quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Fernando Bezerra (PSB-PE)

Conheça breve histórico dos senadores que aprovaram o impedimento de Dilma Rousseff, publicados na edição 230 de Caros Amigos
O senador de Pernambuco responde a quatro inquéritos. Fernando Bezerra foi citado na delação de Paulo Roberto Costa na Lava Jato por ter recebido R$ 20 milhões na época em que ele era secretário do então governador Eduardo Campos.

Zezé Perrella (PTB-MG)

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Em 2015, o Ministério Público de Minas Gerais entrou com ação por improbidade administrativa contra o senador Zezé Perrella por enriquecimento ilícito e lesão ao tesouro entre os anos de 2007 e 2010, quando exercia o mandato de deputado estadual. Perrella teria recebido cerca de R$ 1,3 milhão por gastos que não tiveram relação com a atividade parlamentar. Entre 2005 e 2009, o parlamentar era filiado ao PSDB. Seu nome, porém, passará à história no caso do helicóptero apreendido com 445 quilos de pasta base de cocaína na cidade de Afonso Claudio, região serrana do Espírito Santo. A aeronave pertence à empresa Limeira Agropecuária, que tem como um dos donos o deputado mineiro Gustavo Perrella (Solidariedade-MG), filho do senador. Até o momento, a família está livre de envolvimento e se diz vítima de “apropriação indébita” pelo piloto, que responde por tráfico internacional. Contra Gustavo, o processo foi arquivado por falta de provas, sobrando para os dois pilotos e outros dois ajudantes que estavam em terra. O processo corre no Espírito Santo.

Magno Pereira Malta (PR-ES)

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Senador eleito pelo antigo PL (Partido Liberal) e atual PR (Partido da República), formado em teologia, é pastor e cantor evangélico e faz parte da Bancada Evangélica do Senado. Em 2006, Malta foi citado no relatório da CPMI da operação Sanguessugas entre os políticos que desviaram recursos públicos destinados à compra de ambulâncias no Ministério da Saúde, o caso conhecido como a

Máfia das Sanguessugas, cujos esquemas, apontou também a investigação da PF, começaram na gestão de José Serra, no início dos anos 2000. Acabou absolvido na Comissão de Ética do Senado que seguiu o parecer do relator Demóstenes Torres, que orientava arquivamento por falta de provas. O senador também foi investigado no escândalo dos “atos secretos”, entre 1995 e 2009, quando teria se beneficiado do esquema de nomeações ilegais de funcionários para cargos de confiança.

Marcelo Crivella (PRB-RJ)

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O Ministério Público Federal (MPF) abriu investigação para apurar indícios de corrupção no Ministério da Pesca e Aquicultura na gestão do agora senador Marcelo Crivella, entre 2012 e 2014. A suspeita era de que falsos pescadores e pescadores fantasmas estavam recebendo benefício do seguro-defeso, conhecido como Bolsa Pesca, pago durante o período anual de proibição da pesca. O MPF chegou a instaurar 25 ações judiciais e 86 investigações para apurar irregularidades na pasta. Cerca de 30 mil parcelas, segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), foram pagas irregularmente entre 2012 e 2013 a pessoas com outro emprego formal, a quem já recebia outros benefícios previdenciários e a pessoas mortas. Um prejuízo de cerca de R$ 20 milhões, segundo o TCU.

Benedito Lira (PP-AL)

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Também citado na Lava Jato por Paulo Roberto Costa, Lira teria recebido R$ 1 milhão de ajuda para a campanha eleitoral. GLADSON CAMELI (PP-AC) Além de Gladson Cameli ser um dos parlamentares do PP relacionados à Lava Jato e incluído nas investigações abertas em março de 2015 pelo STF contra 49 pessoas, 47 delas políticos, ele também responde a um processo por dirigir bêbado.

Ciro Nogueira (PP-PI)

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Em depoimento prestado no final de junho no âmbito das investigações da Operação Lava Jato, o ex-diretor de refino e abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que o senador Ciro Nogueira, atual presidente do PP, e o ex-ministro das Cidades, Mário Negromonte, eram os dois responsáveis pela divisão da propina destinada a políticos do partido. Ciro Nogueira também foi citado pelo presidente da UTC, Ricardo Pessoa, em delação premiada, quando o empresário afirmou ter pago R$ 2 milhões em propina a Nogueira. O PP é o partido com o maior número de citados na Lava Jato.

