Cobrei das sementes que plantei, o que haviam feito de suas vidas. Elas, incomodadas, mostraram seus históricos. Algumas, simplesmente nasceram, viveram e morreram; não quiseram outras coisas além disso. Outras nasceram, desejaram, produziram frutos; não saberiam existir sem isso. Outras, ainda, simplesmente ficaram plantadas, em terrenos estéreis, sem condições de irem além disso. E houve aquelas que somente murcharam e secaram.
Cobrei das flores que reguei com água ou com meu olhar, que frutos haviam produzido. Elas, estupefatas, fitaram meus olhos com pesar, como que sentindo pena de minha ignorância sobre a vida das flores. Apenas silenciaram. Mas houve as que fizeram enorme alvoroço; já jaziam insepultas, na calçada fria, algumas ainda em cores vivas e outras murchadas pela falta de cor. Estas tentaram apontar para as coisas que deixaram antes de quedar ao solo.
Cobrei dos frutos que fomentei, a que serviram com suas existências. Eles, já autônomos, orientaram que eu olhasse com maior atenção. Não tinham que responder.
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