quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

sobre a carta aberta da Associação Brasileira de Psiquiatria

Estou postando manifestação à carta aberta da Associação Brasileira de Psiquiatria, arremessada (sim, arremessada!) ao no Ministro da Saúde.
Não sabe-se se, por ignorância, prepotência, arrogância, alienação mental, política e social, ou por qual cargas d'água esses engenheiros da doença insistem em outorgarem-se o saber sobre as vidas e a política de saúde mental... não sabem que não lhes há mais trono, não por lhes ter sido tirado, mas simplesmente por não haver mais trono. Nem vertical. Nem horizontal. Simplesmente transversal. Por isso, levar "as preocupações" direto para as "cabeças" (no caso, o Ministro) e querer mexer os pauzinhos que já se esfarelaram, é de uma UNI-POLARIDADE preocupante. PENSO QUE "temos a crescente necessidade de ferramentas terapêuticas para o tratamento dos portadores" dessa falta de "transtorno" de polos.
Aí vai a divulgação:

Prezados Companheiros e Companheiras
Estou repassando ao grupo, carta enviada pela Associação Brasileira de Psiquiatria ao novo Ministro da Saúde.
Tendo em vista o preocupante conteúdo frisado, gostaria que verificassem e refletissem a respeito.
Espero que RENILA, MNLA, ABRASME e CFP, não deixem de analisar para que possamos nos prontificar quanto à estas mobilizações da ABP perante a mídia e automaticamente ao governo Dilma.
Considerando preocupante conteúdo frisado na carta.
Considerando comprometimento das deliberações da IV-CNSM-I
Considerando as consequências que podem trazer uma vez nossos procedimentos ficarem apenas em discussões de forma virtual em egroups.
Considerando a importância de movimentos sociais nacional em prol a Reforma Psiquiatrica estarem se prontificando numa resposta a altura, com envio também de uma carta ao novo Ministro da Saúde.
Considerando nosso compromisso perante ao consolidar de avanços e enfrentar desafios para saúde mental, com base na Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Considerando o que José Gomes Temporão chegou ressaltar em seu discurso durante a IV-CNSM-I "O modelo manicomial, dominante no pais até 2001, não tem mais espaço na sociedade Brasileira. Nosso principal avanço será a luta contra o preconceito. Aqueles que pensam em conseguir estancar esse processo devem saber que a Reforma Psiquiátrica veio para ficar".
Saudações Antimanicomiais
Mario A. Moro
CARTA ABERTA AO MINISTRO DA SAÚDE
QUI, 27 DE JANEIRO DE 2011 16:24 ANTÔNIO GERALDO DA SILVA NOTÍCIAS - SAÚDE
Caro Sr. Ministro da Saúde Alexandre Padilha,
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) recebeu com satisfação a nomeação de Vossa Excelência para o cargo de Ministro de Estado da Saúde. Não só pelo seu passado médico sanitarista como também pela defesa da Medicina como um todo e com o inicio das recentes mudanças em órgãos fundamentais como a FUNASA e a ANVISA, que contam com nosso integral apoio.
Acreditamos inclusive que esta atitude de mudança deva atingir a Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. Essa medida se concretizada, pode dar início à recuperação do sistema de assistência em saúde mental no Brasil.
Para seu conhecimento, há cerca de 20 anos a estrutura de atendimento em saúde mental vem sendo sistematicamente desmontada no país por grupos de interesses diversos.
Nos últimos dez anos o número de leitos psiquiátricos privados mais que duplicou, e o número de leitos públicos diminuiu de 120 mil para 36 mil; e isso ocorre ao mesmo tempo em que assistimos à escalada do crack, à judicialização da saúde e ao aumento de moradores de rua com transtorno psiquiátrico.
Outro dado assustador é o crescimentos da população carcerária com doença mental, cerca de 12%, sendo em números absolutos próximo de cerca de 60 mil desassistidos no sistema prisional, muitos que são doentes que cometeram pequenos delitos por ser moradores de rua, serem exploradores por traficantes etc. Estamos transformando as prisões em novos manicômios.
Fora isso, temos a crescente necessidade de ferramentas terapêuticas para o tratamento dos portadores de Transtornos alimentares, Transtornos Bipolares, Transtornos de Déficit de atenção e Hiperatividade, transtornos de ansiedade, transtornos depressivos, dependentes químicos e outros que não têm alternativa real de tratamento na rede pública.
Existe hoje um quadro grave de desassistência na área de saúde mental no Brasil. Saímos de um modelo Hospitalocêntrico falido e entramos em um modelo Capscêntrico sem eficiência provada. Este cenário, em grande parte, foi construído a partir do afastamento dos psiquiatras do planejamento das políticas públicas, de planejamento e de atendimento. Não temos nada na área de promoção da saúde, prevenção da doença e assistência escalonada 1ª, 2ª, 3ª implantado de forma resolutiva. Defendemos um modelo em rede que seja efetivo, com comprovada eficácia, eficiência e efetividade. Veja as Diretrizes aprovadas em resolução pelo CFM em Julho de 2010.
A Associação Brasileira de Psiquiatria há tempos tem alertado para a condução equivocada da saúde mental no país e sempre foi ignorada pela Coordenação de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. Confiamos na capacidade e na disposição do Ministério da Saúde em reverter esse quadro alarmante.
Desde já nos colocamos à disposição para auxiliar nessa tarefa tão árdua como necessária, desde a análise conjunta da equipe ideal, a indicação daqueles que atenderiam ao interesse público, sem conflitos de interesse, com a participação do CFM/AMB/FENAM.
A ABP e os Psiquiatras Brasileiros estão à disposição de Vossa Excelência para contribuir neste trabalho conjunto, de forma voluntária.
Desde já, Com meus sinceros agradecimentos, Antônio Geraldo da Silva
Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria
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Coletivo Nacional de Estudantes Antimanicomiais - CONEAMA
Fomente a discussão: coneama@googlegroups.com

