quinta-feira, 29 de julho de 2010

DIVULGAÇÃO: Livro “Pós-Humanismo: as relações entre o humano e a técnica na época das redes”

Obra apresenta a relação entre o humano e a técnica na era das redes
Uma necessária reflexão além do pensamento humanista para a compreensão da nossa condição contemporânea.
O que a ficção científica e o cinema tinham imaginado nas cenas de filmes famosos, nos quais o humano sofre mutações através das suas interações com a técnica, não deve ser pensado como algo assustador ou como a imagem de um futuro fantástico, mas como os dinamismos que acompanham a humanidade desde o seu surgimento. As primeiras interações do homem com a técnica o deslocaram de sua condição humana para além dos limites do seu corpo.
A obra: “Pós-Humanismo: as relações entre o humano e a técnica na época das redes” foi organizada por Massimo Di Felice, sociólogo e doutor em Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e Mario Pireddu formado em Ciências da Comunicação pela Università La Sapienza Di Roma e doutor em Teoria da Informação e da Comunicação.
Ao trazer à tona as formas tecno-humana de interação social, a obra parte do princípio de que a reflexão humanista sempre separou a técnica do homem e que para a compreensão da nossa condição contemporânea, é preciso ultrapassá-la, ir além do humanismo, para repensar, a partir de um ponto de vista histórico mais amplo, a relação entre o homem e o mundo ao seu redor.
O conjunto de inovações tecnológicas e comunicativas que se difunde em nossa contemporaneidade redefine e altera o nosso cotidiano e os nossos sentidos, mostrando-nos a inadequação e os limites dessa percepção histórica e nos obrigando a repensar o absolutismo do princípio de autoformação e autodeterminação do humano.
Leitura relevante para estudiosos de diversas áreas, entre elas, Comunicação, Ciências Sociais e Filosofia, especialmente em níveis de pós-graduação e graduação. Trata-se do segundo volume da série “Era Digital”, publicado pela Difusão Editora em parceria com o Centro de Pesquisa ATOPOS, da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, voltado aos estudos da comunicação digital. Composto por treze capítulos, o livro reúne textos de biólogos, filósofos e sociólogos de vários países e importantes pesquisadores brasileiros que refletem de diversos pontos de vista a relação entre o humano e a técnica na época das redes apresentando os possíveis significados do conceito pós-humanismo.
Sumário:
Capitulo 1 - A carne do futuro. Utopia da desmaterialização - Mario Pireddu
Capitulo 2 - Estéticas do pós-humanismo e formas atópicas do habitar - Massimo di Felice
Capitulo 3 - Pós-humano, pós-humanismo, anti-humanismo: discriminações - Lucia Santaella
Capitulo 4 - O novo totem do pós-humano - Derrick de Kerckhove
Capitulo 5 - Contra a pureza essencialista, rumo a novos modelos de existência - Roberto Marchesini
Capitulo 6 - Corpos e informações: o pós-humano de Wiener a Gibson - Antonio Caronia
Capitulo 7 - Convém falar das coisas que não se sabe - Alberto Abruzzese
Capitulo 8 - A natureza humana depois do humanismo - Roberto Esposito
Capitulo 9 - A inteligência do corpo: a sua evolução e a sua hereditariedade. Tecnologias do vivente - Pier Luigi Capucci
Capitulo 10 - O quarto corpo - Mario Perniola
Capitulo 11 - Redes e ambientes virtuais artísticos - Gilbertto Prado
Capitulo 12 - Impasses da comunicação eletrônica: a questão do diálogo na rede e do outro - Ciro Marcondes Filho
Capitulo 13 - Marshall McLuhan e o pós-humanismo - Andre Stangl

quarta-feira, 28 de julho de 2010

DIVULGAÇÃO: Livro FANTASIAS DE ESCRITURA

A Editora Sulina apresenta: FANTASIAS DE ESCRITURA - Filosofia-Educação-Literatura
Organização: Sandra Mara Corazza
Este livro? Onze textos produzidos pelo BOP – Bando de Orientação e Pesquisa. (O nome próprio como apreensão instantânea da multiplicidade.) Integrantes: professores, mestrandos, doutorandos, bolsistas. (Posição nos planos? Periférica.) BOP, que compõe, junto ao CNPq, o Grupo de Pesquisa DIF – artistagens, fabulações, variações. (Desde 1º de julho de 2002. Experimentações de potências intelectuais e expressivas com o pensamento da diferença.) BOP e DIF vinculados à Linha de Pesquisa 09, Filosofia da diferença e Educação. (Totalização? Unidade? Impossível!) Linha de Pesquisa, que integra o PPGEDU – Programa de Pós-Graduação em Educação. (Não fragmento numérico de totalidade perdida: pluralidade.) Programa de Pós-Graduação da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. (Restritos em quantidade? E já somos multidão.) Nesses dinamismos espaços-temporais, nos aventuramos, estudamos, escrevemos: este livro. (Feito de uma educação exprimida/espremida entre filosofia e literatura.) Com fantasia. Nas pegadas de Roland Barthes. Não antagônica à razão, lógica, realidade. Roteiro afirmativo. Positividade de forças desejantes. Origem da cultura. Ligada a codificações.
Autores: Cristiano Bedin da Costa, Deniz Alcione Nicolay, Eduardo Guedes Pacheco, Ester Maria Dreher Heuser, Fábio José Parise, Gabriel Sausen Feil, Karen Elisabete Rosa Nodari, Luciano Bedin da Costa, Marcos da Rocha Oliveira, Máximo Daniel Lamela Adó, Sandra Mara Corazza
Capa: Daniela Bürgel (sobre ilustração de Marcele Pereira da Rosa)
Nº de páginas: 174 - ISBN: 978-85-205-0561-8
Preço de Capa: R$ 27,00 - Departamento editorial e divulgação: (51) 3019. 2102
Editora Meridional/Sulina - www.editorasulina.com.br - Tel (51) 3311-4082/ Fax (51) 3264-4194

terça-feira, 27 de julho de 2010

Ainda sobre a palmada!

