quinta-feira, 24 de março de 2011

divulgação: flecheira libertária. 196

obama, orra!
Na sua performance à la Broadway, Obama saudou a democracia brasileira, dizendo que o país era um exemplo, pois mostrava que liberdade política e desenvolvimento econômico podiam andar juntos. Como muitos especialistas daqui foram aprender nas universidades e institutos de lá.O que ele canalhamente não disse é que os EUA apoiaram o golpe e a ditadura que interromperam um governo democrático no Brasil. Então, acabando a visita por aqui, Obama foi ao Chile, outra democracia assassinada com patrocínio estadunidense. Pulou a Argentina, mas ali teria omitido também esse fato. Terminará sua viagem pelo continente em El Salvador, onde o mesmo apoio ao autoritarismo aconteceu. Tirando o Canadá, e incluindo simulacros de democracia como a Colômbia e o México, poderia Obama passar em algum país nasAméricas onde seu silêncio não seria canalha?
obama oba-oba!
Há tempos não se via expressão tão explícita de deslumbre colonizado: tietagem de banguela na favela e de madame no teatro. Obama for all! E os especialistas em política internacional botando fé que Obama apoiaria o pleito brasileiro pela vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. Afinal, se ele tinha feito isso na Índia, por que não faria para o Brasiiiiilll?! Os mesmos especialistas louvaram a decisão brasileira, ao lado dos outros BRICs, de se abster na votação do Conselho que autorizou os ataques à Líbia, mostrando aos EUA sua discordância na questão. Aí, chegou Obama e, entre uma ovacionada e outra, autorizou numa boa, e daqui mesmo do Brasil, os ataques. Com um sorriso no rosto mostrou a irrelevância do Brasil e do Conselho diante do direito da força. Não era bem isso que esperavam os especialistas, mas tudo bem... eles continuaram aplaudindo Obama & family com o restante da claque tropical abençoada por Deus e bonita por natureza.
obama, oba: de lá para cá!
A visita do presidente estadunidense Barack Obama seguiu o que a diplomacia chama de protocolo dos chefes de Estado. A recepção teve samba e capoeira para a primeira dama, muita comunidade alegre e cidade de deus. Mais um pouco do oba-oba. Para não deixar passar do que se trata, também colocaram crianças para marchar e gritar o nome do presidente dos EUA. Os especialistas discutem o significado da visita, para a política interna e externa; preocupam-se, sobretudo, com a entrada do Brasil no Conselho de Segurança (CS) da ONU e o que seria uma ambígua relação com a UNASUL. Segue o jogo de uma diplomacia que se absteve em relação ao no fly zone declarado pelo mesmo CS sobre a Líbia. No final, concluem pelo o que é importante para todos e o que vai melhorar o Brasil num mundo “multilateral”.
obama, oba: de cá para lá!
A se registrar no discurso de recepção da presidente brasileira o destaque aos países que levaram “aos seus mais altos postos um afrodescendente e uma mulher”; além da reafirmação do “compromisso essencial com a construção de uma sociedade de renda média” e investimentos em capital humano, tendo antes, é claro, firmado o mesmo compromisso com o meio ambiente e matriz energética alternativa. Mister president: o que se chamou de esquerda nessa terra aprendeu a lição direitinho com a democratização. A elite local e planetária agradece.
olimpíadas no quintal
A vinda de Obama mostrou o que os Estados Unidos querem com o Brasil: mais negócios. Interessam-lhes acordos financeiros, petróleo e outros combustíveis ecológicos, educação para o desenvolvimento e, principalmente, obras de infraestrutura. Em relação a este último item, os países assinaram um memorando de cooperação para a organização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. O governo Obama procura incentivar parcerias público-privadas com financiamentos estadunidenses para a aquisição de equipamentos e serviços para as obras. Apesar de Chicago ter perdido para o Rio de Janeiro na escolha da sede para as próximas Olimpíadas, os EUA não pretendem ficar fora dessa máquina de fazer dinheiro via intervenção estatal e mobilização da população.
diplomacia, guerra e grana
Nos anos 1980, Gadaffi foi considerado um pária pelos Estados Unidos e seus aliados europeus, acusado de apoiar o terrorismo internacional. Nos anos 1990, as acusações ocidentais permaneceram, tornando-se mais fortes com o despontar do chamado terrorismo fundamentalista. Mas aí veio a “guerra ao terror” dos anos 2000 e Gadaffi foi redimido depois da promessa de combater a Al Qaeda. Então, Tony Blair, quando primeiro-ministro britânico, o visitou em Trípoli, e Berlusconi o recebeu em Roma. Agora, vieram os protestos no mundo árabe e armou-se uma guerra civil na Líbia. Gadaffi caiu em desgraça de novo. Fosse qual fosse o “status”, Gadaffi não parou de vender bilhões de dólares em petróleo, e o Ocidente não deixou de comprar. As armas que ele usa hoje são italianas, russas, suíças, brasileiras; e Gadaffi nunca deixou de pagar.
diplomacia, guerra e grana II
Começou nesse final de semana uma nova guerra autorizada pela ONU. Nela, os EUA usam seus mísseis Tomahawk, que saem por US$ 1 milhão cada. Só no primeiro dia de ataques foram lançados 110 deles. Já a França usou 27 caças Rafale no seu primeiro ataque contra Gaddafi: cada avião sai por aproximadamente US$ 190 milhões e cada voo mais algumas centenas de milhares de dólares. E têm os navios, os radares, as armas leves e pesadas etc. e tal. Destruir a infraestrutura e as forças armadas líbias para destituir o ditador, como autorizou a ONU, abre novas oportunidades de negócio, normaliza a exportação de petróleo e faz a grana continuar fluindo, indo e vindo. Mais uma guerra para potencializar mais negócios e a ascensão de outro regime que, aliado ou inimigo circunstancial, continue deixando rolar muita grana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário