quinta-feira, 3 de março de 2011

os concurseiros

ando impressionada com as comentações feitas pela mídia dominante ou tonitruante, sobre a questão da suspensão temporária da realização de concursos públicos para cargos vinculados ao Governo Federal. estalou a notícia e já saiu atrás, a galope, a manifestação de associações ligadas a concursos públicos, de escolas preparatórias para concursos públicos e outros quetais. virou um comércio. um podre comércio. comércio que interessa aos "concurseiros", às gráficas vendedoras de compilações de lorotas para "estudar", às escolas preparatórias e a muitos outros espaços.
vemos pessoas que passam anos e anos se preparando para garantir vaga num cargo que propicie estabilidade empregatícia e financeira. quase não vemos pessoas fazendo concurso público para terem um trabalho, uma remuneração e uma possibilidade para trabalharem com as questões públicas. esquecem, na grande maioria, o que seja efetivamente o trabalho público. esquecem dos interesses coletivos e pensam somente na própria marmita (como diria o amigo claudio)!
e nem falo desses que simplesmente esquecem que o Estado só existem em função do coletivo. ou que exista gente no mundo. alguns já fazem o concurso, planejando tudo o que haverão de consumir, com o dinheiro suado que o povo depositou no caixa do tesouro público e que, estando lá dentro, torna-se o dinheiro perfilado que paga os míseros salários da maioria dos trabalhadores públicos, mas também, os polpudos salários de uma minoria desses!
esquecem, na grande maioria, que as instituições e a comunidade seja feita de pessoas! de gentes! e é assim que muitas das pessoas que "conquistam" um cargo público, quando nomeados, fazem qualquer coisa, menos trabalho público!
a idéia da estabilidade perdeu completamente o seu sentido principal, que seria de garantir aos trabalhadores que sejam efetivamente trabalhadores públicos, a segurança de que não sofrerão represálias, retaliações e massacres (maiores dos que já é comum sofrerem!), por parte de gestores autoritários, doidivanas, traiçoeiros e atrelados a interesses outros, que não a coisa pública; ou de que, em cada mudança de tendência política na gestão, ocorra o descarte dos trabalhadores; ou que se tenha continuidade na prestação dos "serviços públicos".
estabilidade, para esses que a perseguem cegamente, tornou-se o interesse individualista que visa a garantir um emprego, uma remuneração e a possibilidade de que a coisa dure até a morte ou a aposentadoria.
talvez seja por isso que muitos (pseudo)trabalhadores públicos tenham tanta dificuldade para pensar, para problematizar suas práticas (que muitas vezes se constituem somente em arremedos e repetições de modelitos prontos e acabados) ou para produzir o novo! aliás, o novo, para esses, é aquilo que o consumismo lhes garante adquirir para substituir o velho.

Um comentário:

  1. O concurso necessário para ingressar no serviço público é sem duvida a forma democrática, que vem fazer frente ao apadrinhamento historicamente utilizado no Brasil para beneficiar parentes e demais parasitas que vivem na órbita dos políticos de carreira. Estes parasitas, é claro, são crias dos próprios políticos que encontraram, e ainda, em muitos casos encontram, nisto a forma de se perpetuarem no poder.
    A condição de funcionário efetivo, que deveria livrar o trabalhador dos mandos e desmandos eleitoreiros vem, contraditoriamente, a acomodar as pessoas. Desta forma percebe se, em muitos casos, funcionários descompromissados com o resultado de seus trabalhos. Percebe se aqui, até mesmo uma inversão da lógica, são os gestores que estão agora refem dos funcionários públicos.
    O concursado hoje esta acima do resultado do trabalho, pode ele tudo, não existe limites para sua autonomia, numa verdadeira inversão de valores determina sua forma de atuar, quando atuar, e com quem atuar. Impõe se, assim, uma verdadeira dança das cadeiras, pois quando iniciasse as cobranças, iniciam se também os pedidos de remoção, as queixas quanto a esstres , os laudos médicos etc.
    Este funcionário aqui, não tem a pretensão de ser melhor em relação a outros, pois sabe, que tem grandes profissionais como colegas, pessoas que admira pela capacidade e pelo respeito com que tratam a coisa pública,no entanto, tem vivenciado estas contradições.
    Tendo sido aprovado no ultimo concurso, na prefeitura de Cruz Alta, para o cargo de monitor de abrigo temporário. Nunca, no entanto, atuei em um abrigo, passando logo a trabalhar em um CRAS. Neste período dediquei-me aos estudos, tanto acadêmicos, quanto no campo de trabalho. Quem acompanhou me neste percurso, sabe, que modéstia a parte, eu não vacilei. Aproveitei cada momento dedicando me a apreender a metodologia para melhor desenvolver meu trabalho.
    Por competência minha, e por estar entre pessoas que acreditam nas políticas públicas, hoje sou coordenador da instituição. O problema é que sou concursado de nível ensino médio tendo assim que conviver com rumores vindos de muitos, e também com alguns poucos comentários diretos dizendo que tenho que fazer concurso para Assistente Social, para, ai então, “entrar pela porta da frente”. Procurei, também, por questões pessoais ( melhorar o orçamento etc.), realizar alguns trabalhos necessários a população e assim a prefeitura, fora de horário, o que também esta sendo considerado uma afronta ao concurso.
    Minha formação, percebo, é ressaltada quando não a o interesse de outros no trabalho. Quando necessário lembram-me que sou Assistente Social, quando não, lembram-me que não sou concursado. Assim formação acadêmica, dedicação etc. ficam em segundo plano. Para inverter esta lógica, defende se aqui a implantação de um plano de carreiras, que reconheça o esforço de quem leva a sério o serviço público.
    Mas é vida que segue, penso que a grande maioria dos funcionários, é feita de gente séria. Eu to na estrada, na tranqüilidade, às vezes é preciso apenas parar e refletir um pouco. Esta condição de “meio concursado”, por exemplo, faz me ver que tenho colegas “CCs” que trabalham muito, que comprometidos com seus ideais dedicam se as políticas publicas como muito poucos efetivos fariam.
    Por fim só deixo meu entendimento! Digo que é a competência de cada um, e esta é resultado do quanto cada um se deixe envolver pelo que faz que vai determinar o alcance de objetivos, sejam eles quais forem.
    Diello e demais companheiros, sei que mais que algum comentário acabo escrevendo um texto, não te preocupe com respostas, quando puderes, no entanto, será um prazer te ouvir. Parece-me que as respostas estão no cotidiano, basta pararmos, vez por outra para uma reflexão, isso é claro após uma boa leitura, e, teu blog, nos trás isto.

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