Das manifestações que recebi por email, do escrito sobre "a palmada", reproduzo duas:
Da Evani: Oi Maria. Aos "filhos dos nossos filhos" restará: educar seus avós, hehe. Espero que sem palmadas (risos). Beijos. Evani
Da Neusa (que trouxe matéria da Folha): Continuando as discussões... Neusa
FOLHA DE SAO PAULO - 26/07/2010
Maioria é contra proibição de palmada - 54% dos brasileiros são contrários ao projeto de lei que veta castigos físicos em crianças, segundo Datafolha
Levantamento mostra ainda que a maior parte dos brasileiros já apanhou dos pais e já bateu nos filhos
Por TALITA BEDINELLI, DE SÃO PAULO
A maioria dos brasileiros já apanhou dos pais, já bateu nos filhos e é contra o projeto de lei do governo federal que proíbe palmada, beliscões e castigos físicos em crianças.
É o que revela pesquisa Datafolha feita na semana passada em todo o país. Disseram ser contra o projeto de lei 54% dos 10.905 entrevistados. Outros 36% revelaram ser favoráveis à proposta do presidente Lula.
O levantamento revela que meninos apanham mais que meninas. E que as mães batem mais nos filhos que os pais. Entre as mães, 69% admitiram ter dado algum tipo de castigo físico em seus filhos, contra 44% dos pais.
Já apanharam dos pais 74% dos homens e 69% das mulheres. No total, 72% dos brasileiros sofreram algum tipo de castigo físico, sendo que 16% disseram que costumavam apanhar sempre.
A pesquisa é de 20 a 22 de julho. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Para Carlos Eduardo Zuma, psicólogo, secretário da ONG Não Bata, Eduque, a lei, se aprovada, deve gerar uma mudança de comportamento, mas isso deve demorar ao menos uma geração.
"Na Suécia, quando a lei passou a vigorar [em 1980] as pessoas eram favoráveis ao castigo físico. Hoje essa visão mudou radicalmente."
Para ele, a palmada cria uma cultura de violência. "O pai passa a informação para a criança de que se alguma coisa a contraria, tudo bem bater", diz.
O projeto de lei enviado para o Congresso no início do mês altera a lei que dispõe sobre o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e "estabelece o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante".
O ECA atualmente fala em "maus-tratos", sem especificar os tipos de castigo.
O texto considera castigo corporal qualquer "ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente", inclusive palmadas e beliscões.
SAIBA MAIS
21 países da Europa já vetam punições - Na Suécia, palmadas já são proibidas por lei desde 1980. Mas restrições a castigos corporais enfrentam resistência em outros países da Europa.
Uma campanha do Conselho da Europa tenta estimular a adoção de leis contra punições corporais em crianças. Dos 47 países-membros, 21 as proibiram dentro de casas, escolas e entidades penais.
A discussão está crescendo. Mas a campanha ainda não tem adesão de países importantes, como França e Reino Unido.
ENTREVISTA
"Projeto quer regular relação pai e filho" - Para Lino de Macedo, do Instituto de Psicologia da USP, a lei quer "regular a intimidade da casa".
Folha - O que acha da lei?
Lino de Macedo - É uma lei que quer regular a intimidade da casa, da relação pai e filho. Os casos extremos já têm medidas judiciais. Já temos recursos que funcionam.
O Brasil é o país das leis. A educação, o convencimento, a preparação são feitos por lei, sem um trabalho educacional.
Se não se dá alternativas, quem só conhece a palmada vai continuar batendo. Às vezes até de formas que podem ser mais violentas. A violência verbal, a cara de nojo, a indiferença machucam muito.
O que os pais devem fazer? - É importante argumentar. Uma bronca deve ser feita com explicação. Para que a criança possa saber pouco a pouco a regra. Mas porque se recorre à palmada? Crianças não obedecem. Argumentos lógicos não as convencem. Não quero justificar a palmada. O problema é proibir e não trabalhar alternativas.
A palmada é prejudicial? - Educar supõe lidar com com a regra do "não". Muitos pais que não podem dar palmada deixam a criança fazer qualquer coisa. Uma criança sem limites se torna uma pessoa refratária às leis.
"Palmada não ensina ética nem princípio" - Ângela Soligo, especialista em psicologia educacional da Unicamp, diz que "não se ensina nenhuma ética com palmada".
Folha - O que acha da lei?
Ângela Soligo - Ao mesmo tempo em que ela vai proteger a criança na família, vai proteger a criança de um orfanato, de uma casa de correção.
A lei é mais abrangente e tenta proteger a criança de qualquer forma de agressão física. Só por isso ela já seria bem-vinda.
Palmada é um problema? - Há gente que diz que ela faz parte da educação. Mas não faz, ou não deveria. A palmada não ensina nenhum princípio, nenhuma ética. Ensina a obedecer pelo medo. Educar não é só ensinar a obedecer.
É passar valores, passar uma ética que a criança vai levar para a vida. Que vai servir de referência para quando tiver de se posicionar em relação à vida.
O que se ensina com a palmada é que de vez em quando a agressão é certa. Que quando não se resolver na conversa, pode partir para a ignorância.
Como educar sem bater? - Conversar, repetir muitas vezes. Colocar limites sempre conversando, explicando o sentido daquilo, por que não pode fazer.
DEPOIMENTOS
"Tomei poucas [palmadas] e foram bem dadas. Na hora, senti que era um castigo. Agora só tenho razões para dizer o quão certa ela [a mãe] estava. Há coisas que não adianta transferir para lei" - JOSÉ GREGORI, 80, - secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de SP, ex-ministro da Justiça
"Sou da geração que levou palmada. Dependendo da traquinagem, rolava esse discurso. Hoje em dia sou contra. Acho abominável, é um código violento, uma prepotência do adulto contra a criança" - MARCIA TIBURI, 40 - professora de filosofia e escritora
"Levei palmada e apanhei com vara de árvore. Me ajudou a saber os limites. Em alguns casos, a palmada é bem-vinda. Se a lei proíbe qualquer tipo de contato físico, as crianças podem crescer sem limites" - WILLIAM MACHADO, 33 - zagueiro e capitão do Corinthians
"Levei alguns tapinhas simbólicos da minha mãe. Uma vez, porém, meu pai perdeu a cabeça e me bateu bastante. Fiquei revoltado. Uma palmadinha vez ou outra é saudável, mas agressão física já é outra coisa" - JÚLIO MEDAGLIA, 72 - maestro
"Levei muitos tapas. Meu pai me batia até com [galhos de] urtiga. Acho que ninguém morre por causa de umas boas palmadas. Elas servem para que a criança sinta que aquilo que fez está errado. Esses tapas doem mais nos pais" - OLGA RODRIGUES, 66 - dona de casa
"Apanhei muito e até hoje quando penso nisso me faz mal. Minha mãe não tinha pena, não. Batia com corda de náilon que queimava feito brasa. Acho que há outras formas de educar. Bater é coisa de pai que não sabe conversar" - COSME DE LIMA ARAÚJO, 32 - porteiro
"Levei uns tapinhas dos meus pais e isso não me traumatizou, não. Acho essa lei errada porque entra no íntimo da família. Acho que é preciso educar o povo. E, quando isso acontecer, não vai precisar ter lei" - CÉSAR LEBRÃO, 50 - engenheiro
"Levei um ou dois tapas, que devem ter sido [dados] em situações graves. O maior não bate no menor. É isso que ensinamos às crianças e isso vale também para os adultos. A agressão verbal pode ser tão grave quanto a física" - LILIAN PACCE, 48 - apresentadora de TV.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

“O que restará aos filhos de nossos filhos?”

Hoje serei mais breve e rasa do que o costumeiro! O título vai acompanhado de aspas porque é uma pergunta que me foi dirigida por um vizinho. Dia desses, saindo de casa, o vizinho me acompanhou na caminhada rumo ao trabalho. Ele me encontra e já sai puxando assunto, sendo que o daquele dia foi a “lei da palmada”. Indignado com a lei, porque sendo proibida a palmada, não restaria nada para os pais educarem os seus filhos e ainda emendou: “o que restará aos filhos de nossos filhos?”.
Primeiro, devo dizer que não formulei posição sobre a tal lei, mas acho desnecessária, visto que o Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente – ECA já é dotado de dispositivos que coíbam toda e qualquer violência contra crianças e adolescentes, portanto, basta fazê-lo valer em toda sua dimensão.
Segundo, acredito que se trata de podermos tirar o foco da questão meramente legal, jurídica e formal, e dirigi-lo à questão da formação, da educação e da subjetivação.
Conheço um pouco da história desse vizinho que acredita na eficácia educativa das palmadas e sei que as gerações anteriores à dele – e a sua própria - foram educadas por espancamentos mais ou menos leves, que não produziram gentes melhores... muito pelo contrário, produziram esse mundo que aí está!
Fico estupefata diante dos argumentos daqueles que defendem a palmada como forma de educação... toda e qualquer forma de violência é covardia! Talvez quem não sofreu esse tipo de “educação” não tenha a dimensão do seu significado. Acho mais estúpida a defesa que diz que “é só uma palmadinha”... seu valor simbólico não diminui a dimensão do ato!
Talvez, se mudarmos a educação pautada pela violência, pela educação pautada pela gentidade, amorosidade, solidariedade, generosidade e respeito, “restará aos filhos de nossos filhos” um mundo mais bonito e menos violento, menos covarde e estúpido... e eles não terá que ficar discutindo leis para proibir uma coisa tão estúpida que qualquer adulto sério e responsável deveria saber que não pode utilizar contra uma criança.
Aos adultos que defendem a palmada resta dizer que, além de uma atitude covarde, ela nunca vem sozinha... essa palmada é tão simbólica que seus efeitos nunca deixam de ecoar em nossas vidas!

domingo, 25 de julho de 2010

Poetagens Alheias: O Amor - de Manoel de Barros

De Exercícios de ser criança: O AMOR - Manoel de Barros
Fazer pessoas no frasco não é fácil
Mas se eu estudar ciências eu faço.
Sendo que não é melhor do que fazer
pessoas na cama
Nem na rede
Nem mesmo no jirau como os índios fazem.
(No jirau é coisa primitiva, eu sei,
mas é bastante proveitosa)
Para fazer pessoas ninguém ainda não
inventou nada melhor do que o amor.
Deus ajeitou isso para nós de presente.
De forma que não é aconselhável trocar
o amor por vidro.
  •  
Quem não tem ferramentas de pensar, inventa.
Em: Manoel de Barros - Poesia Completa, Ed. LeYa, 2010, p. 473.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

RBS, NEM PENSAR!

