segunda-feira, 19 de julho de 2010

Resposta a um Anônimo-Comentador!

Hoje, buscando uma postagem antiga, encontrei um anônimo comentário (12 de julho de 2010 17:17) feito numa postagem intitulada: “Vindo do Fórum Social, Econômico e Ambiental de Panambi”, de 16.05.2010, sendo que o Anônimo disse...: “Por causa do eterno discurso sem ações práticas que vivemos essa realidade que tanto te desagrada, muito me espanta o fato de vossa pessoa só defender discursos e nada fazer para muda-la.
Continue assim que daqui a 200 anos ainda estará discutindo quem surgiu primeiro se foi o ovo ou a galinha. Parabéns.”
Bueno!
Ponto 1: Sempre é difícil conversar com anônimos, principalmente com anônimos raivosos, portanto, só posso retrucar!
Ponto 2: Não defendo discursos... não me interessa defender discursos! E para clarear melhor essa afirmação e dizer um pouco das coisas teóricas e práticas que me interessam, faço uso das palavras de Baremblitt, ao falar do pensamento de Deleuze e de Guattari, dizendo: “Não é um pensamento discursivo, mas segundo a própria definição deles, é uma máquina fundamentalemnte energética, destinada a vibrar e a fazer vibrar aqueles que dela se aproximam e a engajá-los em um movimento produtivo, que não passa exatamente pelas idéias nem pelas palavras, mas pelos afetos. Por afetar e ser afetado. Passa pela capacidade de vibrar em consonância, passa pela capacidade de despertar o entusiasmo, a vontade de viver, a vontade de criar. (...) eles estão sempre integrados a um tipo particular de militância. Eles têm um ‘pé’ numa ação concreta que se exprime e se inspira nesses escritos, dentro da famosa idéia de práxis, ultimamente tão esquecida. A proposta de uma micropolítica é a ação política que acompanha a proposta analítica desses autores, que se chama ‘Esquizoanálise’. A Esquizoanálise é um aleitura do mundo, praticamente de ‘tudo’ o que acontece no mundo, como diz Guattari em seu livro sobre as ecologias, sendo uma espécie de Ecosofia, uma ‘episteme’ que compreende um saber sobre a natureza, um saber sobre a indústria, um saber sobre a sociedade e um saber acerca da mente. Mas um saber que tem por objetivo a vida,no seu sentido mais amplo: o incremento, o crescimento, a diversificação, a potenciação da vida” (Em: Introdução à Esquizoanálise, Biblioteca Instituto Félix Guattari, 1998, p.14-15).
Ponto 3: Para dizer que só defendo discursos e nada faço para mudar a realidade, o Anônimo Comentador pouco ou mal-me-conhece, visto que sou aquilo que digo/ vivo aquilo em que acredito e faço de minha práxis cotidiana uma permanente potenciação da vida, criando e produzindo movimentos que ajudam a transformar a realidade!
Ponto 4: É um tanto miserável falar em discussão sobre o que veio antes, se o ovo ou a galinha, visto que isso não interessa, mas sim, discutir o ovo, a galinha e o que fazemos com o ovo e a galinha no mundo em que vivemos!
No mais, dedico ao Anônimo Comentador, uma canção de Vítor Ramil, em duas opções para se ouvir, primeiro com o próprio Vítor e, depois, com La Negra! A canção é Semeadura, e diz assim:
Nós vamos prosseguir, companheiro
Medo não há
No rumo certo da estrada
Unidos vamos crescer e andar
Nós vamos repartir, companheiro
O campo e o mar
O pão da vida, meu braço, meu peito
Feito pra amar.
Americana Pátria, morena
Quiero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa, meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar
Nós vamos semear, companheiro
No coração
Manhãs e frutos e sonhos
Pr'um dia acabar com esta escuridão
Nós vamos preparar, companheiro
Sem ilusão
Um novo tempo, em que a paz e a fartura
Brotem das mãos
Americana Pátria, morena
Quiero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa, meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar
Minha guitarra, companheiro
Fala o idioma das águas, das pedras
Dos cárceres, do medo, do fogo, do sal
Minha guitarra
Tem os demônios da ternura e da tempestade
É como um cavalo
Que rasga o ventre da noite
Beija o relâmpago
E desafia os senhores da vida e da morte
Minha guitarra é minha terra, companheiro
É meu arado semeando na escuridão
Um tempo de claridade
Minha guitarra é meu povo, companheiro
Americana Pátria, morena
Quiero tener
Guitarra y canto libre
En tu amanecer
No pampa, meu pala a voar
Esteira de vento e luar
Vento e luar.