Ronaldo Caiado (GO)

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 Em março de 2015, o ex-Senador Demóstenes Torres publicou um bombástico artigo na imprensa goiana, no qual acusa o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, de ter sido financiado pelo contraventor Carlos Cachoeira nas campanhas que disputou à Câmara Federal nos anos de 2002, 2006 e 2010. No artigo, amplamente divulgado pela imprensa, Demóstenes diz: “Ronaldo fazia, sim, parte da rede de amigos de Carlos Cachoeira, era, inclusive, médico de seu filho. Mas não era só de amizade que se nutria Ronaldo Caiado, peguem as contas de seus gastos gráficos, aéreos e de pessoal, notadamente nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, que qualquer um verá as impressões digitais do anjo caído (Cachoeira). Siga o dinheiro”, afirmou Demóstenes. Cachoeira foi denunciado por tráfico de influência e negociava propinas para arrecadar fundos para disputas eleitorais. O bicheiro foi preso em 2012 em operação da PF que desbaratou esquema de adulteração de máquinas caça-níquel.

José Agripino Maia (RN)

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Conhecido moralista da oposição antipetista, o presidente nacional do Democratas, José Agripino Maia, foi citado em delação premiada feita por George Olímpio, empresário local, que o acusou de cobrar R$1 milhão para permitir um esquema de corrupção no serviço de inspeção veicular do Estado. Em março de 2015, o STF aceitou abrir um inquérito contra Agripino para esta caso, após pedido encaminhado pela PGR. O processo, que corre em segredo, foi aberto pela ministra Carmem Lúcia. Ainda em 2015, em outubro, a PGR enviou ao STF pedido para investigá-lo por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O senador é suspeito de combinar o recebimento de propina com executivos da construtora OAS com valores desviados das obras de Arena das Dunas, estádio no Rio Grande do Norte que sediou quatro jogos da Copa do Mundo de 2014. Em abril desse ano, o STF determinou a quebra de sigilo fiscal e bancário de Agripino Maia e do filho dele, o deputado Felipe Maia, de catorze empresas e de outros investigados.

Davi Alcolumbre (AP)

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Foi vereador em Macapá de 2001 a 2003 quando ainda era filiado ao PDT. Em 2002 foi eleito deputado federal pelo estado do Amapá, sendo reeleito em 2006 e 2010. Eleito senador em 2014 pelo DEM. Em outubro de 2015, foi denunciado pelo PMDB, PDT e PP, que afirmam que o senador recebeu cerca de R$ 300 mil de forma ilegal de empresas envolvidas com a Lava Jato. Davi enfrenta acusação e suspeita de caixa dois na campanha de 2014, e abuso do poder econômico. Os partidos entraram com uma representação, a de nº 2234-74.2014.603.0000, na Procuradoria Geral da República (PGR), denunciando que ele teria recebido R$ 100 mil da empresa Odebrecht e R$ 200 mil da CR Almeida. A campanha de Davi ao Senado também recebeu financiamento dos bancos Bradesco, R$ 250 mil, e Itaú, R$ 125 mil.

Ricardo Ferraço (ES)

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Eleito pelo PMDB do Espírito Santo, Ricardo Ferraço filiou-se ao PSDB em janeiro deste ano. O senador, que em 2013 era presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), participou ativamente da operação de fuga do ex-senador boliviano Roger Pinto Molina, em 2013, conhecido opositor de Evo Morales, um imbróglio diplomático e irregular. Então governador de Pando, Molina tornou-se fugitivo da Justiça boliviana, acusado de desvio de quase US$ 2 milhões e de envolvimento em massacre de camponeses conhecido como Massacre de Porvenir, de 2008, no qual vinte indígenas-camponeses foram assassinados e outros trinta ficaram desaparecidos.

Paulo Bauer (SC)

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O senador catarinense escolheu para percorrer seu Estado um carro de luxo da marca Kia, modelo Mohave, de cerca de R$ 157 mil no valor de mercado. O Senado banca a conta, sem exigir nota fiscal para reembolsar despesa. De dezembro de 2011 a setembro de 2013, o Senado gastou R$ 139.755 com as despesas de aluguel de carro do senador. São desembolsados todo mês R$ 6.655,00, de acordo com sua prestação de contas. Em 2009, quando era deputado, Paulo Bauer chegou a ser alvo da Corregedoria da Câmara e, mesmo licenciado do mandato para ser secretário estadual de Educação, o catarinense foi apontado como suspeito de se beneficiar da venda de créditos de passagens aéreas da cota parlamentar, de acordo com notícias publicadas pelo Congresso Em Foco . Bauer também foi acusado de manter funcionários fantasmas quando foi deputado federal, entre 2003 a 2007.