Há vários dias que circulam informações na rede, sobre esses acontecimentos. Ainda escreverei sobre o assunto... penso que dá muito pano pra manga... por ora, postarei o somente o vídeo. Vejamos:
"Noticias do Sul Dois pesos e duas medidas. Record prepara Domingo Espetacular. Estupro em Joaçaba com video na interet vira manchete em rede nacional. Estupro em Florianopolis envolvendo filho de Sergio Sirotsky do Grupo RBS vira nota. Veja as notas de Pedro Sirotsky e Jayme Sirotsky no Blog Tijoladas.com.br
TV Santa Catarina RMTV - Joinvile, Camboriu, Criciuma, Chapecó, Lajes, Tubarão
TV Alenha Portugal RTP CIC Cabo Verde"

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Poetagens Alheias: QUEM AMA INVENTA - de Mario Quintana

QUEM AMA INVENTA
Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revoo sobre a ruinaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressureições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nosso corações
Batendo juntos e fetivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Ó! Meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado... e ter vivido o sonho!
Em: A Cor do Invisível - Antologia Poética

terça-feira, 20 de julho de 2010

Poetagens Alheias: MENINO DO MATO - de Manoel de Barros

MENINO DO MATO - Primeira parte - I
Eu queria usar palavras de ave para escrever.
Onde a gente morava era um lugar imensamente e sem
nomeação.
Ali a gente brincava de brincar com as palavras
tipo assim: Hoje eu vi uma formiga ajoelhada na pedra!
A Mãe que ouvira a brincadeira falou:
Já vem você com as suas visões!
Porque formigas nem tem joelhos ajoelháveis
e nem há pedras de sacristia por aqui.
Isto é traquinagem de sua imaginação.
O menino tinha no olhar um silêncio de chão
e na sua voz uma candura de Fontes.
O Pai achava que a gente queria desver o mundo
para encontrar nas palavras novas coisas de ver
assim: eu via a manhã pousada sobre as margens do
rio do mesmo modo que uma garça aberta na solidão
de uma pedra.
Eram novidades que os meninos criavam com as suas
palavras.
Assim Bernardo emendou nova criação: Eu hoje vi um
sapo com olhar de árvore.
Então era preciso desver o mundo para sair daquele
lugar imensamente e sem lado.
A gente queria encontrar imagens de aves abençoadas
pela inocência.
O que a gente aprendia naquele lugar era só ignorâncias
para a gente bem entender a voz das águas e
dos caracóis.
A gente gostava das palavras quando elas perturbavam
o sentido normal das ideias.
Porque a gente também sabia que só os absurdos
enriquecem a poesia.
Em: MANOEL DE BARROS Poesia Completa, Ed. LeYa, 2010, p. 449-450.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Resposta a um Anônimo-Comentador!

Hoje, buscando uma postagem antiga, encontrei um anônimo comentário (12 de julho de 2010 17:17) feito numa postagem intitulada: “Vindo do Fórum Social, Econômico e Ambiental de Panambi”, de 16.05.2010, sendo que o Anônimo disse...: “Por causa do eterno discurso sem ações práticas que vivemos essa realidade que tanto te desagrada, muito me espanta o fato de vossa pessoa só defender discursos e nada fazer para muda-la.
Continue assim que daqui a 200 anos ainda estará discutindo quem surgiu primeiro se foi o ovo ou a galinha. Parabéns.”
Bueno!
Ponto 1: Sempre é difícil conversar com anônimos, principalmente com anônimos raivosos, portanto, só posso retrucar!
Ponto 2: Não defendo discursos... não me interessa defender discursos! E para clarear melhor essa afirmação e dizer um pouco das coisas teóricas e práticas que me interessam, faço uso das palavras de Baremblitt, ao falar do pensamento de Deleuze e de Guattari, dizendo: “Não é um pensamento discursivo, mas segundo a própria definição deles, é uma máquina fundamentalemnte energética, destinada a vibrar e a fazer vibrar aqueles que dela se aproximam e a engajá-los em um movimento produtivo, que não passa exatamente pelas idéias nem pelas palavras, mas pelos afetos. Por afetar e ser afetado. Passa pela capacidade de vibrar em consonância, passa pela capacidade de despertar o entusiasmo, a vontade de viver, a vontade de criar. (...) eles estão sempre integrados a um tipo particular de militância. Eles têm um ‘pé’ numa ação concreta que se exprime e se inspira nesses escritos, dentro da famosa idéia de práxis, ultimamente tão esquecida. A proposta de uma micropolítica é a ação política que acompanha a proposta analítica desses autores, que se chama ‘Esquizoanálise’. A Esquizoanálise é um aleitura do mundo, praticamente de ‘tudo’ o que acontece no mundo, como diz Guattari em seu livro sobre as ecologias, sendo uma espécie de Ecosofia, uma ‘episteme’ que compreende um saber sobre a natureza, um saber sobre a indústria, um saber sobre a sociedade e um saber acerca da mente. Mas um saber que tem por objetivo a vida,no seu sentido mais amplo: o incremento, o crescimento, a diversificação, a potenciação da vida” (Em: Introdução à Esquizoanálise, Biblioteca Instituto Félix Guattari, 1998, p.14-15).
Ponto 3: Para dizer que só defendo discursos e nada faço para mudar a realidade, o Anônimo Comentador pouco ou mal-me-conhece, visto que sou aquilo que digo/ vivo aquilo em que acredito e faço de minha práxis cotidiana uma permanente potenciação da vida, criando e produzindo movimentos que ajudam a transformar a realidade!
Ponto 4: É um tanto miserável falar em discussão sobre o que veio antes, se o ovo ou a galinha, visto que isso não interessa, mas sim, discutir o ovo, a galinha e o que fazemos com o ovo e a galinha no mundo em que vivemos!
No mais, dedico ao Anônimo Comentador, uma canção de Vítor Ramil, em duas opções para se ouvir, primeiro com o próprio Vítor e, depois, com La Negra! A canção é Semeadura, e diz assim:
Nós vamos prosseguir, companheiro
Medo não há
No rumo certo da estrada
Unidos vamos crescer e andar
Nós vamos repartir, companheiro
O campo e o mar
O pão da vida, meu braço, meu peito
Feito pra amar.
Americana Pátria, morena
Quiero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa, meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar
Nós vamos semear, companheiro
No coração
Manhãs e frutos e sonhos
Pr'um dia acabar com esta escuridão
Nós vamos preparar, companheiro
Sem ilusão
Um novo tempo, em que a paz e a fartura
Brotem das mãos
Americana Pátria, morena
Quiero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa, meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar
Minha guitarra, companheiro
Fala o idioma das águas, das pedras
Dos cárceres, do medo, do fogo, do sal
Minha guitarra
Tem os demônios da ternura e da tempestade
É como um cavalo
Que rasga o ventre da noite
Beija o relâmpago
E desafia os senhores da vida e da morte
Minha guitarra é minha terra, companheiro
É meu arado semeando na escuridão
Um tempo de claridade
Minha guitarra é meu povo, companheiro
Americana Pátria, morena
Quiero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa, meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar.