5 comentários:

  1. A IDADE PARA SER FELIZ

    Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para utilizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

    Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.

    ... Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.

    Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo de novo, e quantas vezes foi preciso.

    Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa”...

    Mário Quintana


    "... acho que esse poema diz tudo, nem preciso ressaltar o que penso, sobre discursos sem ação." Anônimo-Comentador-Raivoso!

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  2. Maria Luiza, aproveitando o comentário do anônimo, gostaria de tecer alguns comentários.

    Não sei se vc põe em prática ou não o que escreve. Não lhe conheço e procuro fugir dos julgamentos.

    Mas percebo que vc apresenta no blog um posicionamento ideológico claramente de esquerda. Ao mesmo tempo que apresenta belíssimos textos, entrevistas de filósofos incríveis como Nit, Deleuze, os quais são totalmente contrários aos aprisionamentos ideológicos e sim incentivadores dos devires, da multiplicidade, da diferença.

    Me parece que a esquerda também falha ao ter construído ditaduras tão cruéis quanto as ditaduras fascistas. Ao estimular um coitadismo, uma ajudinha do Estado, favorecendo os Fracos, como diria Niezsche.


    De qualquer forma, continuo lendo teu blog e me encantando com Deleuze, Espinoza e Nit.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. caro anônimo, fique à vontade, mesmo na condição de anônimo!
      não sou de por em prática coisa alguma... a minha escrita é sempre a expressão daquilo que sou e faço... não vivo com cabeça e corpo separados um do outro...
      não apresento e não tenho posicionamento ideológico... os escritos (textos, artigos, entrevistas, vídeos, entre outros quetais) publicados no blog aí estão pelos mais diversos motivos (seja o compartilhamento livre, seja o compartilhamento em função de situações de trabalho, seja o compartilhamento em função de parcerias de conversação, entre muitos outros motivos), não tendo uma pretensão ou uma perspetiva de traçado ideológico... é claro que tenho estertores com o que vem do campo da direita (que produz os piores fascismos), mas tb tenho estertores com o campo da esquerda (que tb é um grande produtor de fascismos), assim como tenho estertores com olhares policialescos que estão sempre procurando a contradição no outro (sempre a contradição e sempre no outro... isso é de uma dicotomia retilínea e de um fascismo exemplar)
      não gosto de rótulos e nem de aprisionamentos... e apesar de já ter estado alinhada com o pensamento de esquerda, sou esquizo e me extravio no anarquismo, pois vivo em permanente movimento, provocando e experienciando devires que nunca se sabe donde não chegarão...
      não vejo falhas na esquerda, pois seus propósitos podem ser tão fascistas quanto de qualquer outro campo político que vislumbre os espaços de poder formal... esperar que a esquerda ou qualquer outro campo não falhe, soa no mínimo estranho... no mais, a esquerda é fascista por muitas outras questões pra muito além desse foco nos ditos "fracos".
      assimassim, passam por aqui muitos acoieradores de palavras e pensamentos... nietzsche, foucault, deleuze, guattari, espinoza, bergson e muitos outros (e talvez vc pudesse colaborar com alguma coisa sobre nit, cujos escritos desconheço)... e cada leitor faz de suas leituras aquilo que bem quiser, para, como diria deleuze, fazer, no escritor lido, um filho-monstro pelas costas!
      nomais, nomais, é tão fácil sermos fascistas, que tenho até medo do que possa brotar de mim, pois o fascismo maior e pior está sempre em mim e nunca no outro!
      abraço grande, com o desejo de que possa seguir encantado com suas leituras...

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  3. Não quis apontar suas contradições; aliás que bom que as têm. Apenas me causou um estranhamento concepções filosóficas tão libertárias, com levantamento de bandeira partidária.

    Posso sim lhe enviar alguns textos de Nit. Achei que o conhecesse, pois toda obra do Deleuze há uma grande influência de Nit e também Espinoza.

    Abraço da anônima Luciana.

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