Trago, aqui, anotações rápidas feitas em meus papéis de embrulho, as quais podem dar em outros escritos (ou ficarem somente na sementeira).
PONTO 1: Hoje ouvi alguém falando sobre o tal do Dia do Desafio. Saí pensando em quão estúpido gasto de energia põe a se mover as mentes e os corpos imbuídos dessa estultice capitalística que coloca em embate duas cidades que deverão se fazer embalar pelo desafiador espírito de competição e de movimentação, visando chegar ao nada!
Desafio, para mim e para muitos, tem vez e tem hora em todos os dias de minha vida. Minhas pernas seguem o compasso das idas e vindas em que devo levar e trazer meu corpo e minha mente, em todos os dias da semanada.
Talvez não seja necessário, para aqueles que fazem com convicção os movimentos humanos, sociais e políticos de todos os dias, competir com ninguém tentando provar quem conseguiu melhor operar a fantasia de movimento!
PONTO 2: Agora se tornou moda fazer lei para uma outra estultice que ocupa as mentes preocupadas em maquiar o mundo: é esse tal de BULLING!
A área da Educação é pródiga na criação e enquadramento de recortes psicopatológicos e de outros quetais.
É importante lembrar que não se trata de adotarmos um nome que designe as práticas históricas de violência de toda ordem, de uns contra os outros. Tenho a sensação de que os educadores se sentem amparados quando se dá um nome para essas práticas, naturalizando-as, enquanto deveriam ser trabalhadas enquanto questões éticas, políticas, humanas e sociais.
A violência nessa tal de Bulling é a prática irrefletida da intolerância, do desrespeito, da discriminação, do preconceito e do depósito de frustrações pessoais ou coletivas, na figura daquele que encarna a fragilidade de todos. É muito fácil vomitar, bater e chutar as próprias questões, naquela pessoa que não tem forças o suficiente para reagir e mostrar que está sendo apenas a imagem do outro refletida no espelho. O outro necessita quebrar o espelho para não ver mais a si próprio.
Acredito que o Estado já dispõe de ferramentas para enfrentar, combater, prevenir e atentar para as práticas de violência contra crianças e adolescentes, não sendo necessário criar essa codificação que apenas tira o foco da efetiva questão. A própria área da Educação deve, também, trabalhar a situação de forma a dar uma mirada humana para essa abordagem.
Os sujeitos que praticam a violência contra outros seres humanos - e no caso da Escola, geralmente são crianças e adolescentes que o fazem -, já o fazem exatamente porque suas existências já são desenhadas nessa perspectiva, portanto, se trata de pensarmos os modos e as condições de subjetivação e não uma designação que produza a naturalização de algo que é absolutamente humano e assim deve ser contemplado!
Assim como para quem pratica a violência, também para quem cria leis desse tipo (contra o Bulling) é necessário dizer que a ética e a vida são elementos incondicionais da existência humana... a vida, acima de tudo! Talvez seja necessário se perguntar: que intolerância e que violência são essas que brotam exatamente duma das instituições que mais se empenha em reproduzir os esteios da sociedade de controle? Talvez sejam as mesmas que em outros tempos já ganharam outros nomes... mas a Escola não mudou!
Nenhum comentário:
Postar um comentário