segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A revolta dos cupins


Dia desses vi uma fita em que um dos personagens era ligado em colecionar moedas com defeitos, então lembrei de algo constrangedor que me aconteceu há alguns anos.
Na época, fui trabalhar num determinado espaço público e, tendo que organizar o espaço de trabalho numa sala que fora ocupada por um legendário senhor, encontrei muitas coisas antigas guardadas em armários e gavetas... numa das gavetas havia muitas moedas antigas (já sem valor monetário), o que me deixou intrigada... pensei: aguardarei o antigo ocupante da sala vir fazer o inventário de seus guardados e então conversarei sobre a história dessas moedas, para depois inventar outras histórias.
Eis que, uma colega de trabalho viu o achado e disse que queria levar aquelas moedas para o filho colecionador... respondi-lhe que não as daria, pois já tinha outros propósitos para aquilo... algum tempo passou e lá pelas tantas a maior parte das moedas sumiram... se sumiram, logo soube quem era a pessoa responsável pelo sumiço!... mas fiquei tão constrangida para tomar qualquer atitude, que nunca mais se apagou de minha memória o registro desse fato... agora, sempre que encontro com a pessoa que seqüestrou as moedas, penso: LADRA!
Esclareço que penso isso, não somente pelas moedas, mas principalmente, porque essa pessoa roubou outras coisas minhas e de outras tantas pessoas! Roubou idéias, dignidade, sonhos, vontades, potências, vida... roubou e jogou no lixo!
Enfim, a fita que vi me trouxe todas essas lembranças... eis que dormi e tive um sonho muito estranho... um sonho surreal... um sonho que me deixou meio fora do ar!
No sonho, toca a campainha aqui de casa... abro a porta e nada vejo, mas sinto um movimento no ar... no sonho, penso: deve ser Gentil, o gato que me escolheu para si... olho ao redor e não vejo Gentil... tranco as portas, pensando que seja uma tocaia... volto para o escritório e sento para retomar a leitura que estou fazendo, mas eis que ouço falas... olho ao redor e vejo cupins acenando sobre o computador... vejo que os cupins são do tamanho natural, mas uma ilusão de ótica os torna do tamanho de humanos... um deles fala: por favor, não pensa e apenas nos escuta!
No sonho (e em sonhos pode acontecer qualquer coisa!), recosto-me na cadeira e o cupim falante se põe a falar... primeiro tenta controlar a ansiedade... acalmo-lhe, dizendo que não acho estranho conversar com cupins, pois o faço com outros bichos também... ele explica que os cupins habitam aquela abóbada da prefeitura de nossa comunidade e que se alimentam das lembranças que têm das madeiras que já comeram, pois aprenderam, ao longo da etérea vida de cupins-penados, que não se come coisa pública... já entenderam que o que é feito com o dinheiro público não pode ser usado para o interesse privado... intrigada, digo que isso seja algo óbvio para qualquer trabalhador público que tenha a mínima noção sobre a coisa pública... e ele retruca que não seja assim para todos! Segue, explicando que vieram bater em minha porta, para pedir ajuda, pois estariam sendo acusados de prevaricação (e, para esclarecer, disse-me: “olhe em seu preto da FAE, que PREVARICAR significa: ‘Trair ou fugir do dever; faltar, por interesse ou má fé, aos deveres do seu cargo, do seu ministério; torcer a justiça; proceder mal; corromper; perverter’”)... peguei o preto (no sonho) e confirmei o dito... o cupim prosseguiu: “veja, você, que a fulana (e o nome da fulana era o mesmo da que me surrupiou as moedas antigas) levou para a sua própria casa, os móveis antigos que encontrou no local em que foi trabalhar como carrasco” (perguntei, no sonho: “como carrasco?”... e o cupim, confirmou balançando afirmativamente a cabeça)... olhei para o cupim (no sonho) e pensei: “esse cupim é maluco!”... o cupim, lendo meus pensamentos, disse (no sonho): “eu sei que você deve estar pensando que eu seja um cupim maluco, mas não sou!”... pensei (no sonho): “acordo ou não acordo?”