quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

flecheira.libertária.230


mercado de monitoramentos 
Essa semana, o WikiLeaks vazou o mapa da indústria  da inteligência no planeta que conecta empresas de tecnologia e governos na “espionagem” das populações. O chamado projeto Spy Files traz a relação de 160 empresas em 25 países que, após o 11 de setembro, transformaram o monitoramento em um setor lucrativo de produtos e serviços de grampos, escutas, identificação de voz e rastreamento de telefones, celulares, computadores, e-mails e redes sociais na Internet. Para o representante de uma empresa brasileira, o WikiLeaks se equivocou ao incluí-la na lista. A empresa alega que só trabalha com autorização da Justiça e não com “monitoramento de massa”. Tanto faz a autorização da Justiça quando o interesse é o de acoplar a vigilância dos espaços fechados aos monitoramentos a céu aberto.
identificação em fluxo 
Se antes as agências de informação de governos conseguiam grampear uma ou duas pessoas, hoje, com o monitoramento em larga escala, se controla em qualquer lugar do planeta. Empresas prestam serviços aos governos, democráticos ou autoritários, para identificar desde militantes, até “saqueadores” de lojas e o cidadão comum.  aplicativos de autogoverno  As sociedades de controle não funcionam apenas por monitoramentos imperceptíveis de empresas espiãs, mas também pelas pequenas “adesões” e “participações” mais simples, ínfimas e cotidianas. Com a proliferação de tablets e smartphones entramos na era de governos por aplicativos ou os app.Os dispositivos móveis, que podem ser levados a qualquer lugar, produzem controles cada vez mais “inteligentes” e “úteis” para o indivíduo eficiente. O “Sai desse Banho”, lançado pelo SWU, é um aplicativo para  iPhone que permite programar a duração do banho. Ultrapassado o tempo determinado toca uma música e game over. Para incentivar o uso “consciente” da água, o aplicativo calcula os litros economizados. A expansão dos app fortalece o autocontrole policial de cada um.
enredados 
Apresentada por alguns tecnólogos como rede pré-social, o Jyotish – sistema de comunicação criado por pesquisadores da Boeing para mapear os deslocamentos dos funcionários no interior dos edifícios e espaços da empresa – foi saudado por alguns devotos do facebook, twitter e similares, como o futuro das redes sociais. O Jyotish funciona pelo monitoramento num raio de cem metros das conexões de portadores de smartphones, distância suficiente, segundo um de seus criadores, para marcar exatamente a localização de usuários e das pessoas que eles encontrarem. O resultado de tal mapeamento é a formação de uma rede que previna ou  estimule com antecedência os lugares e instantes seguros para a realização de um evento. Não é de se espantar que uma tecnologia que irrompeu como modo de policiamento de funcionários seja, hoje, saudada com entusiasmo por certos jovens modorrentos que, conectados  fulltime às redes, sustentam novas tecnologias de controle sobre a vida. 
limpando a casa 
Hoje, em São Paulo, a prefeitura implementa um programa para devolver os  crackeiros às suas cidades natal. Segundo a prefeita em exercício, o retorno depende da vontade destes indivíduos e de suas famílias. A iniciativa existe ao lado de outros programas da prefeitura que buscam limpar a cidade de São Paulo. Em tempos de disseminação de valores sócio-ambientais, torna-se necessário um tratamento e destino aos resíduos abjetos das grandes cidades. São restos produzidos pela própria maneira de se conduzir a vida em uma sociedade liberal-capitalista. Os resíduos desta sociedade não cessam. A higienização também não. O  racismo se configura em novos valores morais. No limite todos nós sabemos o que se faz com o resto que não pode ser reaproveitado: queima-se.

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