Tasso Jereissati (CE)

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Homem forte do PSDB, Tasso Jereissati foi presidente nacional do partido em duas oportunidades: de 1991 a 1993 e entre 2005 e 2007. Um dos maiores escândalos envolvendo seu nome foi o esquema de desvio de verbas no Banco do Estado do Ceará (BEC) em 2002. A CPI do BEC, instaurada no final de 2001, investigou empréstimos supostamente fraudulentos que teriam causado um rombo de cerca de R$ 1 bilhão, como mostrou reportagem do jornal Folha de S. Paulo de 27 de março de 2002.
Em 2009 um novo escândalo sobrevoa o senador com o uso irregular de jatinhos particulares fretados com verba do Senado. Quando descoberto, Jereissati admitiu o uso, afirmando ter gasto R$ 358 mil, R$ 100 mil a menos que os R$ 469 mil calculados na época pelo Sistema de Acompanhamento do Orçamento (Siaf). FLEXA RIBEIRO (PA) Em 2004, Flexa Ribeiro foi preso na Operação Pororoca da Polícia Federal, acusado de participar através de sua empresa, a Engeplan, de um esquema de fraudes em concorrências públicas, desistindo de uma licitação para beneficiar outra empreiteira. Mas foi solto quatro dias depois.

O senador também envolveu-se em desvio de dinheiro do próprio Senado, segundo reportagem publicada pelo jornal O Globo em janeiro de 2013. O desvio do tucano ocorreria desde 2009 em forma de pagamento de aluguel de R$ 1.708 mensais de um imóvel para sua própria construtora, da qual ele declara não ser mais sócio desde o ano de sua prisão.

Cássio Cunha Lima (PB)

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Reeleito governador da Paraíba, em 2006, já no ano seguinte Cássio Cunha Lima teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral, mas se manteve no poder através de liminares e outros recursos jurídicos até 2009, quando da decisão final do Tribunal Superior Eleitoral. Além de ser acusado de uso eleitoreiro do jornal estatal A União durante a campanha, Cunha Lima é réu em processo de desvio e lavagem de dinheiro – o processo, porém, está parado há três anos, esperando que a ministra Rosa Weber decida sobre a substituição do juiz. Numa operação batizada de Concord pela Polícia Federal, a investigação tornou-se conhecida pela chuva de dinheiro na capital João Pessoa, quando para se livrar das provas de caixa dois, um empresário da campanha de Cunha Lima, Olavo Lira, jogou ao menos R$ 200 mil em dinheiro pela janela do edifício que dá nome à operação. Embora já reconhecido como ficha suja em 2010, Cunha Lima foi eleito nesse ano senador valendo-se da decisão do STF de só aplicar a Lei da Ficha Limpa a partir das eleições de 2012.

José Serra (SP)

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O Ministério Público do Estado de São Paulo constatou ilegalidades em quatro contratos iniciais firmados entre 2008 e 2010, durante a gestão do então governador José Serra (PSDB), para a reforma de 98 trens das linhas 1-Azul e 3-Vermelha do Metrô paulistano. O cartel dos trens de São Paulo pode ter desviado cerca de R$ 1 bilhão em contratos para reforma de vagões da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô-SP). Posteriormente, o MP decidiu arquivar as acusações contra Serra. Em março, o STF aceitou o argumento da PGR e autorizou a retomada de duas ações de reparação financeiras aos cofres públicos por improbidade administrativa durante a gestão de Serra no ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, no governo de FHC – além do tucano paulistano, também estão envolvidos Pedro Malan, ex-Fazenda, e Pedro Parente, ex-Casa Civil, além de ex-presidentes e diretores do Banco Central. O caso na Justiça Federal se refere ao repasse, em 1994, de R$ 2,97 bilhões aos bancos Econômico e Bamerindus, pelo qual Serra e demais réus já haviam sido condenados a devolver quase R$ 3 bilhões. Em 2002, Gilmar Mendes deu liminar suspendendo a sentença e, depois, mandou arquivar os processos, retomados agora com o recurso da PGR aceito pelo STF. A vida de esquemas de José Chirico Serra e aliados está narrada ainda no livro Privataria Tucana , de Amaury Ribeiro, de 2011. Entre tantos casos de mal feitos, o livro afirma que José Serra, no seu período à frente do Ministério da Saúde, utilizou os serviços de arapongas pagos com dinheiro público para criar dossiês contra adversários políticos. A hoje milionária Verônica Serra teria chefiado esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Antonio Anastasia (MG)

