domingo, 26 de fevereiro de 2012

para Vladinei Roberto Weschenfelder


para Vladinei Roberto Weschenfelder

hoje foi um dia chuvoso, mas sem goteiras em meu teto. dia denso, com acontecimentos densos. aproveitei, então, para dar conta de duas fitas densas que já tinha algum tempo que queria ver... Melancolia e Dançando no Escuro... de Lars Von Trier... Trier é um sujeito por si só muito denso e seu cinema, mais ainda. gosto muito de seus filmes, mas tenho dificuldades para dar conta da coisa, pois me provocam a sensação de falta de ar pra pensar e respirar.

trier não se preocupa em desenhar uma história com começo, meio e fim, nem com a veracidade das informações ou dos fatos... apenas busca mostrar o que lhe interessa mostrar... é agoniante acompanhar sua câmera e seu pensamento... escancara a finitude insistentemente, mas o faz de uma forma tão exata, que o pessimismo que poderia se mostrar como resultado, acaba aparecendo com um outro riscado... acaba mostrando que não resta outra coisa, senão viver e que mesmo que por um lado só reste a finitude, por outras vias e atalhos, viver é possível... os que parecem fortes, sucumbem e os que são fortes, vão até o fim, olhando a finitude no fundo de seus olhos, sem sucumbir à sua absolutez!
talvez, num outro dia, fale mais desses dois filmes... menciono-os hoje, porque passei a semana pensando muito nos descaminhos do trabalho com as políticas públicas e com o emprego público, e, no fato de um grande colega e amigo ter se exonerado de seu trabalho na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social... como em Melancolia, passamos nossos dias tentando nos convencer de que o planeta que está na rota de colisão com o planeta em que vivemos, passará bem pertinho, mas não nos destruirá... até percebermos que somos nós que temos que buscar outra rota, para não cairmos em colisão com aquilo que pode nos condenar à finitude absoluta e imediata... assim, temos que recuar e buscar outras rotas possíveis, mesmo sabendo que Melancolia pode voltar a nos ameaçar, ou vir a colidir com outros planetas; ou, como em Dançando no Escuro, passamos nossos dias a imaginarizar musicais que funcionem como ponto de fuga da realidade fria e sem sons a que o Estado e seus Denominadores Comuns nos condenam... imaginarizamos musicais a partir dos sons secos emitidos pelo sistema... inventamos musicalidades onde ouvimos somente os passos secos dos coturnos mortíferos daqueles que só sabem pisar!
Melancolia termina com o a explosão do encontro do planeta Melancolia com a Terra, seguido de um estridente silêncio, para terminar ao som de Wagner, com Tristão e Isolda que, condenados a um amor impossível, buscam uma taça cuja dose os aniquilaria, mas seu teor mortífero, por engano, foi trocado por uma poção que ampliará as potências de tal amor.
Dançando no Escuro termina com o enforcamento de Selma, já cega, que deixa a possibilidade da visão ao seu filho... Selma (Björk) é enforcada cantando "In The Musicals", cuja tradução grafo aqui:
"Por que eu amo tanto isso?
Que tipo de magia é esta?
Como eu não posso gostar disso?
É apenas outro musical
Ninguém presta atenção a isso
Se está tendo um baile
Isso é um musical
E sempre há alguém
Para me pegar
Sempre há alguém para me pegar
Sempre há alguém para me pegar
Sempre há alguém para me pegar
Quando você cair
Por que eu o amo tanto?
Que tipo de magia é essa?
Como eu não posso gostar disso ?
Você estava em um musical.
Eu não presto atenção a nada disso
Se está tendo um baile
Isso é um musical!
E você sempre estava lá
Para Me pegar
Você sempre estava lá para me pegar
Você sempre estava lá para me pegar
Você sempre estava lá para me pegar
Quando eu cair...
Eu não presto atenção a nada disso
Se você está em um baile
Isso é um musical!
E eu sempre estarei lá para pegar você
Eu sempre estarei lá para pegar você
Eu sempre estarei lá para pegar você
Eu sempre estarei lá para pegar você
Eu sempre estarei lá para pegar você
Você sempre estava lá para me pegar
E sempre há alguém
Para me pegar
Você sempre estará lá para me pegar
Você sempre estava lá para me pegar
Quando eu cair..."
seguindo a dinâmica de trier, agora faço um estridente silêncio em homenagem ao colega e amigo Vladinei Roberto Weschenfelder que nesta semana, depois de muito pelear, se exonerou de suas atividades na Secretaria de Desenvolvimento Social, da Prefeitura Municipal de Cruz Alta... e fecho este escrito com o recado de Trier ao final de Dançando no Escuro: "Dizem que é a última canção, mas eles não nos conhecem. Só será a última canção se deixarmos que seja".
Vladinei tenho a absoluta certeza de que em breve a estridência deste seu momentâneo silêncio será substituída pelos sons das novas canções que haverá de entoar! um abraço tão imenso quanto à sua grandeza e dignidade!