domingo, 18 de julho de 2010

Poetagens Alheias: VENTO - de Manoel de Barros

Se a gente jogar uma pedra no vento
Ele nem olha para trás.
Se a gente atacar o vento com enxada
Ele nem sai sangue da bunda.
Ele não dói nada.
Vento não tem tripa.
Se a gente enfiar uma faca no vento
Ele nem faz ui.
A gente estudou no Colégio que vento
é o ar em movimento.
E que o ar em movimento é vento.
Eu quis uma vez implantar uma costela
no vento.
A costela não parava nem.
Hoje eu tasquei uma pedra no organismo
do vento.
Depois me ensinaram que vento não tem
organismo.
Fiquei estudado.
Em: Manoel de Barros - Poesia Completa - Ed. LeYa - 2010, p. 435.

sábado, 17 de julho de 2010

A cabeça sem corpo

Noutro dia, com mais tempo, talvez aprofunde esta abordagem que hoje deixo rasa... então poderei falar mais do “corpo sem órgãos”, formulação de Artaud, que Deleuze e Guattari tornaram noção-conceito.
Trata-se, aqui, de um esclarecimento que eu há muito buscava sobre as práticas periciais no INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social... nunca consegui entender de que seguridade social cuidava esse Instituto, se muitos de seus peritos declaram aptos ao trabalho, pessoas que até contam com relativa funcionalidade do corpo, mas não da cabeça, ou, também, ao contrário, contam com relativa funcionalidade da cabeça, mas não do corpo... ficava a me perguntar que seguridade é essa que olha o sujeito como se fosse um amontoado de órgãos independentes e autônomos que vivem anulados ou alienados à tudo o que os compõem... mas, enfim, por meio de um colega de profissão, veio-me essa resposta!
O referido colega foi acometido por uma hepatite que o transformou num trapo humano (não sei dizer qual seja o tipo de sua hepatite, mas sei que no dia em que o encontrei recém saído da perícia, seu estado deixou-me assustada, pois parecia um cadáver ambulante). Esse colega sempre foi muito ativo e dinâmico, e, num repente, virou um farrapo que mal conseguia se arrastar... esteve por algum tempo recebendo auxílio-doença e, estando ainda absolutamente fragilizado, foi considerado pelo sábio perito, apto ao trabalho... este deferiu-lhe condições ao trabalho, visto que psicólogo não necessita do corpo para operacionalizar as suas atividades profissionais!
Talvez o perito também não necessite do corpo para desenvolver suas atividades profissionais, visto que seu olhar seja cego, seus ouvidos sejam moucos, seu cérebro seja desconectado da coluna vertebral e sua visada de mundo seja fruto de sua mirada em terceira dimensão... assim como ele, apesar disso, consiga ser perito, acredita que um segurado que esteja em tamanhas e precárias condições, também consiga dar conta de suas atividades profissionais!
Talvez isso também explique o fato de que alguns profissionais da saúde consigam atuar de forma concomitante em vários espaços de trabalho (SUS, Plantões, Consultório Particular, Outro Emprego, Entre Outros... e ainda exercer alguma representação política ou de categoria profissional)... só uma-cabeça-sem-corpo ou, talvez, um-corpo-sem-cabeça seja capaz de tal façanha... os comuns mortais não têm essa capacidade.
O interessante desse entendimento do perito é que, se o estado de adoecimento de nosso corpo não afeta nossa capacidade mental e intelectual, então também podemos passar a noite sem dormir e no outro dia mandar ver! Ou, exagerar na feijoada ou em qualquer outra coisa, e a cabeça se vira solita, sem o corpo que baqueia.
Afora tudo isso, é assustador o (des)entendimento que o dito perito apresenta sobre as coisas mais básicas da vida das gentes... se fosse gente e pensasse, talvez ele entendesse a comunicação que possa existir entre uma cabeça e um corpo... talvez ele não saiba porque nunca tenha passado por essas coisas!

Da Luta Antimanicomial

Estou postando um relato da colega Ivarlete Guimarães de França, Psicóloga Conselheira do Conselho Estadual de Saúde do RS. Vejamos:
"Olá Povo! Encaminho o relato da Audiência Pública que ocorreu na Comissão de Saúde e Meio Ambiente!
A Audiência Pública parecia ter sido promovida pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa para para tratar das "más condições de trabalho" e da falta de assistência médica e do Plano de Carreira dos Servidores do Hospital Psiquiátrico São Pedro, conforme solicitação da AFUSP - Associação dos Funcionários do São Pedro, entretanto, a mesma serviu de estratégia para que setores conservadores do hospital viessem defender suas posições raivosas contrárias à Reforma Psiquiátrica.
Estratégicamente organizados, representates dos mais diversos campos da psiquiatria gaúcha e gestores do hospital teceram elogios, ressaltando as condições de excelência com as quais se encontra o manicômio, contradizendo, inclusive a posição da AFUSP e dos trabalhadores que que falaram na Mesa de Abertura.
Estes psiquiátras criaram um cenário hilário, alegando que a Audiência Pública foi realizada para fragilizar a instituição para depois pedir o fechamento do HPSP. A confusão formada, propositadamente, favoreceu os Gestores Estadual e Municipal presentes (Arita eo Casartelli) que deixaram sem resposta as reivindicações dos trabalhadores, pois os discursos dos psiquiatras (Busnello, Coronel, Gustavo, Bruno do SIMERS, etc.) e outros setores se reduziram a palavra de ordem: "não deixem o hospital morrer, salvem o HPSP" parecia aquelas frases escritas nos muros de Porto Alegre: "Elvis não morreu, Elis vive, etc".
Na qualidade de Conselheira do CESRS, manifestei que o Conselho defendia condições dignas de trabalho para todos os cuidadores do SUS e apontei para os avanços da Reforma Psiquiátrica, onde foram implantados 132 CAPS no estado e abertos 875 Leitos Psiquiátricos em Hospitais Gerais, 600 Leitos Clínicos para atender usuários de álcool e outras drogas, mas que ainda restavam 810 leitos em hospitais psiquiátricos que deveriam ser substituídos com a ampliação da Rede". Ressaltei que a III Conferência Estadual de Saúde Mental intersetorial RS, ocorrida em maio deste ano, contou com mais de dez mil participantes de diversos municípios, onde a sociedade gaúcha referendou a Reforma Psiquiátrica como sendo uma importante política pública de estado, devendo ser colocada em prática pelo poder público, cujas propostas formuladas foram aprovadas também na IV Conferência Nacional em Brasília.
Os trabalhadores denunciaram as más condições para o atendimento dos pacientes, alegando que o hospital está infestado de ratos e outros parasitas. Depois de ouvir as queixas dos trabalhadores referí que se hovesse mais investimento dos Gestores na rede de serviços substituvos chegaria o dia em que trabalhadores e usuários não precisariam mais conviver confinados nestas institições totais dividindo espaço com os insetos.
As propostas dos psiquiátras, foram de que HPSP deverá se transformar em um complexo de ecxelência em Ensino e Pesquisa, que deverá ser criada uma Fundação de Neurociência, um Instituto de Psiquiatría, se transformando na maior Referência para Formação em Saúde Mental no Brasil. Pena não haver nenhuma universidade presente para apresentar um outro contraponto para o deputado, Gilmar Sossela, Presidente da Comissão, que pareceu bastante seduzido com a proposta dos psiquiátras!
Na fala da Secrtária de Saúde Arita Berggmann ficou claro que a intenção de seu Governo é revitalizar o hospital e que para isso, serão investidos no HPSP, R$ 1,5 milhões que já foram licitados. Depois desta colocação da Secretária eu questionei sobre por onde passou essa discussão que definiu estes investimentos no HPSP, visto que a alegação do gestor no CES tem sido a de que faltam recursos para investir nos CAPS e nos demais dispositivos da rede.
No final da Audiência, ao ser citada várias vezes, pedi novamente a palavra e chamei atenção do Deputado Gimar Sossela, para a mudança do foco da Pauta da Audiência e ressaltei que da próxima vez em que a Reforma Psiquiátrica fosse ser debatida e avaliada, deveria ocorrer de forma ampliada, com o conjunto da sociedade e não apenas entre os Servidores do HPSP.
A situação foi tão surreal que o Paulo Michelo foi apontado pelo SIMERS como sendo Presidente do Fórum Social Mundial e que ele era contra os psiquiatras, coisa que o Paulo respondeu a altura, dizendo fazer parte de um colegiado do FGSM e que seu Movimento era antimanicomial e não antipsiquiatria!
Ao terminar a Audiência, usando um tom irônico, o Sr. Busnello se dirigiu para me dizer no "pé" do ouvido que eu não ficasse desapontada mas que ele teria que me informar que o Michel Foucault era homossexual, eu respondi que eu não me sentia desapontada uma vez que eu nunca me interessei pela sexualidade dele, mas alertei ao Sr. Busnello que seria importante ele procurar descubrir quais fantasias motivavam seu interesse pela opção sexual do Michel Foucault. A coisa descambou para este nível!!
As quatro pessoas que fizeram o contraponto em favor da RP foram: Ivarlete, Paulo Michelom, Sandra Leon e Silvia Giugliane, eramos, nós, contra todos! Sentimos muita falta da presença do conjunto da nossa militância gaúcha! Sabemos que o momento é difícil para todos, mas não podemos nos ausentar destes espaços de enfrentamento, neste momento, esta nunca foi a característica dos lutadores sociais do nosso estado! A bém da verdade, a RP está constantemente sendo ameaçada e a qualquer momento poderemos ter surprezas pela frente, com o recrudecer da Era dos hospícios novamente! Ficamos sabendo que além dos investimentos que serão feitos no São Pedro, foram aberto mais 30 leitos no H. Espírita que estão sendo gerenciados pelo Mãe de Deus.
Att. Ivarlete Guimarães de França - Conselheira - CESRS - Fone 51 84328067- 51 98088582"

