domingo, 7 de novembro de 2010

Resposta a um comentário

Respondo ao comentário feito pelo Gustavo, em postagem anterior, cujo texto está destacado a seguir: "Bom dia Maria Luiza, com licença, e gentilmente peço o espaço para trazer um assunto para a discussão. É impressionante como o jovem universitário burguês brasileiro é pouco politizado, e além disso vêm de um atravessamento de vida que não possibilita pensar sobre si mesmo. Eu não sei tu leste nos jornais um artigo trazendo a história desta estudante paulista. Bom vou te contar o ocorrido: “...Mayara Petruso, patricinha paulista, estudante de direito, saiu do anonimato para fama!, porém que fama idiota ela deixará no seu legado, via twitter ... indignada com a vitória da Dilma a patricinha fascista deu um coice na inteligência nacional dizendo: “ ...nordestino não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado. A bestinha continua disparando seu petardo:...tinham que separar o nordeste e os bolsas-vadio do Brasil, construindo câmara de gás no nordeste matando geral...” no Facebbok, a BURRINHA RACISTA se atolou um pouco mais: “...Afunda, Brasil, dêem direito de voto pros nordestinos e afundem o país de quem trabalha pra sustentar vagabundos que fazem filhos para ganhar bolsa 171...” Ainda bem que esta idiota não saiu tão ilesa da diarréia mental que teve, ela já perdeu o emprego no escritório onde trabalhava e sofrerá ação judicial protocolada pela OAB.
Ai trago uma questão para discutir por que os jovens estudantes, universitários ou não, ricos ou não, demonstram um comportamento tão idiota diante da vida coletiva, será que as academias não estão ajudando esta gente a “pensar?”, fico impressionado com o grau de idiotice de alguns, pois também não podemos generalizar, lembras do caso da estudante que foi hostilizada em SP, por causa de uma minissaia, apareceu também um bando do “rodeio da gordas”, propondo tratar meninas obesas como animais.
Como será que a mulinha da Mayara explica a vitória da Dilma em Minas Gerais?, achar que as ajudas sociais são incentivos à vagabundagem é típico de uma elite primitiva ou de uma classe média ignorante. Qualquer país civilizado a começar pela França, Alemanha, Inglaterra etc..oferece mais amparo social que o Brasil . não adianta ir à Europa só para comprar bolsas “Vuitton”, heh, e não entender como se dá as políticas públicas dela, porém a elite é tão ignorante que enche a boca com o seu duo-narcisismo para dizer que foi a Europa, mas desconhece a realidade cotidiana de um país desenvolvido socialmente para sua gente. Seria esperar muito da classe burguesa mesmo, talvez eu esteja sendo preconceituoso, porém os ricos só entendem de marcas caras e de como compensar o seu vazio existencial.
Fiquei mais indignado quando li que os analistas enquadraram os nordestinos em subeleitores que votam com o estômago. Que absurdo !. e quando um merda deste escolhe um candidato por que vai reduzir os impostos ou por outra mazela que irá lhe facilitar sua vida!, se trata de voto por interesse!, se formar olhar por esta linda enfadonha se faz a mesma coisa, ou seja quando estes burgueses atacam o povo dizendo isso, eles na verdade estão falando da sua própria miséria.
Queria também comentar esta estratégia perigosa adota pelo PSDB na campanha eleitoral,a divisão ideológica entre “bem e mal”, que perigoso isso, incitando o povo a caçar bruxas! A demonizar a democracia brasileira, inflando a ira do povo, na necessidade estúpida de um herói, reacionarismo rasteiro de uma direita burra e preconceituosa!
Bom era isso minha nobre amiga!, adorei este espaço! Obrigado pela paciência de ler o que escrevo.
Um abraço Gustavo".
Olá, Gustavo! não é necessário fazer rodeios... é só se abancar, falar e seguir a conversa!
Eu tinha visto a história dessa moça e esse foi um dos elementos que me provocou preocupação com relação à golfada de ar que as forças conservadoras tiveram com o mais recente pleito eleitoral.
Comparo isso à vida de jacaré faminto, que fica com seu corpanzil sob a superfície da água e deixa somente a fuça e os olhos à espreita do aparecimento de sua vítima... jacaré vive disso! outros animais também (em todos os sentidos!)!