28 comentários:

  1. Heraclitismo (Nietzsche)
    Toda a feliciae na terra
    Amigos, esta na luta!
    Sim, para tornar se amigo
    É necessária a fumaça da poeira!
    Em três casos os amigos estão unidos:
    Imãos diante da miséria,
    Iguais diante do inimigo,
    Livres - diante da morte!

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  2. Sou de Ijui e conheço o Vladi. Se ele se exonerou é porque não aguentou mais a pressão. Ele gostava demais de trabalhar no CRAS. Ele é um dos profissionais mais sérios e competentes que conheço.

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  3. Como foi de grande valor profissional ter atravessado nossos caminhos, Vladi vc nos possibilitou muito pensar sobre a implantação do SUAS, sempre com uma capacidade de produção impar, mas fico feliz em pensar que vc pode se exonerar, acreditamos nos escritos que nossa poeta de Cruz Alta "Maria Luiza Diello"
    "momentâneo silêncio será substituída pelos sons das novas canções que haverá de entoar! um abraço tão imenso quanto à sua grandeza e dignidade!"
    Concordo com os escritos de Ijui um dos profissionais mais sérios, competente, sensivel e guerreiro que atravessou nossos caminhos!

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  4. Não acredito que essa gente "competente" da Assistência conseguiu perder o Vladinei! O que eles querem? Encher de contrato emergencial? É pra campanha da candidata que roubou os móveis antigos da secretaria e que distribui potinhos com verba pública? Santa paciência!

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  5. Tenho trabalhado com muitas pessoas, a maioria delas traz com sigo um modo e ser diretamente relacionado à sua formação. Digo; o sujeito chega você olha e diz é Assistente social, é psicólogo, é Professor, cuidador, serviços gerais etc.
    Nós os Assistentes Sociais costumamos representar o papel do mais popular, do identificado com as causas sociais. O Psicólogo percebo como mais reservado, traz um “ar” de intelectual misterioso, analítico. Cuidadores, cozinheiros, serviços gerais mais tímidos e submissos respeitam a ordem hierarquia histórica mente construída (como se fosse possível uma instituição sem estes trabalhos).
    Alguns, no entanto, estão acima destas aparências.
    O Vladinei esta indo em borá e sei que perdemos uma mistura de tudo isso. Digo, pois a imagem que menos fica do Vlad é a do Psicólogo. Isso se considerarmos a formação clinica que parece predominar nesta área. Não recordo me do Vlad diagnosticando. O que fica, para mim, é a imagem de um cara que com grande capacidade intelectual , busca pelas potencialidades das pessoas, isso longe das salas de sigilo ( estas hoje entendo que quase sempre são apenas refúgios para nossa insegurança, mas é outro assunto).
    Foi por iniciativa e confiança no potencial humano do Vlad que fizemos varias viagens com 70, 80 jovens a Porto Alegre, Capão etc. Nestas o Vlad era, cozinheiro, serviços gerais, Assistente Social, pai, mãe, e, até, vez por outra, vejam só; psicólogo!
    O teatro de fantoches que ele criou e apresentou na feira do livro foi o momento em que pode se visualizar toda a capacidade criativa do grupo de jovens da comunidade mãe.
    A festa caipira que ele sempre acompanhado da fiel escudeira Carina organizaram e encenaram, esta ainda em minha memória. Foi um marco! Foi o momento que eu entendi que pode ser assim com poesia, com alegria, foi o momento em que deixei de pensar em formação acadêmica, no que eu pensava que era. Passei a querer ser! Ser como eles. Indiferente as caras tristes, destes hipócritas que lutam pelo poder. Graças a ti Vlad e a Carina hoje com orgulho eu digo, sou um aprendiz.
    O amigo Gustavo outro dia perguntava se teria em mim algum arrependimento, lembro que disse não, mas fiz algumas considerações em sentido contrario. Quero dizer-te Gustavo que hoje sou só orgulho. Segui os ensinamentos de Guimarães Rosa, “Pensei e repensei o bem pensado” . Veja, o que sobrou foi vontade de fazer tudo de novo! Se a algo a lamentar foi não ter aproveitado mais da companhia do Vlad e da Carina (não consigo separar estes dois) e junto com eles ter gritado mais alto ainda.