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Anastasia foi relator da comissão especial do impeachment de Dilma, citado nas investigações de corrupção na Petrobras pelo policial Jayme Alves de Oliveira Filho, preso na 7ª fase da Operação Lava Jato, já solto, que afirmou ter entregue R$ 1 milhão ao ex-governador de Minas Gerais e senador tucano. O processo contra Anastasia foi arquivado. O hoje senador também foi envolvido no esquema desvendado pela operação Grilo, deflagrada em 2011, que desmontou um esquema de corrupção em seu governo, entre 2010 e 2014, que atingia a alta cúpula do Instituto de Terras do Estado de Minas (Iter). Membros do governo foram acusados de falsificar documentos públicos e particulares, corrupção ativa e passiva, além de falsidade ideológica, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. De acordo com o Ministério Público Estadual, os cofres mineiros tiveram um prejuízo de R$ 250 milhões com os desvios de recursos em terras que foram vendidas para a mineradora Vale. Investigação da Controladoria-Geral de Minas também aponta corrupção, desvios e mau uso de dinheiro público na construção de um centro internacional de meio ambiente em Frutal, na divisa com o estado de São Paulo. A Controladoria estadual auditou amostra de R$ 37,7 milhões da obra, ou 16% dos R$ 230 milhões do total do projeto, que envolveu recursos estaduais, federais e do BNDES. Os auditores verificaram na amostra investigada prejuízos aos cofres públicos de R$ 18 milhões ou 48% do valor.

Aloysio Nunes Ferreira (SP)

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Pelo menos dois inquéritos contra o senador tucano Aloysio Nunes correm no Supremo, autorizados pelo ministro do STF, Teori Zavascki, em setembro passado. A investigação tem como base as informações da delação premiada do empresário Ricardo Pessoa, dono da UTC. Segundo ele, Aloysio teria recebido R$ 300 mil de forma oficial e mais R$ 200 mil em dinheiro de caixa dois para sua campanha ao Senado em 2010.  Ainda em setembro de 2015, e atendendo a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot, o ministro Celso de Mello autorizou a abertura de outro inquérito contra Nunes para investigar fraude na prestação de contas de campanha eleitoral e lavagem de dinheiro.

Aécio Neves (MG)

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Na primeira semana de maio desse ano o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal, pedindo a abertura de inquérito contra o presidente do PSDB, o senador Aécio Neves. Segundo Janot, há indícios de que o tucano participava de um esquema de corrupção em Furnas, empresa estatal subsidiária da Eletrobras. A denúncia foi baseada na delação do senador Delcídio do Amaral. Aécio já havia sido citado por outros delatores da Lava Jato, como o doleiro Alberto Yousseff. O ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, também afirmou ter pago propina de R$ 10 milhões ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, morto em 2014, que o procurou cobrando R$ 10 milhões para financiar a campanha tucana em 2010 em troca de encerrar uma CPI criada em 2009 para investigar a Petrobras. Outra acusação contra o tucano, quando governador em Minas Gerais, entre 2003 e 2010, é a de ter construído um aeroporto na cidade de Claudio, que custou R$ 14 milhões aos cofres públicos para beneficiar seus familiares, que têm propriedades vizinhas. Aécio construiu cinco aeroportos em municípios pequenos, todos eles nas proximidades das terras de sua família. O caso mais escandaloso foi o de Cláudio, com cerca de 30 mil habitantes e está próximo a outro aeroporto, o de Divinópolis, cerca de 55 quilômetros. A pista, que foi construída a 6 quilômetros da fazenda do presidenciável, fica nas terras do tio-avô de Aécio, desapropriadas e pagas com dinheiro público. Quem cuida das chaves do portão são os parentes de Aécio.

Marta Suplicy (SP)

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Em setembro de 2015, Marta Suplicy saía do PT para entrar no PMDB. “Quero um país livre da corrupção e o PMDB é meu lugar”, disse a senadora na ocasião. Entretanto, nove meses antes, em janeiro de 2015, ela tinha sido condenada pela Justiça de São Paulo por improbidade administrativa durante sua gestão como prefeita da capital paulista, de 2001 a 2005. Seus direitos políticos foram suspensos pelo prazo de três anos. O que significa que não pode se candidatar a cargo público durante esse período, mas na prática a decisão não interfere no seu atual mandato. De acordo com a promotoria, o contrato de R$176,7 mil com a ONG Grupo de Trabalho e Pesquisa de Orientação Sexual (GTPOS), firmado em 2002, é irregular por ter sido firmado sem a realização de licitação. VALDIR RAUPP (RO) A Polícia Federal investiga desde 2015 se o senador de Rondônia, Valdir Raupp, é beneficiário do esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. Raupp é suspeito de ter recebido R$ 500 mil em propina na forma de doações da empreiteira Queiroz Galvão. Também há suspeita de que a Refinaria de Manguinhos, controlada pelo empresário Ricardo Magro, tenha pagado despesas de campanha do senador em 2010.

