução ilosóica e política. Rio de Janeiro: Achiamé, 1998. MASCIMENTO, Rogério H. Z. Florentino de Carvalho: pensamento social de um anarquista. Rio de Janeiro: Achiamé, 2000; PARRA, Lucia Silva. Combates pela liberdade, o movimento anarquista sob a vigilância do Deops-SP (1924-1945). São Paulo: Arquivo do Estado/Imprensa Oicial do Estado de São Paulo, 2003; PASSETTI, Edson. Anarquismo, amizade e sociabilidade libertária. Florianópolis: Anais do XX Simpósio Nacional da ANPUH: História-Fronteiras, v. 1, 1998 p. 117-125. RAGO, Margareth. Entre a história e a liberdade: Luce Fabbri e o anarquismo contemporâneo. São Paulo: UNESP, 2001. ROMANI, Carlo. Oresti Ristori: uma aventura anarquista. São Paulo: Annablume/FAPESP, 2002. SAMIS, Alexandre. Clevelândia: anarquismo, sindicalismo e repressão política no Brasil. São Paulo/Rio de Janeiro: Imaginário/Achiamé, 2002. Sobre a escola moderna e a pedagogia libertária no Brasil, consultar: GALLO, Sílvio. Educação Anarquista: um paradigma para hoje. Piracicaba: Editora UNIMEP, 1995; GALLO, Sílvio. Pedagogia do Risco: experiências anarquistas em educação. Campinas: Papirus, 1995; SIEBERT, Raquel Stela de Sá et alli. Educação libertária: textos de um seminário. Rio de Janeiro, Florianópolis:Achiamé/Movimento – Centro de Cultura e Autoformação, 1996; CORRÊA, Guilherme Carlos et alli. Pedagogia libertária: experiências hoje. São Paulo: Imaginário, 2000. Sobre o anticlericalismo, ver VALADARES, Eduardo. Anarquismo e anticlericalismo. São Paulo: Nu-Sol, Imaginário, Soma, 2000. AZEVEDO, Raquel. A resistência anarquista. Uma questão de identidade (1927-1937). São Paulo: Arquivo do Estado/Imprensa Oicial do Estado de São Paulo, 2002. AVELINO, Nildo. Anarquistas. Ética e antologia de existências. Rio e Janeiro: Achiamé, 2004. CORRÊA, Guilherme. Educação, comunicação, Anarquia: procedências da sociedade de controle no Brasil, São Paulo: Cortez, 2006.
16 Cf. http://www.supermaxed.com.



17 BAKUNIN, Mikhail. Deus e o Estado. São Paulo: Nu-Sol/Imaginário/Soma, 1999.
18 PROUDHON, Pierre-Joseph. De la création de l’ordre dans l’humanité. Paris: Marcel Rivière, 1927.
19 FOUCAULT, Michel. É inútil revoltar-se? (1979). In: MOTTA, Manoel Barros da (Org.). Michel Foucault. Ética, sexualidade, política. Coleção Ditos e Escritos V. Tradução: Elisa Monteiro e Inês A. D. Barbosa. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004, p. 77-81. 

20 GRAEBER, David. Fragments of an anarchist anthropology. Chicago: Prickly Paradigm Press, 2004.

21 Para uma profícua conversação sobre uma procedência do conceito de multidão, considerar a noção de massa aberta elaborada por Elias Canetti (Cf. Massa e poder. Tradução de Sérgio Tellaroli. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.), pela qual é possível captar a emergência da responsabilidade e da dignidade em cada um em benefício do bem-comum.
22 Ver Actualité de l’Anarco-syndicalismo (2003), em http://cnt-ait.info/article.php3?id_article=603 e Bases de Acordo, Núcleo pró FOSP (Federação Operária de São Paulo) COB (Confederação Operária Brasileira) em http://fosp.cob-ait.revolt.org/.

3 comentários:

  1. Boa noite, com licença, estava eu coletanto materias para pensar além da reverberação dessa sociedade hipermoderna e propriamente capitalistica, que então decide entrar nessa fonte de pensar, que és o seu blogger Maria Luiza, e me deparei com este interessante texto.
    Se me permite, gostaria de fazer uma costura vertical, incluindo Derrida.
    O pensamento "rebelde", de Foucault, Deleuze e Derrida, frente a crise da contemporaneidade. trazem a luz as seguintes provocações: "hoje nós nos sentimos indivíduos adestrados?; em que medida vivemos numa sociedade disciplinar? ou numa sociedade de contole. no texto é explicitado que foucault percebe o nascimento do "biopolítica" a partir da captura do anarquismo e também da constrição do sujeito que pratica a parrésia ( sujeito que tem uma fala arrojada), ou seja ela não oculta, não omite e não desliza no mercantilismo global e democratizado. Vou interpretar da seguinte maneira: é uma fala responsável, que vêm para reverberar além das verdades de exceção.
    Gostaria de usar uma citação de Deleuze em sua obra Diálagos, que explicita esse marco da sociedade de controle.... Diz Deleuze: " a passagem da familia à rede, substituição do estatuto ao contrato, descoberta de uma ordem propriamente psicanalítica, aliança com a linguistica, marcam essa ambição de participar do controle, dos agenciamentos de desejo e da enunciação, ou até mesmo de conquistar um lugar dominante nesse controle.
    Bom, sejamos algo transformado, é claro que referenciar-se a parrésia e vislumbrar uma vicissitude responsável e ética, sem falar que esteticamente é um modo de agenciar o devir homem...
    Bom era isso que tinha a dizer, obrigado pelo espaço.

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  2. Maria Luiza, se tu me permite gostaria de sugerir um fala muito interessante da filósofa Marilena Chauí e Olgária Matos sobre espaço e mundo virtual( a contração do tempo e o espaço de espatáculo).
    Uma fala poética, linda, harmoniosa de uma sensibilidade estética, sem falar que Marilena é um sujeito encantador!!!, apaixonante, eu tenho este vídio, ou vc pode capturar no café filosófico, um beijão..

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  3. olá, gustavo!
    você é sempre muito bem vindo por estas bandas... aliás, a casa é sua!
    passei alguns dias descansando e festando com algumas das pessoas que me são mais caras... ontem já retomei a rotina de trabalho e hoje estou retomando as leituras cotidianas, já que, dediquei-me, por alguns dias, somente à boa e afiada literatura da contação de histórias, da oralidade exacerbada pelos assuntos sem fim das mil e uma noites!
    abraço, com carinho e logo comento com mais afinco a sua contribuição!

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