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Para cão comer!

Assumo que não aprecio falar em futebol... esporte que ainda é esporte somente nos campinhos e olhe lá!... no mais, tornou-se um mundo de corrupção e usurpação da dignidade de jogadores, torcedores, etc.
Os clubes de futebol foram transformados em grandes produtores de lucro pra servir à fome devoradora das federações, dos cartolas, dos empresários, entre outros. Assediam e agenciam meninos que mal saíram das fraldas, dopando-os com valores da moral hipócrita e do cheiroso mundo do consumo, os “revelam” e jogam os adocicados garotos na arena da disputa... todos desejam ser os melhores... todos querem ser vistos por quem possa pagar mais e melhor por seus virtuais “passes”... geralemente são vendidos para colocar mais dinheiro nos cofrinhos dos gananciosos cartolas.
Esses garotos geralmente crescem com os referenciais desse mundo podre em que se banaliza a vida, a humanidade e a solidariedade. Crescem não para serem mais um no coletivo, mas para serem aquele que brilha no alto da montanha das ilusões, para onde o coletivo olha, se emociona, vibra e deseja estar! Crescem pensando que realmente estão no topo e que nada os atinge... não sabem o que está no outro lado da montanha!
É assim que essa gurizada, na sua grande maioria, fica agoniada para se sobressair e ganhar valor comercial... vende-se seu nome, sua camisa, seu corte de cabelo, seu corpo, seu passe... ficam tão esquecidos do fato de praticarem um esporte, que não se constrangem em se tornarem papagaios de publicidade de bebida alcoólica, refrigerante, cigarro, entre outras drogas... tornam-se atores... perdem a capacidade de serem aquilo que realmente são... devem se comportar conforme à cartilha do poder futebolístico que os comprou, pois são seus princípios que alimentam suas cabeças... a grande maioria segue o regimento, mas muitos deixam à mostra a realidade que fica escondida por trás da montanha, nas coxias, por trás das luzes ofuscantes da ribalta, e assim também mostram que aquela imagem projetada no topo seja apenas ilusão de ótica.
Os garotos são transformados em pobres meninos-ricos que seguem o faro que o cheiro do consumo lhes registrou na memória... recebem por um mês de trabalho, aquilo que a maioria dos trabalhadores nunca chegará perto de alcançar, ralando dia e noite durante toda a vida... querem comprar tudo o que o dinheiro lhes permite comprar, inclusive a dignidade dos outros, assim como a sua lhes foi comprada... muitos, com dificuldade para construir relações humanas e afetivas, compram o tempo e o contato com as pessoas!
É assim que, o que poderia ser só um exercício sexual grupal (no caso das orgias protagonizadas por jogadores de futebol que a GLOBO não ousa dizer o nome, pois atingiria seus próprios interesses comerciais, assim como de seus anunciantes), transforma-se numa aviltante ciranda de hipocrisia e podridão... num balaio de sexo, drogas, hipocrisia, arrogância e degradante auto-afirmação.
Nessa teia, Bruno, o goleiro do Flamengo, prendeu seus caracóis... menino vindo da miséria afetiva, humana e social, esmagado pelos chutões que o expurgaram da própria vida, foi aos poucos idealizando a própria imagem que quis projetar no topo. Aliciado pelo devorado mundo futebolístico, tornou-se mais um garoto de programa do futebol brasileiro. Os valores que lhe foram planteados por esse mundo-cão, cruzaram com os valores que o tornaram forte para sobreviver em meio aos cacos de existência que foi colando para sobreviver.
Juntou isso tudo, com o poder daqueles que ateiam fogo nos podres poderes... cruzou seus trocados com os trocados do mundo das drogas, do crime contra a vida, do cenário que fica ofuscado pelas luzes da ribalta... as luzes só foram apagadas e o cenário apareceu, porque alguma coisa saiu errado no espetáculo... Bruno ia seguir normalmente a sua vida, retomando o Brasileirão, fazendo defesas com cara de quem vai espancar a bola, fazendo orgias com garotas de programa cujos nomes talvez nem viesse a saber, os cães de seu amigo seguiriam comendo as tenras carnes de outras moças e de outros corpos que fossem apagados por trás da ribalta... o sítio de seu amigo continuaria recebendo estranhamente o descarte de “carcaças de animais”... as mulheres seguiriam sendo contempladas no papel de objeto e para tal continuariam sendo convocadas para serem servidas nas bandejas ao lado das bandejas de drogas... Bruno poderia vir a ser o goleiro da seleção do Ricardo Teixeira em 2014 e pisotear tudo e todos que marcaram as patas em seu imagnário.
A garota de programa, atriz pornô, etc., que teve um filho com Bruno, quase foi crucificada por suas ocupações profissionais, numa tentativa de dizer que o inocente jogador a conheceu numa farra... quis sair ileso dessa festinha que serviu seus restos aos animais!
Tudo isso, não é pelos míseros trocados que teria que pagar como pensão àquela que a mídia-hipócrita transformou em sua amante... não é pelo filho que ele quis que ela abortasse (nesse caso, somente um estorvo)... não é por tão pouco... talvez seja porque tudo isso ameaçava apagar as luzes da ribalta e dar a ver o que compõe o cenário esquecido por detrás da cortina... certamente só será visto esse recorte do cenário e se jogará o pano sobre as demais ossadas que foram descartadas naquele sítio, ou sobre as ossadas descartadas pelo mundo do futebol, ou as do mundo do tráfico (que serve principalmente à burguesia discreta e podre), ou as do solene mundo capitalístico e do consumo... Bruno, o jogador, talvez logo seja reabilitado pelo próprio Flamengo ou por algum clube estrangeiro... afinal, como ele próprio disse “quem nunca saiu no tapa com a mulher?”, ou quem nunca matou alguém e jogou para os cães comerem, ou quem nunca se relacionou com outras pessoas como se elas fossem meros objetos?... talvez os pobres cães é que sejam penalizados, pois comeram os restos da garota tirada do cenário e esqueceram de limpar o focinho!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

UMA CANÇÃO-RECADO

FOI NO MÊS QUE VEM - De Vitor Ramil Para Ana Ruth
Vou te vi. Ali deserta de qualquer alguém.
Penso, logo irei. Que seja antes minha que de outrem.
Quando o vento fez do teu vestido. Um dom que deus te deu.
Claro que eu rirei. Ao vendo o que outro alguém não viu.

Vou andei. E me chegando assim te cercarei.
Digo, aqui tô eu. Que te amo e às tuas pernas quero bem.
Já que estamos nós. Te sugeri-me então o que fazer.
Claro que eu beijei. Ao tendo o que outro alguém não quis.

E tudo isso. Foi no mês que vem.
Foi quando eu chegar. Foi na hora em que eu te vi.
E mais que tudo. Foi no mês que vem.
Foi quando eu chegar. Na hora em que eu te quis.

Vou fiquei. No teu chegado e tu chegada ao meu.
Penso, grande é deus. Um paraíso prum sujeito ateu.
E pensando assim. Farei aquilo que o teu gosto quis.
Claro, eu já ganhei de volta. Tudo o que eu quiser.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Rebordeios do SUS

Antes de falar da dita “diferença de classes” no SUS, quero falar um pouco de algumas coisas que já mencionei em outros escritos, pois acho que nunca é demais contornar algumas letras com grafite molhado.
Como fazer o SUS acontecer efetivamente como política pública? Muitos trabalhadores do SUS atuam ainda guiados pelo velho ideário da gorda saúde dominante, entre os quais encontram-se aqueles que desacatam os usuários ou tratam-lhes como se estivessem fazendo um custoso favor, mas muito apreciam colar nas paredes, feito um crucifixo para espantar satanás: “Desacato – Art. 331 – Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: pena – detenção de seis meses a dois anos, ou multa”... nada é dito sobre o desacato ao Usuário!
Outros fazem do SUS, mais um “bico”, em que tem uma atuação “THE FLASH”, atendendo os usuários sem nem sequer terem tempo de olhar em seus olhos ou de escutar a história que lhes habita.Outros são franco-usurpadores da coisa pública e, ao contrário dos fazedores de bico que reduzem a jornada de trabalho para equipará-la aos baixos salários que recebem, pretendem supervalorizar e super-dimensionar seus salários, outorgando-se um valor acima de tudo e de todos... chegam ao descabimento de declararem-se merecedores de um salário muito superior ao dos demais, para se manterem suas atuações “the flash”!
Outros estão absolutamente fora do ideário preconizado e ancorador do SUS... exemplifico com uma situação em que, atendendo uma usuária que passara por uma tentativa de suicídio e que, apesar de estar medicada e em atendimento psicológico, ainda continuava em intenção de morte, necessitei discutir com a médica que prescrevera a medicação e fazia o acompanhamento à referida usuária, para que fosse feita a revisão e adequação da medicação prescrita, quando, para minha estúpida surpresa, recebi um retorno da mesma atendente que fora chamar a médica ao telefone, que a mesma declarara que não tinha nada para falar comigo e que não falaria... numa nova tentativa, mais tarde, ela reafirmou o dito... fiquei matutando, com isso: será que essa colega de trabalho pensa que trabalho em rede seja trabalho de pescador ou de quem gosta de ficar atirado numa rede enquanto a vida passa por baixo?! Fiquei sem resposta, até porque não tenho como saber o que pensa uma colega que não fala com os demais colegas!
Nem falarei aqui sobre a questão da valoração das remunerações ou da precariedade das mesmas para os trabalhadores das políticas públicas em geral. Somente sublinharei que quando fazemos um concurso público ou escolhemos trabalhar em determinado lugar, sabemos de antemão quais sejam as condições de trabalho e de remuneração, sendo que, a partir disso, são outros campos de luta que se faz necessário articular.
Veja-se que quando falo em campo de luta, não me refiro ao exercício desigual, injusto e crápula do corporativismo ou da pressão covarde que muitos trabalhadores públicos exercem no campo em que atuam. Por exemplo, o que pode justificar que uma pessoa que é nomeada para trabalhar 40 horas semanais, que é remunerada para tal, ache justo, digno e ético trabalhar somente no máximo 6 horas por semana e ainda entender que deve ganhar mais, enquanto os usuários devem esperar mais de 3 meses para serem precariamente atendidos por esse mesmo trabalhador?! Ou o que justifica que alguém seja nomeado para trabalhar 20 horas e o faça em no máximo 8 horas semanais?
E é necessário dizer que não se trata de meramente cumprir horário, ou de fazer o discurso de que o que interessa seja a qualidade do trabalho... não sei como se pode mensurar o trabalho de alguém que entra e sai rapidamente, sem mal ser visto e sem esboçar uma palavra sobre o trabalho que desenvolve e em que atua.
Sublinho também, que não se trata de criar ou ampliar as desigualdades salariais, como foi o caso de determinados programas que definiram salários mais altos visando à dedicação integral dos trabalhadores de todas as áreas que aí atuam, o que, por si só, não garante a qualidade do atendimento, nem o formato que lhe é preconizado. Sem contar que, no caso dos PSFs (agora ESFs), o trabalho que deveria ser desenvolvido seja o trabalho cartográfico que reconheça os movimentos das gentes que aí vivem e possibilite construir coletivamente os agenciamentos que fomentam a cultura da saúde e não do adoecimento ou da panacéia medicamentos... mas não é isso que se faz na maioria dos lugares, mas sim, uma atuação cercada por viseiras que impedem os trabalhadores em saúde de olharem um metro além do riscado do mapa que indica a região de cobertura daquele PSF (já ocorreu de me ser negado atendimento à uma usuária porque a mesma mora a meia quadra do fim do riscado da região de abrangência do PSF), ou uma atuação centrada no saber médico... saber médico de médicos que sentam em seus gabinetes e atendem fichas!
No mais, afora as questões próprias à efetivação dos projetos, programas e serviços da política pública de saúde, o que impede o rompimento com essa cultura usurpadora da dignidade das gentes, guiada pela arbitrariedade e pelo autoritarismo corporativo de muitos trabalhadores, talvez esteja do mesmo lado desses que defendem a “diferença de classes” no Sistema Único de Saúde... são todos da mesma estirpe... são aqueles que não resistem ao massacre do sistema dominante porque fazem parte de suas idéias, de suas intenções, de seus propósitos e de sua contumaz exploração da dignidade da maioria das gentes!
Quem quer a garantia da “diferença de classes”, quer atender apenas aos interesses individuais e não coletivos... quer atender às necessidades de poucos e não da grande maioria... quer usar o poder financeiro para não ter que andar nas mesmas veredas em que andam quase todas as pessoas do Brasil... são esses os que não participam das lutas que interessam ao coletivo e exercem a influência que os caracteriza, para deixar ao léu, uma caminhada de construção do SUS que já custou muita estrada para quem segue suas trilhas e, simplesmente, pisotear uma luta e um campo que é de todos e não desses poucos que cuidam dos interesses de poucos!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

DIVULGAÇÃO: Seminário Outras Palavras

Seminário Outras Palavras, a ser realizado nos dias 6 e 7 de agosto.
O Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul promoverá nos dias 6 e 7 de agosto o Seminário Outras Palavras. O evento, aberto a psicólogos e estudantes, ocorrerá no auditório do CRPRS com o objetivo de aprofundar o debate sobre o cuidado de pessoas que usam drogas, priorizando os direitos humanos e o protagonismo cidadão e tendo como diretriz a redução de danos. Na ocasião também será lançado o livro do Grupo de Trabalho Outras Palavras, uma coletânea de artigos sobre o tema.
O GT Outras Palavras vem defendendo, desde sua criação em 2008, um projeto na perspectiva da coletividade e respeito à diversidade, à defesa dos direitos humanos e à melhoria da qualidade de vida. Exemplos de projetos nesta perspectiva são a criação de espaços de lazer, esporte e cultura em comunidades e o fortalecimento da rede de cuidados com o envolvimento de diferentes segmentos da sociedade.
O Seminário contará com a presença já confirmada do psicólogo Eduardo Passos, da Universidade Federal Fluminense, e do historiador Ricardo Charão. As inscrições para o seminário são gratuitas e deverão ser enviadas para o e-mail eventos@crprs.org.br. No final do evento haverá a entrega de certificados.

domingo, 11 de julho de 2010

Para uma amiga que não se importa em morrer!