    .

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  6. Cláudio, estou emocionada lhe vendo dizer isso publicamente, pq muitas vezes ouvimos algumas pessoas dizendo que erramos em gritar bem alto, enquanto muitos de nós gostaríamos de voltar atrás e gritar ainda mais alto, ou de gritar em todas as ocasiões em que deveríamos ter gritado e não gritamos!

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  7. O Vladi saiu da "rota de colisão" mas o melancolia vai continuar a rota na direção de outros planetas.
    Maria já vi esses dois filmes e acho que é isso que tu diz, que temos que inventar outras canções e sair da rota de colisão desses malucos.

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  8. Não acontece nada de bom nessa adiministração??????? Parece que so sabem fazer merda!!!!!!!!!!!

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  9. Maria Poeta, você sabe que o meu silêncio nessa hora não tem nada de enigmático. Ao conversar contigo no decorrer da semana já havia expressado o desejo de postar algum escrito no seu blog.
    A decisão de me desligar da Prefeitura, é claro, não se deu de um momento para o outro. Pode-se dizer que, de certa forma, vem sendo amadurecida nestes últimos tempos. Ainda assim, tem algo que escapa ao alcance das palavras neste momento, e que demanda um tempo de elaboração. Neste sentido, o silêncio é metáfora adequada sim, para o peso insuportável desse não dito. Talvez seja este justamente o enlace que trouxe um caráter tão imperativo para a decisão que foi tomada. Trata-se de uma decisão que vem carregada de significado, e que expressa um pouco de tudo aquilo que vem obliterado pela muralha do cinismo, cuja sombra parece se estender ao infinito.
    Assim como a música, poderia dizer que eu vejo o futuro repetir o passado. A história é a mesma, apesar da máscara de bondade empoeirada e bolorenta que insistem em usar. Nessa hora, o discurso ideológico que é imposto aos nossos ouvidos cansados soa como uma canastrice de extremo mau gosto. O mesmo cópia-e-cola de sempre, repetido como um mantra caquético, que se perdeu do significado em alguma esquina do fisiologismo rasteiro.
    Não escondo o romantismo que me embriagou o sangue e turvou as vistas há alguns anos, quando retomei a caminhada na política de assistência social. Digo isso porque tudo parecia conspirar para uma conjugação de elementos que nem sempre andam juntos. Estou falando da possibilidade integrar a atuação profissional e as contingências sócio-históricas.
    Levou algum tempo para perceber que estava diante de uma realidade mitificada. Os limites e as contradições encontradas, porém, foram como gasolina no motor. Conheci uma penca de colegas porretas que perseguem de forma obstinada a qualificação das políticas públicas. Por isso mesmo, a nossa jornada nunca foi solitária. E tomando emprestada a imagem que você trouxe agora a pouco, eu diria que é pela necessidade de seguir cantando que a partir de agora busco espaço em outras paradas. Porque a relação de desejo com o trabalho e a capacidade de sonhar dizem respeito a uma escolha de vida. Vida. Sei que você entende. Todos nós desejamos poder afirmar esta escolha.
    Esse debate esteve sempre presente na equipe do CRAS Comunidade Mãe. Talvez esta tenha sido a passagem mais importante de toda a minha trajetória profissional. Reconheço com alegria o aprendizado alcançado na caminhada com a Carine e com aquela equipe formidável. Naquele lugar compartilhamos muitas angústias e sonhos. Aquele lugar que, durante muito tempo, foi uma imagem paradigmática da resistência, por tudo aquilo de bom, de podre e miserável que existe nesta política.
    Quero dizer que foi comovente encontrar no blog essa expressão de solidariedade, um pouco pelo endereçamento e muito pelo alcance das manifestações. Digo isso porque não podemos perder de vista que, apesar dessa decisão ser individual, a mesma diz de um processo que opera no campo coletivo, que define as relações de trabalho e as condições de possibilidade da política pública. E isso diz respeito a todos nós, trabalhadores e usuários da assistência social.

