Dia desses, numa de minhas andanças pelo mundo, duas das parceiras que nos acompanhavam, apressavam o tranco para chegarem em casa a tempo de verem a “novela da oito” que estaria em seus últimos capítulos. São duas parceiras que não são de tranco ruim, mas que para minha boquiaberta surpresa, não perdem a dita novela.
Fiquei matutando sobre isso, pois há algum tempo anotei algumas coisas que vi em manchetes rápidas de não lembro onde, sobre a preocupação da Rede Globo com o fato de que seus índices de audiência estariam baixando. O que anotei, referia-se ao fato de que devido a isso, a emissora de TV estaria estudando os programas de sua grade, visando a uma reformulação que objetivava recuperar o interesse das cabeças das gentes e assim, a audiência.
O que acho mais interessante é que nas notas que li, não era aventada a possibilidade de que as gentes possam ter mudado seus interesses ou percebido o grande engodo da comunicação-global. Correm a tentar ler os pensamentos para saber como podem fazer para domá-los ou dominá-los, como se essa fosse uma condição sempre tangível!
É óbvio que muitas pessoas se fazem informar pelo “noticiário” do bom dia Brasil, do jornal hoje, do jornal nacional e do jornal da globo (já fiz a experiência de assistir a todos e quando chegou no terceiro eu já estava empapuçada das mesmas coisas); ou que se fazem divertir com o repeteco das duas, com a novela das seis, a das sete e a das oito; ou que não perdem a sessão da tarde, a sessão coruja, o supercine e outras sessões de enlatados que gastam a fita de tanto repetir; ou que tomam por lazer as barbáries do luciano huck, do domingão do faustão, do zorra total e de outros quetais.
A absurda precariedade que alimenta a quase totalidade da programação da globo (e falo dessa emissora porque é o canal aberto que tem maior cobertura de abrangência) é também a precariedade que circula nas cabeças que dela se alimentam. Muitos hão de dizer que apesar disso, é um veículo de comunicação de massa que “entra nos lares dos brasileiros” e que ajuda a mudar conceitos e preconceitos.
Esse é o grande equívoco, pois não ajuda a mudar nada, visto que não produz nas cabeças das gentes o entendimento sobre esses conceitos e preconceitos, mas sim, apresenta-lhes um substitutivo ou um simulacro que irrefletidamente ocupará o lugar das noções que antes orientavam a vida e as ações!
A cabeça da globo é feita do ideário dominante e a cabeça das gentes talvez esteja se fazendo atravessar por perspectiva libertárias de vida e de existência!
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