Edison Lobão (MA)

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O senador e ex-ministro de Minas e Energia é suspeito de participação no esquema de corrupção da Petrobras revelado pela Operação Lava Jato, citado em O senador e ex-ministro de Minas e Energia é suspeito de participação no esquema de corrupção da Petrobras revelado pela Operação Lava Jato, citado em inquérito que corre no STF. Em janeiro desse ano, o ministro Teori Zavascki, relator dos inquéritos que investigam o esquema de corrupção da Petrobras, autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Edison Lobão. Zavascki atendeu a pedido da Polícia Federal, que teve aval do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em depoimento de delação premiada, o ex-Diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que mandou entregar R$ 2 milhões a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney, para a campanha ao governo do Estado em 2010, a pedido de Edison Lobão. O dinheiro teria sido entregue pelo doleiro Alberto Youssef.

Renan Calheiros (AL)

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Em 2007, em seu segundo mandato como senador, Renan foi acusado de receber propina da construtora Mendes Júnior, que pagava R$ 12 mil por mês à jornalista Mônica Veloso, ex-amante de Renan, com quem teve um filho. Também foi acusado nessa época de comprar rádios em Alagoas em nome de laranjas, em sociedade com o ex-deputado e ex-Senador João Lyra, outro com lista de crimes, incluindo trabalho escravo em sua fazenda. Renan ainda foi acusado de tráfico de influência junto à empresa Schincariol na compra de uma fábrica de refrigerantes, com recompensa milionária. Houve seis representações no Conselho de Ética do Senado feitas por seus pares, pedindo sua cassação. Ele renunciou à presidência do Senado e posteriormente foi absolvido de todas as acusações no Senado.

Na Justiça, os processos foram arquivados. Na Operação Lava Jato, Renan foi citado na delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e do engenheiro Shinko Nakandakari, operador de propina em nome da Galvão Engenharia, além do doleiro Alberto Youssef. O senador seria um dos beneficiários do esquema que desviava 3% dos valores dos contratos de serviços de engenharia para a Petrobras. Em outra investigação, na Operação Zelotes, Renan é investigado, assim como Romero Jucá, por suposta venda de emendas a medidas provisórias relacionadas ao setor automotivo editadas pelo governo federal. Esse é o 12º inquérito que Renan responde no STF, sendo nove pela Lava Jato.

Simone Tebet (MS)

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A ex-vice-governadora de Mato Grosso do Sul e ex-prefeita de Três Lagoas, Simone Tebet, é investigada em dois inquéritos (4050 e 4053), em processos que correm no STF por crimes de responsabilidade. Em fevereiro desse ano, o juiz federal Leonel Ferreira determinou o bloqueio de bens por possíveis irregularidades na obra de reforma do balneário de Três Lagoas. Ele acatou o pedido do Ministério Público Federal (MPF), que alega desvio de recursos públicos para financiar campanha eleitoral.

Romero Jucá (RR)

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Atual presidente do PMDB e segundo vice-presidente do Senado, Romero Jucá teve seu nome envolvido no esquema de corrupção da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. Foi citado nos depoimentos de colaboração com a Justiça do ex-diretor da estatal, Paulo Roberto Costa, como um dos beneficiários das propinas distribuídas a políticos. Jucá também foi citado em recebimento de propina em obras de Angra 3, investigado pela força-tarefa da Lava Jato. O ministro do STF, Teori Zavascki, autorizou a abertura de investigação contra o senador em 6 de março de 2015, tirando o sigilo do pedido de abertura de inquérito. Em abril do mesmo ano, executivos da Andrade Gutierrez ainda mencionaram, em acordo de delação premiada, o nome de Jucá (PMDB-RR) ligado a um esquema no setor elétrico. Os relatos coincidem com o depoimento de Delcídio do Amaral de que a Eletronorte atende aos interesses de Jucá. O senador também é citado na Operação Zelotes.
Em abril de 2016, a relatora do caso no STF, a ministra Cármen Lúcia, abriu inquérito para apurar envolvimento de Jucá na venda de emendas e medidas provisórias relacionadas ao setor automotivo. JADER BARBALHO (PA) Ao longo de sua extensa e turbulenta carreira política, Barbalho se envolveu em grandes escândalos de corrupção. Entre eles está o desvio multimilionário no Banpará, entre 1984 e 88, quando era governador do Pará. A Justiça identificou 51 depósitos ilegais na suas contas bancárias. Em 2000, explodiu o escândalo da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Foi acusado de participação em fraudes, quando era presidente do Senado, durante o governo FHC. Renunciou ao mandato em 2001, para não ser cassado. Em 2002, Barbalho, um dos homens mais poderosos da República, ministro duas vezes no governo José Sarney, chegou a ser preso pelo desfalque que causou na Sudam. Voltou à política já no ano seguinte como deputado federal, reelegendo-se em 2006. Renunciou ao cargo em 2010, a dois meses de terminar o mandato, novamente envolvido em atos de corrupção.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