Com relação à atuação das universidades na produção de pensamento, conhecimento e reflexão, acredito que tenha muito a resgatar do seu efetivo papel político contemporâneo, ou seja, deve, antes de qualquer coisa, problematizar e pensar a atualidade, em vez de servir à reprodução do modelo exploratório humano, social, econômico e político, plantado e cultivado pelo ideário capitalístico. entendo que, principalmente universidade pública e comunitária deva ser isso e não guardiã dos interesses do sistema, cultivando mentes e corpos feitos para alimentar o grande e faminto jacaré capitalístico.
Veja que não se nasce pensando e o que desenha nossos pensamentos é feito pelo traçado das coisas que vamos aprendendo no mundo... e o capitalismo dispõe de ferramentas e dispositivos que passam dia e noite martelando nas cabeças das gentes, dizendo-lhes o que seja a verdade... a televisão, os livros didáticos, os professores conservadores, a publicidade e a propaganda, os jornais, o cinema, as idéias, tudo isso e muito mais, entra na vida e na subjetividade das pessoas de forma tão absoluta, que, quem não teve uma formação para o exercício do pensamento, toma tudo como verdade a ser reproduzida e muito bem reproduzida! No mais, tomo o pensamento de Foucault para pensar a questão das relações de poder. Não há poder absoluto, mas sim relações de forças que são produzidas a partir dos interesses das gentes. O cotidiano nos mostra essas coisas a todo momento e foi pensando nessas coisas que fiz uma postagem com o título “O silêncio, enfim, deu seu grito!”, pois nós elegemos um governo originariamente de esquerda e quando vimos que não era exatamente como esperávamos que fosse, nos calamos vergonhosamente. O povo se calou. Os movimentos sociais se calaram. Os intelectuais se calaram. Todo mundo se calou e só viemos a acordar exatamente no momento em que, os conservadores e reacionários, viram a direita abrindo brecha para que pudessem fazer emergir novamente, a discriminação, o preconceito, a exploração, o fascismo e muitas outras coisas que vieram à tona na campanha eleitoral... então nos assustamos e acordamos, e é esse despertar que não pode adormecer jamais, ou seja, sendo o poder uma relação de forças, temos que produzir novos e incessantes movimentos!
Eu gostaria de aproveitar para mostrar duas das muitas manifestações reacionárias que recebi durante a campanha eleitoral (mostro essas duas que pra mim são mais emblemáticas), sem contar, um caso de uma professora universitária aqui de nossa comunidade, que enviava frequentemente, por email, mensagens reacionárias bem aos moldes do que essa moça manifestou... tudo o que significasse distribuição de renda e benefícios aos pobres, ela batia forte (até fiz uma postagem, há muito tempo, com o conteúdo de uma de suas mensagens)... e essa professora universitária nem tem uma posição econômica assim tão avantajada, exceto pelo fato de que seja pensionista do exército ou da brigada militar (algo assim)... ou seja, ela pode ser pensionista vitalícia, como filha de alguém que trabalhou para o Estado e para o povo, mas os outros não podem receber bolsa-família, bolsa-cultura e outros benefícios compensatórios!
Vamos, então, às duas manifestações!
Quando fiz o curso de mestrado, tivemos uma fala de um bibliotecário orientando-nos sobre as questões formais da produção da dissertação. Esse senhor, funcionário concursado em universidade pública, forneceu seu email para que buscássemos seu auxílio, caso fosse necessário. Acabei deixando seu email em minha lista de contatos e, durante a campanha eleitoral, enviei vários textos para meus contatos, tendo sido um deles, uma excelente análise feita por um amigo do campo da filosofia, ao que recebi, desse bibliotecário (que pelo jeito só numera os trabalhos que cataloga e não os lê), a seguinte resposta: “Olhe, não me remeta textos de propaganda eleitoral dessa famigerada sequestradora, saqueadora, assaltante que foi e continua sendo, com o meu, o seu dinheiro.... Eta povinho da memória curta....” e, não satisfeito com isso, ainda ligou para o meu celular e soltou o verbo! Veja: é uma pessoa que atua numa universidade pública e que vive em meio aos livros, mas não tem capacidade de discernir o que seja efetivo e o que seja mero petardo reacionário da direita! E o texto nem era de propaganda eleitoral!
