sábado, 1 de outubro de 2011

Janelas abertas


Vivemos uma época do instantâneo, do rápido, da comunicação eletrônica e das respostas ligeiras sem muito tempo para maturação e reflexão.
A universidade não está imune a esse traço de uma época de instantâneas windows. No entanto, ela segue sendo um espaço para pesquisa, discussão e problematização das questões relativas à existência de cada um e dos problemas que rondam ou afligem a sociedade. E estes se renovam a cada instante, surpreendendo até mesmo com a proposta de supressão de condutas criminalizáveis.
A PUC-SP é uma grande universidade exatamente porque nunca deixou de enfrentar os tempos e os espaços em que vivemos. Quando esses tempos eram de repressões, cassações e perseguições, seus professores, estudantes, funcionários e reitoria souberam dar repostas inventivas e firmes que favoreceram a liberdade, não apenas da chamada comunidade puquiana, inovando seu espaço e também o brasileiro.
Hoje, quando a cidade se desdobra em marchas de toda ordem, a PUC-SP não pode fechar suas portas e janelas. É preciso estar firme, atenta e corajosa para enfrentar, não mais os sinistros tempos de repressão, mas essa macabra época que diz ser tudo possível sob o signo da proibição e das penas.
Se a universidade moderna é o castelo da crítica, o lugar onde pensar livremente é a condição para o avanço de homens e mulheres, ela deve também ter a liberdade para que toda sorte de temas e problemas sejam discutidos em seu interior, sem que autoridades externas selecionem o que podemos ou não debater. A PUC-SP, sempre gostou mais dos questionadores, dos críticos, dos problematizadores e, por isso, sempre foi um espaço aberto aos inventivos, aos contestadores, aos rebeldes.
Quando a polícia invadiu a PUC-SP, sob a reitoria de Nadir Kfoury, o fez com base na Lei Falcão que proibia reunião de estudantes. Esta lei foi rechaçada pela comunidade. Se a festa anunciada era para saudar coisa que ainda está proibida é conveniente lembrar que, hoje em dia, muitas personalidades públicas de expressão se manifestam favoráveis à sua descriminalização. Não há lei que não deva ser modificada ou suprimida, assim como a escrota Lei Falcão. Não há lei que antecipe a história!
Hoje, a PUC-SP fecha as portas, receosa de um debate sobre a descriminalização da maconha, incomodada com as festas de seus estudantes e seus parceiros. As universidades estatais há muito tempo estão tristemente tomadas pelos policiais fardados em seus campi, tentando estrangular incômodos que permanecem.
O que move a PUC-SP é o gosto pela liberdade!
A contenção, a proibição e o medo da liberdade não fizeram da PUC-SP um lugar potente e nunca produziram nada interessante para ninguém!

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