hypomnemata 189

Boletim eletrônico mensal
do Nu-Sol - Núcleo de Sociabilidade Libertária
do Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais da PUC-SP
no.189, julho de 2016.



Um imenso cemitério
Em Amuleto, Auxilio Lacourte, personagem que o escritor Roberto Bolaño apresentou como a mãe dos poetas latino-americanos, ao caminhar sozinha pela Cidade do México, nota que a Avenida Guerrero “não parece outra coisa que não um cemitério... um cemitério de 2666, um cemitério esquecido sobre uma pálpebra morta ou por nascer”.
Bolaño mudou-se para o México em 1968, momento em que o Estado ocupou violentamente a UNAM (Universidad Nacional Autónoma de México) e assassinou milhares de pessoas no que ficou conhecido como Massacre de Tlatelolco.
Em 1973, retornou ao sul do continente para resistir ao golpe civil-militar no Chile, país em que nasceu. Depois de preso pela Dirección de Inteligencia Nacional (DINA), assim que escapou, comprou uma passagem de regresso à terra de Lacourte, onde permaneceu até 1977.
A visão de Auxilio, o cemitério, foi retomada por ele precisamente em 2666, romance póstumo inspirado na série de execuções de mulheres em Juarez, norte do México, na década de 1990.
Apesar de conhecer o território que, no início do século XX, durante o proibicionismo, serviu de travessia para substâncias proibidas com destino aos EUA, para escrever o romance, Bolaño contou com a ajuda do jornalista Sergio Rodrigues.
Com a cabeça a prêmio por lançar Ossos no Deserto, livro no qual mostra que o químico árabe identificado pela polícia como o responsável pelas centenas de mortes era nomeado como tal somente para escamotear a relação direta dos assassinatos com autoridades oficiais, Rodrigues forneceu farto material descritivo para Bolaño, com quem trocou correspondências até a morte.
Com 2666, Bolaño, incansável escritor contra as ditaduras civil-militares na América do Sul, exibiu como certas violências não findam com os chamados regimes democráticos.
Pouco mais de uma década após o lançamento, em 2014, a morte de quarenta estudantes de uma Escola Normal Rural de Iguala, exterminados pelas armas de autoridades do Estado ou de agentes do narcotráfico, ou pela aliança de ambos, comprovam que seu diagnóstico foi preciso.
O recente assassinato de Salvador Olmos, o Chava, como era conhecido, o anarquista atropelado sucessivas vezes por uma viatura policial em Huajuapan também comprovam. O libertário foi executado no estado de Oaxaca, terra em que nasceu Ricardo Flores Magón, espaço vital para os acontecimentos conhecidos como Revolução Mexicana.
Os cadáveres de mulheres, estudantes, anarquistas, explicitam cabalmente a continuidade das violências, característica que é do Estado, seja de seus agentes legais ou ilegais.
Pouco antes de morrer, ao ser questionado sobre qual seria sua pátria, Bolaño respondeu que não tinha nenhuma, guardava apenas “alguns instantes, certas ruas, rostos ou cenas, livros que estão dentro de mim e que algum dia certamente esquecerei”.
E assim, o escritor nascido no Chile, depois de se deslocar incessantemente, com 2666, livro sobre o México escrito na Espanha, não nos deixa esquecer que a história da América, a história dessas terras subtraídas de outros povos, é a história da construção de um imenso cemitério clandestino.

