sábado, 17 de setembro de 2011

Não Me Abandone Jamais

Para ver a crítica de cinema costumo buscar, entre outros, o Bruno Carmelo (que também dá no Le Monde Brasil e no Outras Palavras), mas desta vez, vou de CINE POP, que está mais dentro da coisa que estou pensando por oras e por bolas. Enfim, um filme que vale uma olhada! (E na próxima postagem faço mais rizomas!).
O romance “Não Me Abandone Jamais” foi escrito por Kasuo Ishiguro - um escritor nipobritânico - e publicado em 2005. Pouco tempo depois já era aclamado pela Revista Time como o melhor livro da década. Não demoraria até que a história fosse parar nos cinemas.
Tudo se inicia numa hipotética 1952, quando a cura para as principais doenças da humanidade teria sido descoberta, através da doação de órgãos, advindas de clones humanos. Kathy, Tommy e Ruth são três destes clones; crianças criadas numa escola isolada, cuja principal regra é a superproteção dos alunos, para que eles não contraiam nenhuma doença e sejam seres capazes de doar órgãos saudáveis.
O destino daquelas crianças é um só (a doação) e é sabido que após algumas cirurgias para a retirada de seus órgãos, realizadas no início da fase adulta, elas morreriam. Mas os três amigos acreditam que exista uma chance de adiar as suas doações – e consequentes mortes – caso eles consigam provar que existe amor verdadeiro entre dois deles.
A adaptação para as telonas se deveu pelas mãos de Alex Garland, um especialista em roteiros futuristas e realidades alternativas, autor de das histórias de “Sunshine – Alerta Solar”, “Extermínio” (ambos dirigidos por Danny Boyle) e já contratado para escrever o roteiro do badalado “Halo”, previsto para 2012. Apesar de complexo, o roteiro trás situações críveis, como se aquela realidade fosse mesmo possível – e nos faz acreditar que realmente o são, de forma quase documental.
A escolha por não se construir um futuro, mas sim uma realidade alternativa, fez com que a direção de arte só tivesse o trabalho de reconstituir fidedignamente épocas já existentes e não se preocupar com objetos de ficção científica, nem muito menos que fosse preciso contratar especialistas em efeitos visuais, algo que também possibilitou o financiamento barato do filme. Na tela, o efeito de tal escolha surte ainda maior, pois a situação é perfeitamente plausível, afinal, a criação de clones humanos para fins donatários já é assunto discutido atualmente pelos cientistas.
Seguro, o diretor Mark Romanek (Retratos de Uma Obsessão) não deixa pontas soltas e mostra que sabe dirigir um grande elenco, arrancando atuações inspiradas de Carey Mulligan (Educação) e Andrew Garfield (A Rede Social), além de ainda poder contar com uma pequena, mas marcante participação de Sally Hawkins (Simplesmente Feliz). A ponta fraca da corda só é segurada mesmo por Keira Knightley (Piratas do Caribe), que se esforça, mas nem seus biquinhos convencem, num papel que definitivamente não fora feito para ela.
Os clones de “Não Me Abandone Jamais” acreditam que a pintura é uma arte capaz de revelar a alma dos seus autores. Se o mesmo valer para o cinema, a alma dos responsáveis por este projeto mostram ser grandes talentos da arte de se contar boas histórias.

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