A outra manifestação foi de um colega de curso de mestrado. Ele tem formação em economia e podemos dizer que, economicamente, seja um assalariado como nós, ou seja, não tem volumes de capital financeiro a defender, mas se alinha e defende o ideário capitalístico. Sublinhe-se: fez o curso de mestrado em uma universidade pública (a graduação nem lembro onde foi), cujo fomento vem exatamente do governo Lula e não da direita! Além do mais, pela trajetória acadêmica, seria de se esperar desse rapaz, que tivesse um pouco de lucidez teórica e capacidade analítica contextualizada, mas olhe o que diz: “Até ontem, vocês petistas, levantavam sem cerimônia a bandeira de apoio ao aborto, às Farcs, etc. etc. Aliás, basta ver os documentos oficiais do Partido e os pronunciamentos da Dilma./ No entanto, depois da reação cristã no primeiro turno, agora juram que são bons fiés de Nosso Senhor Jesus Cristo./ Hilário o oportunismo, não fosse a prática tradicional dos movimentos revolucionários de matiz socialista./ Ainda acusam o fascismo que foi um jardim de infância perto dos horrores dos regimes socialistas que tanto agradam os petistas./ Quanto aos panfletos da CNBB mostrando os documentos em que o PT e o Lula assinaram apoio ao aborto, eles são verdadeiros, foram assinados por bispos e estão circulando a mil pelo Brasil./ Aqui em Santa Bárbara, por exemplo, eu recebi 5 mil panfletos. Estamos varrendo a cidade com panfletos anti-PT. É a maior campanha anti-aborto que o Brasil já viu. Deixará profundas marcas civilizacionais. Verá.”
Exponho essas coisas, para dizer que não basta a formação vertical, é necessário existir, é necessário viver, é necessário pensar, é necessário decidir se estamos do lado das gentes ou do lado do capital, é necessário estar atravessado por uma vitalidade humana, produzindo resistência e outras possibilidades de vida que não essas que o capitalismo diz o tempo todo que devemos viver... essas coisas, a formação universitária, por si só, não garante e é aí que temos o dever de estarmos em fervor permanente, para que o pensamento reflexivo possa ser produzido em todos os lugares possíveis, pois nem todo mundo passa pela universidade, assim como, a maioria das pessoas passa o dia correndo atrás da sobrevivência material e financeira, sem tempo para si e para pensar, corroídos pela exploração e acumulação de capital daqueles que detêm os meios de produção.
Recomendo, ainda, a leitura do livro A Invenção do Cotidiano, de Michel de Certeau, que, apesar de tecer alguns poucos pontos de discordância com Foucault, mostra, para além da analítica interpretativa foucaultiana, aquilo que chama de “artes de fazer” (que é o subtítulo do primeiro tomo dessa obra), chafurdando na artesania do pensamento e das práticas populares, ou seja, como se opera esse pensa e esse fazer entre as gentes!
Em tempo: a direita não é burra! A direita somente defende seus interesses e faz isso muito bem, de forma muito precisa. Veja-se o que está acontecendo com relação à questão da subjetividade... a direita e os defensores do capital financeiro, se apropriaram da perspectiva de valoração do sujeito e da subjetividade e já subverteram a questão do cuidado de si e da produção de subjetivação, para atender aos seus interesses, ou seja, “ser empresário de si” para produzir mais, para render mais, para melhor se adequar ao que o sistema dominante necessita da patuléia! (A postagem sobre o empreendedorismo na educação mostra um pouco disso!).
No mais, grata pela provocação aberta... sempre respeito aqueles que acabam gerando conversações por email, mas prefiro essas, feitas abertamente! Um grande abraço!

2 comentários:

  1. Obrigado Maria Luiza, mas uma vez te pedi que não mandasse mais nada na minha caixa postal.
    Volta a dizer a mesma coisa, já que não partilhamos de Dilma, como falou sua colega... Prefiro
    tratar com pessoas que não saibam discriminar como vcs.
    Até mais. nem precisa dr retorno.
    biblioluiz

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  2. olá, caro bibliotecário luiz!
    desculpa-me por ter esquecido de excluir seu endereço de minha lista de contatos... não quis discriminá-lo, só pq não pensamos as mesmas coisas... mas acontece, acontece!
    é que escrevi o texto pensando também em vc e, quase que insconscientemente, selecionei seu email para enviar o link da postagem!
    ah! isto nem é um retorno, é só uma tendência a dar respostas!
    agradeço sua gentileza em fazer o reclame por ter recebido minha mensagem!

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