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  10. Lembro-me do dia, que a equipe do CRAS chegou a comentar;
    Como ele podia andar tão rápido e todos se viam mal pra acompanhar;
    Sem demora sem conversa saia da Penha, sem o carrão, num pé só, parece um avião;
    Visita domiciliar costurava Penha até a Santa Terezinha II
    Não demorou muito pra um apelido Tenório lhe dar;
    Pois mal paro o carro ele da um pulo que fico assustado;
    Quando olho de veneta, ele esta com sua maleta no outro lado da rua;
    Esse seu Vladinei psicólogo mais parece um “LEBRÃO”

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  11. Não conheço o Vladinei, mas sei dos maus caminhos da administração pública em Cruz Alta e isso me entristece demais...
    É muito ruim saber que boas equipes se desmontam. Opa, parece que isso não está ocorrendo pela primeira vez... bem, é provável que não seja a última.
    Mais uma perda que empobrece ainda mais uma cidade tão pobre... de idéias e idealistas.

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  12. O lebrão que se foi não é caça pra cachorro sarnento! Boa sorte nas novas paradas da tua vida Vlad!

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  13. Mas olha o desrespeito daquela que é mulher de um diteros de TV, porque no CREAS não é nada, sai falando que o Vladi não aguentou o trabalho no CREAS, como se ela uma analfabeta do SUAS pudesse falar isso, o que não aguentou foi conviver com gente ignorante que se acha importante, mas que fora do carguinho não é ninguém.
    A realidade dela é que ganhou o cargo, pelos interesses que a antiga gestora tinha de se aparecer. Até agora nunca vi sua formação ser indicação de trabalhador do SUAS, bom mas vamos ver muitos figurões ainda, usurpando do dinheiro publico, criticando o trabalhador

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  14. Dizer que o Vladinei não agüentou. Aguentar o que? Só se for as fofocas que rolam o dia todo ! Ou o café ate as 10 da manha, ou quem sabe ainda o mate o dia todo.
    Bom, talvez não tenha agüentado ver, as pessoas com deficiência se arrastando escada acima, a falta de planejamento, as educadoras trabalhando de Assistente Social e psicóloga, a menina ou a senhora lixando as unhas na recepção. Talvez tenha cansado de procurar pelos colegas enquanto estes passam o tempo no lojão da frente. Talvez tenha cansado de ver o pessoal distribuindo cesta básica sem critério nem um, ou dando presentes para os meninos do albergue para acalma los, para que não os incomodem. Deve ser por ai!

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  15. A dirigente do CREAS é mulher de diretor de TV????? Putis grilas!!!!!!!!! Mas o que ela fazia antes de ser mulher do diretor de TV e de ser CC pra dirigir o CREAS? Lia Caras e Contigo? Ja escutei essa mulher falando mas ela é que nem a música aquela que diz 'mas eles não me dizem nada'. E de dirigente ela tem só o cargo e o salário, isso por que a secretária anterior tinha altos projeto pro diretor de TV.

