sábado, 19 de março de 2011

"saravá"!

dia desses, ocorreu um estranho roubo na varanda aqui de casa. a varanda é tomada por potes de plantas e outros adereços, a maioria em argila. numa noite em que me encontrava em casa, mas lia, já tarde, apenas com a luz do abajur ligada, com as janelas e cortinas fechadas, ouvi barulhos estranhos, mas como ocorriam os festejos carnavalescos, acreditei que fosse o foguetório da festa. mais tarde, dando uma espiada pela janela, vi que a varanda não se encontrava em seu estado normal. uma planta estava fora de seu lugar. saí para fora e vi que estava faltando dois potes com plantas de imenso valor afetivo. uma touceira de avenca, que trouxe do barranco do riacho em que passei minha infância pescando e outra, que não lembro o nome, mas ganhei quando era uma mudinha minguada. as duas, levei meses para fazer a adaptação e recuperação. a avenca, que é do mato, passou por longo processo de adapatação, até se tornar frondosa. a outra, foi muito forte, até se recuperar.
crente de que por ter me movimentado dentro de casa, teria espantado quem estivera em coleta, recolhi uma onça (não lembro de que material é feita) que guardava o canto da varanda e que tem um valor afetivo imenso... trazida do pantanal por amigos caros, simboliza histórias que não contarei aqui!
dias depois, cheguei em casa e ao abrir o cadeado do portão, percebi um vazio que não sei se já havia sentido antes ou se só havia percebido naquele momento. na hora, não consegui identificar o que estaria faltando. só mais tarde identifiquei que estava ausente um imenso móbile formado por peças de argila (um pássaro no alto e na sequência, muitos sinos e que estava fixado no teto. identifiquei isso, mas em meu imaginário ainda faltava alguma coisa. ainda não sei se é um galho da grande begônia ou algo que se rompeu em meu imaginário.
casa respeitada e jardim respeitado... e me acontece isso!
relatei a situação para poucas pessoas. peguei paranóia com uma vizinha que não suporta plantas ou qualquer tipo de vida em seu território e que insiste em quebrar algumas plantas bem específicas do jardim da rua.
estando com essas coisas ocupando meus afetos, ontem recebi uma ligação em meu celular. estava na rua, sem óculos e com uma claridade que me impedia de ler no visor o número que estava ligando. atendi e uma voz feminina solicitou que a ouvisse, pois só queria me avisar que uma determinada pessoa (que não direi o nome) havia roubado coisas minhas e "feito um trabalho pra me seduzir" e que eu me cuidasse, porque essa pessoa "é do saravá"!!!!!!
em casa, fui olhar o número do telefone e a ligação era sem identificação! pensei: logo eu que não atendo esse tipo de ligação, fui atender essa! não atendo porque considero que se a pessoa não pode me mostrar seu número, também não posso dar o ar de minha graça! assim, evito esse tipo de bandalheira!
depois que passou a irritação, achei muita graça na história, pois ninguém avisa ninguém de nada... ninguém dá conselho de nada... a não ser que se saiba que o outro esteja esperando isso!
e nesses pensamentos, fiquei falando sozinha. primeiro: que não me afeto com a possibilidade de que algum ritual ou intencionalidade indireta possa interferir em minha existência, a não ser que eu permita; acredito, sim, que quando alguém, por um ou outro motivo, queira intencionalmente nos atingir de forma nefasta, isso seja absolutamente possível, mas ainda assim há formas de defesa. segundo: a pessoa apontada (que é muito simples e com formação absolutamente diversa da minha) já me seduziu para as artimanhas que lhe interessavam (as do sexo) e que a mim também interessam... e fez isso sem "saravá", mas com muita coragem e protagonismo... e acho que foi isso que me seduziu! terceiro: essa pessoa, mesmo com entendimento equivocado sobre muitas coisas, aprecia e frequenta as atividades da umbanda, porque encontra ali, coisas e crenças em que se sente à vontade! quarto: respeito todos os rituais que as pessoas utilizam para olhar para si e para o outro... só não respeito os rituais feitos para consolidar a hipocrisia! quinto: quem necessita depositar no outro a responsabilidade pelas coisas que acontecem em sua vida, assume, mesmo que indiretamente, que não cuida e não dá conta de si! sexto: qual é o interesse de quem dá um "aviso" desses?
continuo rindo e fazendo "despachos" dos meus orgasmos, para agradar quem me agrada! as plantas, planto  e cuido novamente! o móbile logo será substituído por outra presença! mas para saber quem é exatamente que leva as coisas da minha varanda, ativei os recursos que estavam desativados! no mais, "saravá" pra quem tem coragem!

4 comentários:

  1. é isso mesmo irmã! continue com seus despachos de liquidos corporais! Saravá......

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  2. Diello quem te conhece não precisa de despacho pra te conquistar. É só saber em que esquina te pegar, porque tu é a pessoa mais despachada que conheço. Saravá pra ti e pra quem tem o prazer de tua companhia.
    Isabel

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  3. Saudades desses despachos que nunca encontrei outros iguais!

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  4. buenas, muchachas!
    saravá é uma saudação do mundo dos pretos e gosto dela! gosto que me façam um saravá!
    no mais, quem conhece minha cor de pele, sabe que sou branca-alva, mas poucos sabem que nasci preta, bem preta, quase morta com o cordão umbilical enrolado no pescoço, e fiquei com essa pretura inscrita no âmago de minha existência!
    gosto de fazer bons despachos! meu corpo é aberto a todos os despachos que me interessam! não fico segurando coisas que devem ser despachadas! e gosto de atender saudades que não deixam dúvidas!
    saravá pra vida! e pras vitalidades!

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