Venho, neste escrito, esboçar algo um tanto sentimentalóide, mas vital... literalmente vital! Tenho uma amiga que talvez seja uma das mais importantes em minha vida pessoal e profissional... talvez ela nem saiba disso... e, há algum tempo, foi constatado que ela tem um problema nas veias carótidas que pode levá-la à morte a qualquer momento, sendo que um tratamento rigoroso poderia amenizar essa situação, mas ela, fazendo Doutorado, escolhe primeiro dar conta disso e, se sobreviver, pretende cuidar de sua saúde depois disso... não só porque esteja fazendo doutorado, mas principalmente porque ri da vida para não ter que rir com ela!
Essa amiga tem uma filha linda... linda em todos os sentidos... que tem um nó no peito quando tem que falar dessa possibilidade de que a mãe possa se ir, sem mais e nem menos, mas pelo absoluto individualismo dela.
Tenho um tamanho apreço pela vida, porque, por escolha própria, seguidamente ela ameaça me faltar... para enfrentar seu contraponto, acordo todos os dias e enfrento tudo o que tenho que enfrentar... isso me fez criar um apreço inestimável por ela... espalho suas sementes por todos os lugares em que transito... penso que essa seja a única coisa que temos: A VIDA... é tão certa e, ao mesmo tempo, tão incerta, que tudo o que agregamos à ela seja a potência mais absoluta que possa justificá-la.
Há mais ou menos dois meses estive com essa amiga e conversei com sua filha sobre como a mãe estaria conduzindo a situação. A filha disse que a mãe não estava se importando com o estado e adoecimento, mas que ela se importava com isso.
Ontem estive novamente com essa amiga e quando falamos dessa questão, não consegui dizer nada do que penso... fiquei atordoada... apesar de todas as minhas convicções anarquistas e anti-totalitárias, entendo a vida como nossa única vontade de potência... depois da vida há somente o que fomos e o que poderíamos ter sido!
Para entre-finalizar, trago um escrito-sonho dessa mesma amiga – “Deleuze: o Outro - Nov. 1997: Numa loja de idéias, toco mostruários invisíveis, pensamentos em meio a cabides transparentes e vazios. Corpos despidos, (des)conhecidos, saltam sobre os balcões. Correm. Escondem-se. Estranho o tumulto que me invade pelo avesso, desprezo a agitação e parto para uma longa rua escura. Em minha direção corre um vulto. Parece um homem. Seria um vampiro? Um morcego? Vem saltitando todo de preto. Flutua. Sonha um vôo e bate sua capa preta como se fosse asas. Dou volta. Entro na loja de pensamentos e ouço a anunciação de Deleuze. Enfrento-o solitária e excitada. Sou aquela que no seu estado de paixão/afetação quer ser possuída pelo vampiro. Acordo. Reviso rabiscos de outros tempos e corrijo um texto que fala com quem escreve. Depois de tê-lo riscado, mudado palavras, assusto com o nome entre parênteses: Deleuze. Jurei minha, esta escrita. Rio com o texto todo cheio de “correções”. Quem é o autor? A mordida vem antes? E quem vem depois?”
Sem mais, para o momento!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

DIVULGAÇÃO: Revista Digital Panorama Critico

Caros amigos, aqui vai o link da revista digital PANORAMA CRÍTICO, com um dossier sobre o Vidas do Fora. Esperamos que gostem! abraços...
http://panoramacritico.com/006/
tania galli & luciano bedin

DIVULGAÇÃO: Método de Dramatização de um Currículo

DIVULGAÇÃO: Congressos

CONGRESSO INTERNACIONAL “SOLIDÃO NOS LIMIARES DA PESSOA E DA SOLIDARIEDADE: ENTRE OS LAÇOS E AS FRACTURAS SOCIAIS”
III CONGRESSO DA SOFELP – SOCIEDADE DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA
1ª circular - Informação Geral
Nos dias 18, 19 e 20 de Maio de 2011 terão lugar em simultâneo o Congresso Internacional “Solidão nos limiares da pessoa e da solidariedade: entre os laços e as fracturas sociais” e o III Congresso da SOFELP – Sociedade de Filosofia da Educação de Língua Portuguesa com a colaboração da SOFPHIED – Société Francophone de Philosophie de l’Éducation.
Este evento é uma iniciativa conjunta do Gabinete de Filosofia da Educação / Instituto de Filosofia da Universidade do Porto / R. G. Filosofia da Educação no Espaço de Língua Portuguesa, do ISCET – Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo / área do Serviço Social e da SOFELP - Sociedade de Filosofia da Educação de Língua Portuguesa, em parceria com a SOFPHIED.
Espera-se com este encontro uma partilha interdisciplinar de conhecimentos e reflexões a partir de problemáticas incontornáveis da sociedade contemporânea como o são a solidão e a solidariedade nas suas conexões complexas com os projectos educativos e de intervenção social. Para além de conferências e mesas-redondas conduzidas por especialistas nestes domínios, haverá espaços para a apresentação de comunicações de acordo com as temáticas abaixo discriminadas.
Com esta primeira circular pretende-se anunciar a realização do Congresso e sensibilizar para a participação no mesmo investigadores, professores, outros profissionais, estudantes assim como, em geral, todas as pessoas implicadas nos domínios da educação e do trabalho social, com vista a uma participação nesta iniciativa.
· Temática: As sociedades contemporâneas estão marcadas por mutações de profundo significado que nos obrigam a questionar conceitos e concepções de vida. Fenómeno de grande relevância é o da transformação aguda e acelerada das relações sociais e pessoais. Relações marcadas nomeadamente pela convergência de antigos e novos laços sociais que, na sua dinâmica, se desenvolvem muitas vezes numa relação crítica com a emergência de fracturas sociais. Entre os primeiros e as segundas emerge a figura tão presente quanto indecisa da solidão, a qual, na diversidade das suas vivências e das suas conceptualizações, interroga, por sua vez, os estereótipos tradicionais da solidariedade pessoal, comunitária e societal.
Se vivemos ainda no rescaldo das opções de Thomas Hobbes sobre o estatuto do Estado, de Rousseau sobre o contrato social e de Locke sobre a propriedade, vivemos também com certeza depois deles, e, sobretudo, com outras representações sobre a coesão social e o papel do indivíduo.
Tão consumada quanto ameaçada a ideologia do progresso e, com ela, a soberania orgulhosa do sujeito humanista, importa agora debruçarmo-nos, com urgência, sobre os limites, os limiares, a vulnerabilidade e a fragilidade de um ser humano a quem se colocam os desafios do niilismo e do relativismo perante a angustiante e incontornável necessidade de esperança. Questões antropológicas, problemas para as ciências humanas, desafios para a educação, interpelações às políticas sociais e educativas, problemáticas para os olhares da filosofia…
· Secções
I. Solidão sofrida e solidão escolhida: angústia, esperança e projectos de vida;
II. As idades, os percursos de vida e a solidão;
III. Solidão e solidariedade nas sociedades rurais e urbanas: continuidades e rupturas;
IV. Solidão e solidariedade na perspectiva do futuro: liberdades e ética ambiental;
V. Ciberespaço e globalização: Velhas e novas solidões, velhas e novas solidariedades?;
VI. A solidão e a solidariedade como tópicos dos projectos educativos e de intervenção social: abordagens empíricas e epistemológicas;
VII. A solidão e a solidariedade perante os desafios da inclusão e da exclusão: os limiares da vulnerabilidade;
VIII. Solidão, depressão e melancolia: conexões e distinções;
IX. A «natureza»: lugar de solidão ou desafio às solidariedades humanas?
X. Entre os laços e as fracturas sociais: o estatuto e a reemergência da pessoa.
· Secretariado Executivo: Maria Helena Magalhães – gfe-cpw@letras.up.pt; Bárbara Neiva Santos – css@iscet.pt
· Comissão Organizadora: Adalberto Dias de Carvalho/ Ângela Maria Leite/ Maria João Couto/ Nuno Fadigas/ Paulo Gaspar
· Comissão Científica (provisória): Adalberto Dias de Carvalho/ Alain Vergnioux/ Alberto Filipe Araújo/ Angel Gonzalez Fernandes/ Ângela Maria Leite/ Anne-Marie Drouin-Hans/ Antônio Severino/ Brazão Mazula/ Carlos Sacadura/ Cleide Almeida/ Divino J. da Silva/ Elena Theodoropoulou/ Fernando Tavares/ François Gillet/ Isabel Baptista/ Jean Houssaye/ Joaquim Escola/ José Machado Pais/ Laura Santos/ Luís Sebastião/ Manuel Ferreira Patrício/ Marcos Lorieri/ Maria da Conceição Azevedo/ Maria João Couto/ Michel Fabre/ Michel Soëtard/ Paula Cristina Pereira/ Pedro Pagni/ Rodrigo Gelamo/ Silvio Gallo/ Terezinha Azeredo Rios/ Walter Omar Khoan
Nota: Informação sobre a apresentação de comunicações será em breve disponibilizada.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Agora, UMA DONA SEM CÃO!