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  16. Por favor gente não sejam covarde, pra que bater numa mulher tão fraquinha como ela? Ela é só uma escolhida igual uns quantos escolhidos que tão naquela secretaria. E os escolhido não tem culpa por que quem tem culpa é quem escolhe uma gente tão fraca que não sabe nem por que existe.

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  17. muitoo lindo a postagem para o vladi no BLOG da MARIA LUIZA ...coloquei o link do blog
    no meu faccebook ...otimo mesmo ... ele merece ... otima semana para vcs
    bjuss GERUZA

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  18. gente, estou emocionada, de novo. primeiro quando soube que o Vladi tinha se exonerado e agora com a leitura que acabei de fazer de todas estas manifestações.
    Convivi um pouquinho com o Vladi lá no CRAS e neste "pouquinho" foi possível perceber a grandeza do profissional e da pessoa que ele é!
    Sinto pela equipe que existia, sinto pela comunidade, que perde a brilhante contribuição deste colega e profissional.

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  19. VLADINEI...

    AS LEMBRANÇAS DAS COISAS BOAS QUE FIZESTES NA COMUNIDADE CRUZALTENSE, COM CERTEZA FICARAM... PARA AQUELES QUE UM DIA ACREDITARAM EM QUEM VOCê é mais que um guerreiro ... pois nesta selva de pedra ... você foi um grande guerreiro.

    Sabemos que perdemos um grande profissional que acreditava e possibilitava que projetos fossem concretizados. MAIS triste ainda é que sabemos que outra cidade ganhará com sua partida...
    e CRUZ ALTA novamente em sua história... lá lá lá ... sabe perder pessoas importantes por ter em sua administração pessoas mecânicas e incapazes de ver o que o outro necessita e de saber sustentar o mais necessitado ...
    UM DIA LEMBRAREMOS ASSIM:
    CRUZ ALTA ... era a cidade onde o VLADINEI TRABALHAVA...
    CRUZ ALTA ERA CIDADE... capital do trigo ....
    cruz ata era cidade que tinha a empresa W. MARTINS ...
    agora te pergunto e o que fizemos para recuperar...????? NADA ...

    CRUZ ALTA TERÁ O GRANDE SLOGAN ;

    " CRUZ ALTA CIDADE DAS LEMBRANÇAS, AONDE AS LEMBRANÇAS FICAM E AS PESSOAS VÃO "....

    É TRISTE ....

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  20. Então andam dizendo que não agüentei o tranco do trabalho?
    Esta bobagem é tão ofensiva para mim quanto para conjunto dos servidores públicos que, com seriedade e responsabilidade, perseveram no cotidiano de trabalho desta Prefeitura, independente das adversidades e limitações já conhecidas por todos nós.
    Fico me perguntando sobre o que pode haver por trás disso. Se, por acaso, falta discernimento para a construção de uma leitura mais sofisticada da realidade ou se, simplesmente, esqueceram-se de ler a carta de exoneração que foi entregue em mãos.
    Devo dizer das sérias ressalvas que foram feitas por mim quanto à intransigência persecutória evidenciada nas decisões de gestão, devo dizer da ausência de interlocução com os servidores individualmente e com as equipes em sentido amplo, devo dizer da fragmentação e precarização sistemática dos serviços, devo dizer do estabelecimento de prioridades que burocratizam e colocam em posição de vulnerabilidade os processos de trabalho e o cumprimento da política pública, devo dizer que eu poderia proceder a uma sucessão de requerimentos, recursos administrativos e até mesmo judiciais, no sentido de assegurar aquilo que é considerado de direito ao servidor público, devo dizer que o meu sentimento de desprezo por isso tudo, neste momento, sobrepõe-se ao sentimento de pesar, e por isso mesmo a exoneração?
    A pessoa responsável por esta bobagem dita perdeu uma excelente oportunidade de permanecer em silêncio. A sabedoria popular, presente nas placas de caminhão, mostra-se apropriada neste momento: se você ficar em silêncio, as pessoas podem imaginar que você é um idiota. Se você abrir a boca, elas vão ter certeza. Então, usufrua do benefício da dúvida.
    Confesso envaidecido que prefiro ser lembrado como o Lebrão, porque isto remete a uma postura diante do trabalho, do que pela falta de postura que é típica dos invertebrados, cuja ausência produz somente alívio.
    Em quantas ocasiões, diante de uma questão decisiva, a equipe precisou ouvir daquela pessoa a fatídica sentença em tom solene: “eu lavo as minhas mãos...” Sem sequer um pouco de rubor nas faces. Ao contrário disso, com a convicção típica daqueles que não compreendem o alcance das próprias palavras. Seria patético e risível em outro contexto. Mas, naquele espaço, com tamanha responsabilidade, convenhamos, é um desserviço à política pública.
    Digo isso porque não me escondo atrás de desculpas vazias, que por sua vez se escondem atrás de mesas, as quais se escondem atrás de armários em cantos de sala. Na convivência enriquecedora com outros servidores públicos de Cruz Alta, imbuídos dos mesmos ideais, fui consolidando ao longo do tempo a convicção de que o espaço público é que deve acolher o debate e os processos de decisão, ao invés dos corredores e bastidores escuros dos joguinhos de poder e das trocas de favores.
    Lamento profundamente que estes piolhos de partido, como outros tantos que já tivemos de suportar, venham afiançados por pessoas que não estão à altura da sua própria história. Pessoas que, sem cerimônia, hoje renunciam àqueles princípios e pressupostos duramente forjados pelos movimentos sociais onde elas próprias buscaram sombra e mataram a sede. Isto me faz chorar de decepção. Isto sim, eu não agüentei.

