quarta-feira, 10 de março de 2010

Poetagens Alheias

Das poetagens de que muito sei, trago hoje: "DE RELÓGIOS OU DE TEMPO", de Joan Edessom de Oliveira – "De relógios eu nada sei/ sempre temi o tempo porque sempre o enfrentei/ de onde venho todos sabem do valor das esperas e conhecem a dor/ que esperar sempre é doer/ aprender esperas significa aprender dores/ quem caminhou comigo ao sol sobre cactos e pedras?/ quem comigo olhou as águas que não existiam e fitou o mundo como se o mundo inteiro fosse fome e sede?/ se não o fizeram não poderá jamais sonhar com o lugar de onde venho/ ali aprendi a temer e enfrentar o tempo/ e por isso nada sei de relógios./ sei de amanhãs, porque os tenho aprendido nos hojes e nos ontens./ de amanhas eu sei porque sonho com eles/ que meu tempo é de esperar e doer/ mas é também de sonhar o tempo/ cactos e pedras não são para pisar mas os pisamos/ porque a mirada do horizonte era a fome e a sede/ e o caminho era duro, seco, cortante/ do lugar de onde venho nada se sabe de relógios/ embora se conheça bem de tempo/ de águas, então, sabemos quase tudo e quase nada/ que elas lá são parcas e fartas/ tudo a sua vez/ e ou bem as vimos em demasia/ ou nem as conhecemos/ não digo que os rios sejam caminhos/ embora por eles tenham vindo homens e bois/ mas de caminhos entendemos nós e os fizemos ao contrário dos que/ subiram os rios: os bois e as suas gentes/ venho de longe e não sei como contar do meu lugar/ a não ser que lá se sabe pouco ou nada de relógios/ embora de tempo se tema e enfrente".

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