paci-ficando (flash)
As ocupações militares das favelas no Rio de Janeiro seguem o conhecido itinerário, com toques de roteiro de cinema vagabundo. O Bope invade, fortemente armado e com apoio da polícia federal e forças do exército (nesse caso, a marinha); a pacificação é declarada com o hastear das bandeiras do Brasil e do estado do Rio de Janeiro; os cartazes de convocação aos moradores, em especial mães, avós e donas de casa, a entregarem traficantes são distribuídos na favela; a ocupação anuncia que ficará até a instalação de uma UPP.
paci-ficando (flash point)
As duas diferenças no atual caso da Rocinha em relação às demais ocupações, dizem jornalistas e autoridades com destaque na mídia internacional, é que nenhum tiro foi disparado e que houve recusa dos policiais que prenderam um homem considerado traficante em aceitar volumosa propina.
O programa segue dando resultados; é o que se espera em ano próximo de eleição; é o que se vende nas telas e páginas dos jornais. Um outro momento na chamada guerra ao tráfico e ao crime, com projeção internacional e concorrendo ao Oscar. Novas forças se instalam com velhas táticas militares.
i love rocinha
O logo, conhecido mundialmente, “I Love NY”, criado em 1977, pelo designer Milton Glaser, fez parte da campanha do prefeito Rudolph Giuliani que instituiu o programa de tolerância zero da cidade de Nova Iorque em meados de 1980. Hoje, após “pacificação” da favela da Rocinha no Rio de Janeiro, o presidente do Movimento Popular de Favelas, vestindo uma camisa com inscrição “I Love Rocinha”, declara que: queremos que as pessoas sejam tratadas com dignidade, com respeito, que os que cometeram crimes vão presos, mas não sejam assassinados pela polícia. Segundo o governo do estado a favela foi livrada do jugo do fuzil. Faltou completar, do fuzil apenas, pois além deste, há helicópteros, tanques, pistolas e bases militares... A princípio a comunidade aprova, desde que a militarização venha acompanhada de melhorias e assistências para o local tão amado, como as que eram sustentadas pelos traficantes.
militares
Nessa semana 400 policiais militares armados invadiram a reitoria de uma das maiores universidades do país para fazer valer um mandato de reintegração de posse expedido pela justiça. A comandante da PM, responsável pelas relações públicas da polícia paulista, declarou que nenhum abuso foi cometido e nenhuma arma foi disparada. A polícia carioca, no fim da mesma semana, também se vangloriou de ter garantido a ocupação da favela da Rocinha sem disparar um tiro. Nos dois casos havia muitas armas, de todos os calibres, com alta e baixa força letal. Não se vive uma guerra, o país está em paz e os cidadãos apenas se preocupam com sua segurança, enquanto as forças públicas zelam pela integridade física dos cidadãos. Conclusão: para garantir a paz e a segurança é preciso de muitos militares e muitas, mas muitas armas.
outro lado do sustento
Um empresário brasileiro de uma marca de jeans de luxo procura incluir moradores de “comunidades”, como a da Rocinha (RJ), em sua cadeia produtiva; usa tecidos (poucos e espetaculares) produzidos com sustentabilidade ambiental, etc., e estuda abrir uma fábrica na China. Para empreendedores globalizados, o “custo-brasil“ (leia-se leis trabalhistas, impostos para o Estado,exigências disso e daquilo), impede que a margem de lucro seja vantajosa para uma expansão dos negócios. Mas na China, o Estado comunista garante o baixo salário, a ordem no ambiente da fábrica e treina uma mão de obra milenarmente obediente e dedicada ao serviço. Perfeito! Para que essas e muitas outras marcas continuem desfilando sustentabilidade e responsabilidade social nas passarelas de luxo de Londres, Paris, New York, São Paulo, Milão, Tóquio...
consultório sem muros
Cresce o número de pessoas que deixam de ir ao consultório psi e enfrentar cara-a-cara o “doutor”. Fugiram? Não, preferem fazer terapia on-line. O novo serviço é oferecido por meio de videoconferências, utilizando Skype, nas quais o paciente interage com o psiquiatra, psicanalista, psicólogo, a um clique de distância. Em um jornal estadunidense, uma paciente se diz segura por poder carregar seu médico para todos os lugares. As tecnologias computo-informacionais certamente alteram as relações terapêuticas. Do consultório, pra qualquer lugar. Ampliam a vida como terapia contínua e ilimitada. Só não mudam a relação médico-paciente que implica, desde os manicômios, em obediência e sujeição.
protestos cooperativos
Além do Occupy Wall Street, mais uma mobilização ocorre via redes sociais, no efeito da crise. Desta vez, pelo Facebook, convoca-se a participar do Bank Transfer Day, realizado em 5 de novembro. Calcula-se que desde o início do movimento mais de 4,5 bilhões de dólares foram transferidos para cooperativas de crédito. A “causa” aglutina os “consumidores” que não querem mais sustentar grandes bancos e apostam na economia solidária para “consertar” as instituições financeiras. As cooperativas de crédito integradas à economia solidária, estão estrategicamente empregadas para expandir o empreendedorismo via programas de inclusão de populações sem acesso ao crédito e, agora, aparecem como “porto seguro” para as economias das classes médias O neoliberalismo exige planejamento, organização e participação da sociedade, até mesmo para protestos financeiros.
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