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  21. Vladinei eu me lembro duma ocasião em que a Dielo também teve que entregar uma carga pra uma secretária e uns colega perguntaram pra ela se achava que iam ler o que escreveu e a Dielo respondeu que sabia que os destinatários não tinham capacidade de leitura, mas que mesmo assim não podia deixar de dizer o que sentia e pensava porque alguém um dia ia saber ler.
    Abraço querido e grande colega.

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  22. Os princípios e pressupostos dos partidários, dos mamadores das tetas públicas, dos CC, não são os mesmo dos servidores concursado e do povo de verdade. Digo Vladinei que é um milagre que não tenham inventado uma sindicância contra ti pra dizer que tu é um dos deles. Mas não durma tranqüilo por que a sindicância ainda pode vim.

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  23. Nossa nós trabalhadores que lutamos cotidianamente pelo usuários SUAS, vimos de perto a furia de uma gestora enlouquecida, vimos ela tentar cavocar processos de sindicância, mesmo tendo nos jogado para longe do elefante branco que ela alugou, outros colegas trablhadores da secretaria nos ligavam constantemente, nos avisando que estavam preocupados com tamanha furia e busca de algo que não existia, nós que gritamos e mostramos a 4 cantos do sul que aqui não estavamos bem, pois a falsa profeta mentia em seus cansaveis encontros fora, nada conseguiu nenhuma sindicância, dormimos tranquilos, pois sabemos como nós nos dedicamos a um trabalho com a comunidade.
    Vamos sempre durmir tranquilos, mesmo que cavoquem e cavoquem e cavoquem...

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  24. concordo com a carine. se nós vamos ficar encolhendo sempre... o q vamos ter é essa miséria. o q me deixa feliz é q isso tem dia pra terminar e vai ser primeiro de janeiro. tbem fico triste pq acreditava nesse projeto q taí. hoje tenho séria duvida. mas o que sobra não chega ser melhor. digo falando sério pq continuando desse jeito... sou bem capaz de ficar inclinada pras outras opcões. força ai colegas da assistencia.

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  25. "Decir 'yo no voy a negar mi acto' es rechazar llevar a cabo una negativa, pero no es precisamente reivindicar el acto. Decir 'sí, lo hice' es reivindicar el acto pero también es cometer otro acto en la misma reivindicación, en el acto de hacer públicos los propios hechos, un nuevo acto criminal que redobla y toma el lugar del anterior" (Judith Butler, El grito de Antígona).