México urgente
Desde o início de 2014, as ações repressivas do Estado mexicano contra os anarquistas, em proporção nacional, e contra as experiências autônomas no sul do país (especialmente os estados de Oaxaca, Chiapas e Guerrero), recrudesceram.
Dois anos antes, o Partido Revolucionário Institucional (PRI) voltou a governar o executivo do Estado. O PRI é integrante da Internacional Socialista e foi criado em 1929 para alçar oportunistas da Revolução Mexicana ao governo do Estado. É o mesmo partido que, em outubro de 1968, às vésperas dos Jogos Olímpicos do México, assassinou 300 estudantes na capital em nome da segurança e da paz dos jogos.
Para os anarquistas como Ricardo Flores Magón e Praxédis Guerrero, já nas primeiras décadas do século XX e durante a Revolução Mexicana, o problema central não era somente a ditadura de Porfírio Diaz, contra a qual se levantaram. Em qualquer governo há violências, perseguições e supressão da liberdade.
No dia 30 de janeiro de 2014, forças paramilitares atacaram a Base de Apoio Zapatista, em Chiapas, com o intuito de apropriarem-se das terras governadas pelas comunidades autônomas.
A sequência de ações repressivas levadas a cabo durante o ano atingiu outras proporções em setembro, durante uma operação policial que interceptou um ônibus de estudantes da Escola Normal Rural “Raúl Isidro Burgos”, em Ayotzinapa, Guerrero.
O ônibus seguia rumo à cidade de Iguala onde ocorreriam manifestações contra a prefeitura. Nesta região, protestos e ações contra a prefeitura e o narcotráfico incidem regularmente desde o final de maio de 2013, quando militantes camponeses desapareceram após uma manifestação duramente reprimida pela polícia, para serem encontrados, três dias depois, em uma vala comum.
A operação em Ayotzinapa aconteceu no dia 26 de setembro de 2014. Seis estudantes foram mortos durante o confronto com a polícia. Outros vinte foram feridos e encaminhados para atendimento médico e alguns conseguiram escapar. Foram detidos 43 pela polícia e, desde então, desapareceram.
Segundo uma investigação promovida pela Procuradoria do México, eles foram entregues aos Guerreros Unidos, um dos cartéis do narcotráfico que governa a região. Alguns desses estudantes teriam morrido asfixiados no trajeto, enquanto a maioria foi queimada e seus corpos desovados em um lixão no município de Cocula.
Apesar de o Estado mexicano ter culpado o prefeito, sua primeira dama e o chefe da polícia local pelo massacre, houve uma estranha coincidência: no dia 21 de setembro, a “Regeneración Radio”, tocada por estudantes anarquistas, foi invadida por seguranças do campus da Universidade Autônoma do México, na Cidade do México.
A cooperação entre a reitoria e o Estado em operações repressivas decorre desde a delação de um estudante anarquista, preso por “ataque à paz pública”, quando se dirigia a uma manifestação, em outubro de 2013.
Mesmo assim, as violências do Estado, do narcotráfico e de latifundiários não arrefeceram as práticas e a luta dos autonomistas e, entre 11 e 12 de novembro, a sede do PRI e o Congresso de Guerrero, em Chialpancingo, foram incendiados.
Dias antes, a porta do Palácio presidencial, na capital do país, foi incendiada e os arredores do aeroporto de Acapulco bloqueados, durante mais protestos.
Em meados de junho deste ano, as ações repressivas foram intensificadas. A comunidade indígena de Nochixtlán e a Coordenadoria Nacional de Trabalhadores da Educação foram atacadas pela polícia, que prendeu dezenas de pessoas, deixando outras dezenas feridas, e alguns mortos.
A prática repressiva resultou em mais manifestações por todo o país, com respaldo internacional, bloqueios e interrupção da circulação de bens e pessoas na região de Oaxaca, eventos anarquistas e formação de novas associações e espaços autônomos e libertários. México, urgente!

La impaciencia del momento actual
hunde en nuestros nervios su acicate de fuego.
Nuestros deseos se adelantan ansiosamente
al desenvolvimiento de los hechos.
La lucha tiene momentos de espectación,
que sofocan como el abrazo de un crótalo.
Queremos nuevamente descargar el brazo
sobre nuestro viejo enemigo
y nos vemos forzados a esperar
que nuestras armas adquieran el temple necesario
para que su choque sea terrible, aniquilador, tremendo.
Impacientes”. Praxédis Guerrero. Punto Rojo, 16 de setembro de 1909.

