quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

flecheira.libertária.229


milicos no nilo...  
No Egito, a ditadura de Hosni Mubarak foi substituída por uma ditadura militar. Apenas para conduzir a transição, disseram os militares e subscreveram europeus e estadunidenses. Logo de cara, os militares adiaram para algum lugar em 2012 a promulgação de uma nova constituição e, mais para o futuro ainda, eleições presidenciais. Na semana retrasada, avisaram que na tal nova constituição, o papel de guardiães do Estado continuaria reservado a eles. Foi a senha para que a Praça Tahir, no Cairo, fosse reocupada por milhares de manifestantes gritando Militares fora já!
negócios e o que mais?
No ocidente, continua-se a saudar o ímpeto dos egípcios em lutar pela  democracia. Continua-se apostando que o Egito está no caminho para a democracia, entendida, claro, na sua versão liberal e ocidental. Isso se espera e para isso as articulações diplomático-militares-capitalistas entre ocidentais e árabes trabalham. Há muita grana em jogo e necessidade de controlar a geopolítica da região. Isso dá para perceber. Mas e o que se levanta na Praça Tahir? O que querem esses homens, a maioria jovens, gritando contra os militares?
cana 
Zona leste de São Paulo. Algumas crianças e jovens  aproveitam o dia nos parques da região, jogando bola, fumando  um, conversando, namorando... Sem mais, uma força-tarefa, formada por funcionários da prefeitura, policiais militares, guardas-civis e conselheiros tutelares, fecha as saídas dos parques, revista a todos e os colocam em fila,  com as mãos para trás, para serem fichados e enfiados em uma Kombi com destino às escolas públicas onde se supõe que deveriam estar. Para o coordenador do núcleo da infância e da juventude a ação foi ilegal, pois tais medidas só podem ser empregadas quando o adolescente comete ato infracional. Para estas crianças e jovens restam as punições em casa, na escola e o encaminhamento para os conselhos tutelares. A medida de exceção confirma-se cada vez mais como regra. Para os uniformizados é insuportável a leveza desobediente da vida.
acossando a moçada 
Proteção e vigilância são tecnologias que se combinam para o governo de crianças, incidindo sobre desvios, fugas e indisciplinas. Hoje, monitoramentos e participação ampliam e se diversificam a ponto de, entre jovens definidos como infratores, o governo ser uma atividade corriqueira entre os próprios governados que se policiam entre si. A flexibilizada e expandida vida polícia na sociedade de controle não prescinde, ainda, dos suplícios familiares e da perseguição policial institucional. Entre as crianças e jovens interceptadas pela força-tarefa, em São Paulo, por cabular aula, um menino de 9 anos, ao saber pelo policial que seria entregue a sua mãe, começou a tremer e chorar, antecipando a dor da surra que receberia.

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