Hoje pela manhã, acordei e fui ver a nova posseira de meu imaginário. Dormira tranqüila, sem chorar durante a noite. Acordou faceira e fazendo festa. Servi-lhe água e pão com leite. Pensei: é minha!
Mesmo sendo minha, não quis prendê-la. Quis fazer com ela, esse exercício de liberdade (vai ver, já estava querendo fazer do bichinho um sujeito que saiu igualzito a dona!). Meio arvorada, vendo tanto xixi e cocô pelo chão, quis explicar-lhe que fosse fazer isso na grama do jardim.
Saindo de casa, vi que ela veio até o portão e meteu a cara pela grade. Bati o pé para que voltasse. Fui indo e sem quando percebi, ela já me seguia. Voltei com ela e depois deixei que voltasse sozinha. Segui e ela voltou a me acompanhar de longe, até que os cães do vizinho lhe deram um susto que a fez voltar em disparada. Pensei: aprendeu e voltou pra casa.
Quando retornei para casa, fui procurando por sua carinha bonita e dei com o nada! Quando percebi o vazio, entendi que o espaço estivera ocupado... imensamente ocupado... talvez fosse tarde, deveria ter sido mais incisiva em meus afetos por ela e menos reticente em minhas reflexões sem fim. Pensei: pra que pensar tanto na vida, quando ela bate em sua porta?!
Saí a dar voltas nas ruas próximas de casa, procurando pela beldade... nada! Perguntei à uma vizinha-radar se vira a MINHA cadelinha (descrevi-a com detalhes)... a vizinha, incrédula, perguntou: SUA cadelinha? Questionei se eu não tinha cara de quem poderia ter uma cadelinha... ela riu e disse que não tinha cara e nem jeito de quem pudesse ter uma cadelinha... e emendou que certamente era uma que uma senhora havia juntado e levado no colo... disse que até viu a cena, mas que pensou que o bichinho fosse dela. Ainda me deu uns pitos por ter deixado o bicho solto.
Agora espero que ela volte pra casa... já anunciei na vizinhança que roubaram a MINHA cadelinha... ela atende pelo nome de VIDENTE (= vida+ente)... se a chamarem assim, há de saber que foi o nome com que lhe acolhi!

Algumas postagens rendem mais, outras menos manifestações de quem as lê. Sempre tento responder a todos os emails que recebo e, às vezes, rendem boas e longas discussões que acabam não aparecendo no blog, portanto, no caso da MINHA cadelinha, selecionei cinco dos emails que recebi até agora, para postar junto aqui, sendo que não coloquei suas autorias, deixando a possibilidade de que, se alguém quiser se identificar no espaço destinado aos comentários, pode fazê-lo.
1. Oi Maria Luiza, Falo do lugar de uma cachorreira assumida, mas com suas ressalvas: sigo achando que gente é gente e cachorro é cachorro (não necessariamente sempre nesse grau de evolução das espécies, mas ok!) e concordo contigo sobre a "não humanização" dos caninos (apesar de também o inverso ser muito comum, o que tem de gente cachorra por aí.., mas ok de novo!). Mas sigo achando que a vida em companhia deles é tão mais agradável. Depois daquele dia de correrias, de desassossego, nada melhor que chegar em casa e ter alguém te esperando na porta. Alguém que não vai nunca te dizer absolutamente nada.. com palavras, mas que com olhadas, lambidas, latidos, rabos balançando dão conta de preencher e enfeitar o espaço que até então só era permeado pela língua portuguesa (e as outras tantas que se fala pelo mundo..).
Xixis, cocôs.. fazem parte da história de ter um cão em casa. Mas tem tanta gente que nos importuna com tanto mais, que estou até achando bom lidar com este tipo de merda..
Gosto muito do meu e falo do lugar de alguém que torce pelo teu sim, mas que também te dá plena liberdade de escolha para o não, afinal de contas não é pelos cães que abro a minha militância. Como disse antes, gente é gente, cachorro é cachorro. E tem tanta gente ainda sendo tratada como cachorro no mundo.. Beijo,

2. oi luiza, pegue logo essa cadela.... bjs,

3. Espero que fique com ela. Posso ajudar a escolher o nome?
Você continua escrevendo cada vez melhor. Se eu for para o doutorado vou levar o Dengo. Abração.

4. Assista o filme ou veja o trailler... acho que você vai entender... http://www.youtube.com/watch?v=UFY8vW5IedY
pessoas entram e saem de nossas vidas, umas fazem historia outras desaparecem... você pode amar, cuidar, fazer tudo por elas... mesmo qdo saem de vc... elas seguem seus rumos, sem se preocupar com o vazio que vão deixar...
a historia do Hachi acontece todo dia... e gratidão, lealdade, amor incondicional... isso você só terá qdo um animal te escolher, gato ou cachorro... se dê esta chance... você precisa desta experiência muito mais do que a 'bruxinha'... (q nem precisa de espaço físico, apenas de espaço no t coração). de uma 'meio bruxa'...

5. Maria lembre-se nada é por acaso.. A cachorrinha é linda..
Não é fácil achar espaço na vida da gente para nos doarmos a outro ser que será dependente de nós por um bom tempo....mas no entanto é grandioso e maravilhoso tal experiencia. Além de ser espetacular quando redescobrimos o amor nos olhos desses seres sejam bebes ou animaizinhos ... eu que o diga nesses ultimos tempos tenho vivido a maternidade como uma doação integral...
E aí ja pensou num nome para essa fofura? Heheheh bjs e boa sorte....