    "La crítica radical a la democracia consensual no [es] simplemente la crítica del concepto, sino de las prácticas que producen formas alternativas de intervención sustrayéndose de la norma consensual. La acción misma de corrimiento de la política de consensos nos abre una vía a la multiplicidad [la destitución de todo centro] y a las nuevas imágenes identificatorias de la felicidad" (Colectivo Situaciones, Por una política más allá de la política).

    "[E]s la génesis de las instituciones, la función históricamente constitutiva de la imaginación que comienza a tomarse en consideración... La transformación que sufre el concepto de lo político: no más astucia y dominio, sino imaginación y constitución... Lo político es la metafísica de la imaginación, de la constitución humana de lo real, del mundo. La verdad vive en el mundo de la imaginación, es posible tener ideas adecuadas que, lejos de agotar la realidad, sean, por el contrario, abiertas y constitutivas de realidad, verdaderas intensamente, el conocimiento es constitutivo, el ser no sólo se halla, es también actividad, potencia... La actividad imaginativa... consolida la verdad del mundo y la positividad, la productividad y la sociabilidad de la acción humana". "Potencia contra poder... La política es el reino de la imaginación material" (Toni Negri, a propósito de Spinoza, La anomalía salvaje).

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  26. O dia 1 de janeiro é só mais um dia depois do 31 de dezembro, que vem antes do dia 2 de janeiro, nada de especial. Não devemos, penso esperar por mudanças. Nada vai mudar! Não sou profeta, pessimista ou qualquer outra coisa, a história do Brasil é que nos mostra que não deve se esperar que outros façam as mudanças que entendemos necessárias.
    Medo de sindicância, medo de falar, pensar, medo do por vir. Para que serve isso? Só para nos cortar, nos inibir, somos o resultado da cultura do medo, pois, está é a síntese da História do Brasil, medo dos colonizadores, dos coronéis, dos ditadores, da igreja, de deus etc O que temos afinal a perder? Que ótima oportunidade teríamos em uma sindicância de colocarmos nosso pensar, de dizer em publico que valorizamos e respeitamos a coisa pública, Que nos importamos sim, que o que é público tem dono e que este dono é a sociedade no todo, que as pessoas com quem trabalhamos são cidadãos de direito e que as políticas públicas não podem ser geridas por qualquer incompetente.
    È preciso competência não a mais espaço para damas de caridade e clientelismos, e ser for preciso brigar por isso que seja. Não é tempo de se esperar por outro partido, vamos sim as urnas, não nos omitimos, vamos sabendo que o próximo ano depende de cada um de nós.
    “O momento que vivemos é um momento pleno de desafios.Mais do que nunca é preciso ter coragem, é preciso ter esperança para enfrentar o presente. É preciso resistir e sonhar, é necessário alimentar os sonhos e concretiza los dia- a- dia no horizonte de novos tempos mais humanos, mais justos, mais solidários”. ( Iamamoto, S.S. na contemporaneidade)

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  27. Bravo, Cláudio.
    Você fala da nossa possibilidade de pensar e compartilhar, sem transferir responsabilidade. A possibilidade de implicação está em cada um de nós. É esse exercício que abre algumas alternativas, em tempo real, aqui e agora, e não em um futuro idealizado, ainda que consigamos acumular conquistas ao longo do tempo.
    E fizemos isso juntos, não é verdade? Não como um Quixote contra o moinho. Sabíamos muito bem o que nos esperava, nós dois e a Carine, e pagamos ainda hoje o preço por exercer essa capacidade de pensar e agir, assim como outros tantos antes de nós. A Diello talvez seja a própria encarnação dessa tal dissidência, que boleta nehuma consegue aplacar.
    Fomos lá bancar aquilo que todo mundo sempre teve e ainda tem vontade de bancar, que é o debate aberto e transparente da coisa pública.
    Não fizemos isso por interesse em vantagens ou benefícios pessoais. Fizemos isso porque, como você bem disse, respeitamos e valorizamos a coisa pública. Porque, se existe um dono dessa zorra toda, esse dono é a sociedade.
    Você tem razão, não precisamos abrir mão disso.

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  28. nina simone in revolution... http://www.youtube.com/watch?v=4BTNjeKqpEk&feature=related

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