a chefe 1 falou para a chefe 2 que falou para a chefe 3 que, por sua vez, falou para as serviçais o que a chefe 1 mandou a chefe 2 retransmitir-lhe, ordenando que chamasse a atenção das mesmas (as serviçais) por estarem conversando de pernas cruzadas, enquanto outras se esbaforiam a dar conta das funções alheias!
as duas serviçais que, por suas vezes geralmente trabalhavam sentadas e de pernas cruzadas, visto ficarem sentadas em poltronas, de frente para as pessoas que atendiam e que, no momento em que conversavam e foram vistas de pernas cruzadas pela chefe 1 (que viu e olhou por três vezes seguidas, e nada lhes disse), assim o estavam enquanto discutiam situações que atendiam em comum. Era somente assuntos de trabalho que as juntava a conversar com as pernas cruzadas (veja-se que o hábito de cruzar as pernas não seja o equivalente ao metafórico "cruzar os braços"... que é característico de várias outras serviçais, que não aquelas que cruzaram as pernas para conversar)! Aproveitaram o rápido intervalo em comum, propiciado pelo não comparecimento de seus atendidos!
uma delas pensou: "não mais me aproximarei de ninguém para não ser acusada de formação de quadrilha!"; a outra, quieta, imaginou primeiro a amputação das pernas (para acabar com o dilema sobre o que fazer com as pernas... se estão cruzadas, são vadias; se estão abertas, são devassas; se estão esticadas, são relaxadas; se estão sobre mesas ou cadeiras, são sei lá o que!... e assim por diante!). mas não bastaria amputar as pernas... teriam que amputar também os braços (o que fazer com os braços? cruzar? esticar? brandir? espancar? acarinhar? assediar?). amputados também os braços, restaria o tronco inerte (o que falariam daquele tronco parado e com pouca mobilidade?... diriam que fugiu do filme "encaixotando helena"?). mas eis que surgiu uma dúvida: restando apenas tronco e cabeça, que ainda sobreviviam entre si, ao fazer a amputação, amputaria o tronco da cabeça ou a cabeça do tronco? qual dos dois restaria? essa dúvida a salvou de começar o processo amputatório, pois percebeu que ainda poderia pensar, visto que ainda teria cabeça e, por sua vez, a dúvida!
até pensou em fazer como aquela outra serviçal que, sendo paga para trabalhar umas tantas horas, o fazia bem menos e sempre recomendava às outras serviçais: "lembre sempre de uma coisa: quem não é visto, não é lembrado, portanto, vamos vazar!". Dizia isso e vazava sem que a chefe 1 e a chefe 2 vissem nada, ou lhe falassem que estava conversando de pernas cruzadas... nem as cruzava, pois usava para vazar o quanto antes! e nem a cobravam que fosse cuidar das funções para as quais era paga, e muito menos das funções alheias!
pensando naquelas coisas, deu um cochilo e acordou num salto daqueles que parece que estamos caindo num buracão. descruzou as pernas e foi buscar poesia na estante para ler. deteve-se, meio sonolenta, na encadernação da Política de Humanização do SUS, mas viu que naquele caso era poesia por demais abstrata, então foi dormir, pra sonhar outras coisas! coisas sem amputações!
as duas serviçais que, por suas vezes geralmente trabalhavam sentadas e de pernas cruzadas, visto ficarem sentadas em poltronas, de frente para as pessoas que atendiam e que, no momento em que conversavam e foram vistas de pernas cruzadas pela chefe 1 (que viu e olhou por três vezes seguidas, e nada lhes disse), assim o estavam enquanto discutiam situações que atendiam em comum. Era somente assuntos de trabalho que as juntava a conversar com as pernas cruzadas (veja-se que o hábito de cruzar as pernas não seja o equivalente ao metafórico "cruzar os braços"... que é característico de várias outras serviçais, que não aquelas que cruzaram as pernas para conversar)! Aproveitaram o rápido intervalo em comum, propiciado pelo não comparecimento de seus atendidos!
uma delas pensou: "não mais me aproximarei de ninguém para não ser acusada de formação de quadrilha!"; a outra, quieta, imaginou primeiro a amputação das pernas (para acabar com o dilema sobre o que fazer com as pernas... se estão cruzadas, são vadias; se estão abertas, são devassas; se estão esticadas, são relaxadas; se estão sobre mesas ou cadeiras, são sei lá o que!... e assim por diante!). mas não bastaria amputar as pernas... teriam que amputar também os braços (o que fazer com os braços? cruzar? esticar? brandir? espancar? acarinhar? assediar?). amputados também os braços, restaria o tronco inerte (o que falariam daquele tronco parado e com pouca mobilidade?... diriam que fugiu do filme "encaixotando helena"?). mas eis que surgiu uma dúvida: restando apenas tronco e cabeça, que ainda sobreviviam entre si, ao fazer a amputação, amputaria o tronco da cabeça ou a cabeça do tronco? qual dos dois restaria? essa dúvida a salvou de começar o processo amputatório, pois percebeu que ainda poderia pensar, visto que ainda teria cabeça e, por sua vez, a dúvida!
até pensou em fazer como aquela outra serviçal que, sendo paga para trabalhar umas tantas horas, o fazia bem menos e sempre recomendava às outras serviçais: "lembre sempre de uma coisa: quem não é visto, não é lembrado, portanto, vamos vazar!". Dizia isso e vazava sem que a chefe 1 e a chefe 2 vissem nada, ou lhe falassem que estava conversando de pernas cruzadas... nem as cruzava, pois usava para vazar o quanto antes! e nem a cobravam que fosse cuidar das funções para as quais era paga, e muito menos das funções alheias!
pensando naquelas coisas, deu um cochilo e acordou num salto daqueles que parece que estamos caindo num buracão. descruzou as pernas e foi buscar poesia na estante para ler. deteve-se, meio sonolenta, na encadernação da Política de Humanização do SUS, mas viu que naquele caso era poesia por demais abstrata, então foi dormir, pra sonhar outras coisas! coisas sem amputações!
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