A produção da paz
Da mesma maneira que todo preso é um preso político, não há política sem uso virtual e efetivo de violências, execuções e extermínios.
A ficção jurídica criada para justificar o Estado moderno produziu um discurso capaz de fazer crer que a impossibilidade de supressão da violência nas relações de existências pretende nos levar a confiar seu exercício a um ente centralizado e legitimado em nome da defesa da sociedade.
Assim, o Estado, de posse do monopólio dessa violência, se consolida como o pacificador moderno.
Quem quer a paz, deve estar preparado para a guerra.
A história efetiva expõe que as violências que encontram no Estado sua forma acabada e reconhecida se distribuem de maneira assimétrica e hieratizada para produção de obediência, dentro ou fora do que se reconhece como instituições componentes do aparelho estatal.
A violência, ou a ameaça dela, mesmo não sendo efetivamente monopolizada pelo Estado é a prática por excelência do pensamento de Estado e de quem pensa a partir do Estado. Em outras palavras: quem promete paz está, de fato, reivindicando o monopólio da violência.
O programa governamental que criou as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio de Janeiro foi a mais recente promessa de paz no campo do que se chama de segurança pública, cidadã e o que o valha, ou seja, segurança.
Um programa que em seu conjunto promove a pacificação combinando assistência, proximidades, comunitarismo, responsabilidades, qualidade de vida, empreendedorismo social, ações de reprogramação urbana, tecnologias sociais e computo-informacionais de monitoramento, pesquisa social, de marketing, de agências internacionais e acadêmicas. E, muita polícia repressiva militarizada e ações de policiamento do Exército e da Força Nacional de Segurança Pública.
As UPPs realizam no campo de um único programa os compartilhamentos de governança que envolve prefeitura, governo do estado, governo federal, ONGs, Institutos, Fundações, universidades, líderes comunitários, Exército, destacamentos especais e batalhões de operações especiais das polícias militar e civil, agência da ONU e do BID, mas sobretudo, a própria comunidade da favela que se torna, a um só tempo, agente, alvo e produtora do programa que é variado em sua ação, mas amalgamado pela produção de paz e segurança.
É sabido que essa governança compartilhada não funciona sem o trânsito dos ilegalismos, de maneira que milícias e comandos sempre participam (ou guerreiam por) suas ações e negociações.
Tudo isso em meio ao sonho do Brasil grande, embalado por sediar megaeventos, entrando como protagonista-sede da agenda global: Rio+20 e Cúpula dos Povos, Jornada Mundial da Juventude, Copa das Confederações, Copa do Mundo e uma Olimpíada para fechar o ciclo.
Mas entre a governança global e a gestão dos ilegalismos, também não tardaria para que corpos surgissem ou sumissem e cadáveres começassem a feder.
O primeiro corpo a chamar a atenção, por desaparecer dentro de uma UPP, foi o de Amarildo, em 2013; logo após, um vídeo flagra meninos sendo executados em uma viatura da PMERJ; outro vídeo de 2014 mostra o corpo de Cláudia Silva Ferreira sendo arrastado por mais de 300 metros também por um viatura da PMERJ; e a estas, que vieram à tona na grande mídia, seguiram notícias de meninos de 10 e 12 anos, com Patrick Ferreira de Queiroz, de 12 anos, assassinado no Méier, em janeiro de 2015, sendo alvos de certeiras balas perdidas.
Diante disso, não demorou muito para que se começasse a falar em crise e falência do programa. Porém, como a prisão, na crise e no proferido fracasso outras positividades de poder se anunciam.
Em quase dez anos, a pacificação naturalizou o uso das Forças Armadas para intervenção e gestão da segurança pública, espargindo para outros estados, como está ocorrendo agora em Natal, no Rio Grande do Norte; as ONGs, Institutos e Fundações já fazem parte da rotina das favelas e ganham destaques que vão da formação de atletas profissionais às histórias de superação pelo empreendedorismo; enfim, fracassada ou reformada a pacificação cumpriu sua missão e, agora, a crítica exercitará seu papel renovador para virtuais novos e repaginados programas.
Enquanto a Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro administra a alegada crise das UPPs, outros corpos aparecem na Baixada Fluminense, corpos de pré-candidatos a vereador e/ou prefeito com mortes atribuídas à ação das milícias.
Estaria a crise e os “fatos novos” preparando a propagação do programa, ou uma nova composição de forças anuncia um fortalecimento das milícias como resultado de quase uma década de UPP?
Seja como for, a produção de incontáveis cadáveres mostra como age o Estado em sua missão de pacificador: ele é o introdutor de violências contínuas e fio condutor dos variados gestores, locais e globais, dos confrontos que não param de produzir assujeitamentos, monitoramentos e sangue: um interminável rio de sangue que corre em meio a tudo isso transbordando as margens das práticas de governo das condutas.