Venho, neste escrito, esboçar algo um tanto sentimentalóide, mas vital... literalmente vital! Tenho uma amiga que talvez seja uma das mais importantes em minha vida pessoal e profissional... talvez ela nem saiba disso... e, há algum tempo, foi constatado que ela tem um problema nas veias carótidas que pode levá-la à morte a qualquer momento, sendo que um tratamento rigoroso poderia amenizar essa situação, mas ela, fazendo Doutorado, escolhe primeiro dar conta disso e, se sobreviver, pretende cuidar de sua saúde depois disso... não só porque esteja fazendo doutorado, mas principalmente porque ri da vida para não ter que rir com ela!
Essa amiga tem uma filha linda... linda em todos os sentidos... que tem um nó no peito quando tem que falar dessa possibilidade de que a mãe possa se ir, sem mais e nem menos, mas pelo absoluto individualismo dela.
Tenho um tamanho apreço pela vida, porque, por escolha própria, seguidamente ela ameaça me faltar... para enfrentar seu contraponto, acordo todos os dias e enfrento tudo o que tenho que enfrentar... isso me fez criar um apreço inestimável por ela... espalho suas sementes por todos os lugares em que transito... penso que essa seja a única coisa que temos: A VIDA... é tão certa e, ao mesmo tempo, tão incerta, que tudo o que agregamos à ela seja a potência mais absoluta que possa justificá-la.
Há mais ou menos dois meses estive com essa amiga e conversei com sua filha sobre como a mãe estaria conduzindo a situação. A filha disse que a mãe não estava se importando com o estado e adoecimento, mas que ela se importava com isso.
Ontem estive novamente com essa amiga e quando falamos dessa questão, não consegui dizer nada do que penso... fiquei atordoada... apesar de todas as minhas convicções anarquistas e anti-totalitárias, entendo a vida como nossa única vontade de potência... depois da vida há somente o que fomos e o que poderíamos ter sido!
Para entre-finalizar, trago um escrito-sonho dessa mesma amiga – “Deleuze: o Outro - Nov. 1997: Numa loja de idéias, toco mostruários invisíveis, pensamentos em meio a cabides transparentes e vazios. Corpos despidos, (des)conhecidos, saltam sobre os balcões. Correm. Escondem-se. Estranho o tumulto que me invade pelo avesso, desprezo a agitação e parto para uma longa rua escura. Em minha direção corre um vulto. Parece um homem. Seria um vampiro? Um morcego? Vem saltitando todo de preto. Flutua. Sonha um vôo e bate sua capa preta como se fosse asas. Dou volta. Entro na loja de pensamentos e ouço a anunciação de Deleuze. Enfrento-o solitária e excitada. Sou aquela que no seu estado de paixão/afetação quer ser possuída pelo vampiro. Acordo. Reviso rabiscos de outros tempos e corrijo um texto que fala com quem escreve. Depois de tê-lo riscado, mudado palavras, assusto com o nome entre parênteses: Deleuze. Jurei minha, esta escrita. Rio com o texto todo cheio de “correções”. Quem é o autor? A mordida vem antes? E quem vem depois?”
Sem mais, para o momento!
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