... fiz cara de crença e o cupim prosseguiu explicando que a tal fulana levou os móveis para sua casa depois de dizer para os demais humanos que dera baixa (no registro patrimonial da prefeitura) nos móveis, sob o argumento de que estavam comidos pelos cupins... e esse era o motivo para estarem me pedindo socorro (os cupins), pois queriam que eu dissesse alguma coisa, esclarecendo que eles teriam a mais exata noção de que não deveriam comer os móveis públicos (temiam serem descobertos na abóbada da prefeitura e dizimados com algum veneno pior do que essa calúnia da dita que roubou os móveis antigos!)... perguntei-lhes se poderiam indicar alguém que pudesse comprovar o que diziam... exaustos, responderam que sim!
Disseram que uma tal Natalina poderia ir na casa da Ladra e comprovar que alguns dos móveis antigos que estão naquela casa, fizeram parte do mobiliário do local em atuara antes da Ladra assumir o posto... disseram, ainda, que outras pessoas que trabalham no mesmo lugar que ela, foram em sua casa e viram os móveis compondo o mobiliário de sua residência (e não apresentavam nenhuma mordida de cupim!)... passei algum tempo (no sonho) pensando... então, telefonei para algumas das pessoas indicadas pelos cupins e todas confirmaram o que eles diziam... tentava acordar, mas os cupins continuavam me olhando... percebendo meu conflito, disseram que poderia, também, conversar com uma vizinha que vira o caminhão descarregando os móveis (que eles foram acusados de terem comido!) na casa da Ladra... falei com a dita vizinha que confirmou o que me fora informado! Para me acalmar (no sonho), pedi um tempo aos cupins, para que pudesse pensar na melhor coisa a fazer... por sorte, eles entenderam o meu conflito!
Quando, enfim, consegui acordar, aquilo que senti no sonho me parecia tão real! Pensei que não havia como ser real, aquilo que os cupins me contaram... fiquei matutando como alguém poderia fazer aquilo que a tal “Ladra” teria feito, sem a conivência de alguém ou sem o conhecimento de outras pessoas... como poderia alguém ser tão idiota ao ponto de fazer o que até os cupins sabiam que não se deveria fazer?!
Levantei da cama, tomei um café forte, depois dois litros de chimarrão, tentando fazer apagar aquela sensação produzida pela surrealidade do sonho... mas as falas dos cupins não paravam de latejar em meu corpo e em minha memória onírica... então resolvi falar, efetivamente, com alguns personagens do sonho... estupefata, catatônica, incrédula, ouvi das pessoas para quem liguei, as mesmas falas que fizeram no sonho!... atordoada, tentava entender se ainda estava sonhando, ou se já havia acordado... numa última tentativa, liguei para uma amiga e colega que, diante da minha agonia, perguntou: “mas eu não havia lhe contado isso?”... então acordei, definitivamente!... acordei e pensei: “que é que eu faço com isso?!”!!!!!!!!!!!!!!
... tomei uma cachaça de alambique, fumei um cachimbo e fui ler... pensei: “é melhor continuar confundindo a realidade com a literatura, do que admitir que tudo isso seja verdade!”..

4 comentários:

  1. Eu também vi esse caminhão20 de setembro de 2011 às 19:57

    Maria Luisa, tu não me ligou então acho que eu não tava no teu sonho. Mas não quis deixar passar e avizar que eu também vi esse caminhão chegando na casa duma vizinha minha. Será que a minha vizinha é a mesma que tu fala?
    Eu sabia que já tinha visto aqueles móveis em algum lugar.

    ResponderExcluir
  2. Crusesssss! Guardadas as devidas proporções da boa literatura da Dielo, o resto é caso de POLÍCIA!

    ResponderExcluir
  3. Já ando com medo de ler teu blog Dielo, porque cada vez ta aparecendo mais podridão. Então a mulher tem a cara de pau de levar os móveis da prefeitura pra casa dela e fica nisso?
    E os servidores da secretaria são conivente com isso? Se ela leva todo mundo leva.

    ResponderExcluir
  4. Quando me falaram que a secretária da assistência tinha roubado os móveis da secretaria pensei que tavam exagerando e caluniando. Depois é que fui ver que era verdade.E a gente ainda tem que trabalhar com uma ladra dessas.O bom é que logo ela sai de la pra ser candidata a vereadora.

    ResponderExcluir