2 comentários:

  1. Lamentavelmente, os familiares de portadores de sofrimento psíquico, não estão tendo alternativas para cuidar de seus filhos. As Pensões protegidas não tem regulamentação, ali eles são misturados com pacientes em situação mais grave,são agredidos e nada é feito. Os CAPs não estão dando conta da demanda existente. (Há postos que atendem grupos que tiraram férias de mais de dois meses e escolas que tem folgas aos professores além do permitido pela legislação.) À família, não resta alternativa a não ser adoecer junto morando e cuidando de seus filhos. Isto está gerando um adoecimento de grupos maiores que, sentindo-se culpados e responsáveis pelo "abandono" (que não é seu, mas do poder público) saem em busca de soluções que estão longe de serem as melhores. Não existe sistema substitutivo para cuidar de pessoas com transtorno mental e urge que tomemos decisões que sejam, no mínimo, cuidadoras de todos. Além disso, profissionais que cuidam desses portadores também precisam de cuidados diferenciados.
    Estamos com uma rede adoecida, sem pernas, sem condições de acolher sua população, sem suporte para decidir o que é melhor para seus filhos e vendo, a cada ano, a situação se agravar. Se denunciam, não tem para onde ir, se o Ministério Público fechar as péssimas pensões existentes, não há onde colocar as pessoas que ali moram.

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  2. marilice, concordo com essa visada que assinala e problematiza a limitação da rede de atenção em saúde mental, mas também acredito que, como sempre sublinho, fazer o SUS, ou a EDUCAÇÃO, ou a ASSISTÊNCIA SOCIAL acontecer depende da atuação de todos: gestores, trabalhadores e usuários... sendo todos gente, encontramos todos, também, limitações a serem trabalhadas e modificadas.
    não tenho um pensamento idealista com relação à isso, mas discordo absolutamente da perspectiva proposta pela ABP que propõe o resgate do saber médico e psiquiátrico como o cerne da verdade sobre a vida dos usuários e sobre a saúde mental, assim como, defende muitas posições com as quais já conseguimos romper, cuja retomada significaria um enorme retrocesso no campo da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica.
    acredito que sua preocupação sobre o cuidado com os cuidadores perpassa essa luta e anota o reconhecimento de que todos fazem parte da mesma questão.
    um grande e carinhoso abraço, grata pela cupidagem da val!

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