Hoje pela manhã, acordei e fui ver a nova posseira de meu imaginário. Dormira tranqüila, sem chorar durante a noite. Acordou faceira e fazendo festa. Servi-lhe água e pão com leite. Pensei: é minha!
Mesmo sendo minha, não quis prendê-la. Quis fazer com ela, esse exercício de liberdade (vai ver, já estava querendo fazer do bichinho um sujeito que saiu igualzito a dona!). Meio arvorada, vendo tanto xixi e cocô pelo chão, quis explicar-lhe que fosse fazer isso na grama do jardim.
Saindo de casa, vi que ela veio até o portão e meteu a cara pela grade. Bati o pé para que voltasse. Fui indo e sem quando percebi, ela já me seguia. Voltei com ela e depois deixei que voltasse sozinha. Segui e ela voltou a me acompanhar de longe, até que os cães do vizinho lhe deram um susto que a fez voltar em disparada. Pensei: aprendeu e voltou pra casa.
Quando retornei para casa, fui procurando por sua carinha bonita e dei com o nada! Quando percebi o vazio, entendi que o espaço estivera ocupado... imensamente ocupado... talvez fosse tarde, deveria ter sido mais incisiva em meus afetos por ela e menos reticente em minhas reflexões sem fim. Pensei: pra que pensar tanto na vida, quando ela bate em sua porta?!
Saí a dar voltas nas ruas próximas de casa, procurando pela beldade... nada! Perguntei à uma vizinha-radar se vira a MINHA cadelinha (descrevi-a com detalhes)... a vizinha, incrédula, perguntou: SUA cadelinha? Questionei se eu não tinha cara de quem poderia ter uma cadelinha... ela riu e disse que não tinha cara e nem jeito de quem pudesse ter uma cadelinha... e emendou que certamente era uma que uma senhora havia juntado e levado no colo... disse que até viu a cena, mas que pensou que o bichinho fosse dela. Ainda me deu uns pitos por ter deixado o bicho solto.
Agora espero que ela volte pra casa... já anunciei na vizinhança que roubaram a MINHA cadelinha... ela atende pelo nome de VIDENTE (= vida+ente)... se a chamarem assim, há de saber que foi o nome com que lhe acolhi!
Algumas postagens rendem mais, outras menos manifestações de quem as lê. Sempre tento responder a todos os emails que recebo e, às vezes, rendem boas e longas discussões que acabam não aparecendo no blog, portanto, no caso da MINHA cadelinha, selecionei cinco dos emails que recebi até agora, para postar junto aqui, sendo que não coloquei suas autorias, deixando a possibilidade de que, se alguém quiser se identificar no espaço destinado aos comentários, pode fazê-lo.
1. Oi Maria Luiza, Falo do lugar de uma cachorreira assumida, mas com suas ressalvas: sigo achando que gente é gente e cachorro é cachorro (não necessariamente sempre nesse grau de evolução das espécies, mas ok!) e concordo contigo sobre a "não humanização" dos caninos (apesar de também o inverso ser muito comum, o que tem de gente cachorra por aí.., mas ok de novo!). Mas sigo achando que a vida em companhia deles é tão mais agradável. Depois daquele dia de correrias, de desassossego, nada melhor que chegar em casa e ter alguém te esperando na porta. Alguém que não vai nunca te dizer absolutamente nada.. com palavras, mas que com olhadas, lambidas, latidos, rabos balançando dão conta de preencher e enfeitar o espaço que até então só era permeado pela língua portuguesa (e as outras tantas que se fala pelo mundo..).
Xixis, cocôs.. fazem parte da história de ter um cão em casa. Mas tem tanta gente que nos importuna com tanto mais, que estou até achando bom lidar com este tipo de merda..
Gosto muito do meu e falo do lugar de alguém que torce pelo teu sim, mas que também te dá plena liberdade de escolha para o não, afinal de contas não é pelos cães que abro a minha militância. Como disse antes, gente é gente, cachorro é cachorro. E tem tanta gente ainda sendo tratada como cachorro no mundo.. Beijo,
2. oi luiza, pegue logo essa cadela.... bjs,
3. Espero que fique com ela. Posso ajudar a escolher o nome?
Você continua escrevendo cada vez melhor. Se eu for para o doutorado vou levar o Dengo. Abração.
4. Assista o filme ou veja o trailler... acho que você vai entender... http://www.youtube.com/watch?v=UFY8vW5IedY
pessoas entram e saem de nossas vidas, umas fazem historia outras desaparecem... você pode amar, cuidar, fazer tudo por elas... mesmo qdo saem de vc... elas seguem seus rumos, sem se preocupar com o vazio que vão deixar...
a historia do Hachi acontece todo dia... e gratidão, lealdade, amor incondicional... isso você só terá qdo um animal te escolher, gato ou cachorro... se dê esta chance... você precisa desta experiência muito mais do que a 'bruxinha'... (q nem precisa de espaço físico, apenas de espaço no t coração). de uma 'meio bruxa'...
5. Maria lembre-se nada é por acaso.. A cachorrinha é linda..
Não é fácil achar espaço na vida da gente para nos doarmos a outro ser que será dependente de nós por um bom tempo....mas no entanto é grandioso e maravilhoso tal experiencia. Além de ser espetacular quando redescobrimos o amor nos olhos desses seres sejam bebes ou animaizinhos ... eu que o diga nesses ultimos tempos tenho vivido a maternidade como uma doação integral...
E aí ja pensou num nome para essa fofura? Heheheh bjs e boa sorte....
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