segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

flecheira.libertária.235


grécia em chamas: alerta!
Há dois dias, diversas cidades na Grécia seguem em greve geral com uma grande manifestação de rua convocada para o domingo, 12 de fevereiro. Enquanto o governo buscava acordo, com soluções fiscais e empréstimos, junto à União Europeia e o FMI, a repressão aos rebeldes se intensificou. As notícias informam que leis municipais de limpeza urbana foram ativadas para prender jovens anarquistas que espalham cartazes pelos muros. Da mesma maneira, o partido comunista e os dirigentes sindicais avançam contra o que classificam de irresponsabilidade dos jovens anarquistas, que, por sua vez, reiteram que o alvo não são as medidas do governo, mas o governo; não é a UE ou o Euro, mas o capitalismo. Com gritos de “Abaixo a Ditadura e seu regime! Revolução ou submissão, capitalismo ou liberdade!”, os anarquistas, que foram os primeiros na Grécia a se levantarem contra o governo e os tratados da UE, desde 2006, correm o risco de mais uma vez servirem de aríete para os negócios dos dirigentes políticos de esquerda e de direita.  
happy birthday? 
As mesmas ruas do Cairo que irradiaram os protestos denominados por intelectuais e mídias internacionais como “primavera árabe” e que derrubaram o ditador Hosni Mubarak, acomodam-se sob ceticismo atroz. Desde fevereiro de 2011 mais de doze mil pessoas que participaram dos embates na Praça Tahir foram julgadas e outros tantos, sobretudo jovens, mortos e assassinados. Jornais de oposição ao antigo governo seguem censurados sob a atual Junta Militar que dirige o país e muitas vezes permutam sua sobrevivência negociando editoriais com o exército egípcio. Diante da letárgica comemoração de aniversário de tais acontecimentos ocorridos em 2011, e que despertaram, no ano passado, desde jovens acampados, militantes entusiastas das mobilizações por redes sociais até articulistas da revista Time, constata-se que da luta pela libertação de um governo pode emergir uma nova prisão. 
profanação com segurança 1 
O carnaval é a histórica festa profana que restitui o santificado. Por quatro dias abrem-se as comportas da regulação para transgressões que depois apaziguarão os humanos sob os céus do sagrado. Vale: amor de carnaval, mudar de gênero, soltar o sexo, beber e se intoxicar, cantar pelas ruas, debochar dos políticos e das sentinelas das doutrinas; vestir-se de fantasias, mascarar-se, desnudar-se, cobiçar e ser cobiçada(o), delirar, sonhar, desfilar, ser rei e burguês; se for trabalhador, que esteja revestido de muito brilho e plumas, seja destaque e passista de escola de samba pelos sambódromos, marche pelo enredo ou faça parte da ópera popular, pule atrás do trio elétrico, entre e saia dos blocos de rua. Cantar, dançar junto com deuses profanos aceitáveis por quatro dias. Depois, cinzas.
profanação com segurança 2 
Fevereiro de 2012: polícias ameaçam a segurança do carnaval com greve por melhores salários. Epa! Que notícia é essa? Como o carnaval pode estar ameaçado por falta de policiamento? Ops! Então não é nem mais carnaval! As autoridades marcam presença nas negociações e as greves devem acabar para celebrarem um acordo para que a população local e a de turistas  brinquem com segurança. Ih, até o Diabo que é abençoado por Deus, como relembra a marchinha conhecida, só baixa com proteção policial? Carnaval virou mesmo um negócio, uma profanação normalizada, um pega-pega planejado, uma festa com promoter. Então não há mais profanação, só choubis com suas celebridades, pirações previsíveis e lararás redundantes.
polícia é polícia
Pouco importam a um libertário as disputas partidárias em torno das ações repressivas dos governos estatuais liderados pelo partido x ou y. Tampouco as comoções que se pretendem inquestionáveis em nome da compaixão pelas vítimas também. É intolerável avançar armado, contra crianças, mulheres e homens; é próprio da covardia de quem se encontra na posição de autoridade no momento. Agora, ouvir policiais militares choramingando contra repressões injustas e acossamento de suas mulheres e filhos, lembra o ditado (que nem sempre são inadequados): spray de pimenta nos olhos dos outros é refresco. Segurança e propriedade seguem sagrados, como manda o figurino das revoluções burguesas. Estado é Estado e polícia é polícia!
mais energético 
Na semana passada aconteceu em São Paulo o maior evento de tecnologia do planeta, a Campus Party. Em uma mistura de acampamento, palestras, competições e  lan house jovens ficaram conectados à internet, durante uma semana, para desfrutarem da conexão veloz de incríveis 20 Gigabytes. A feira, apesar de ter começado na Espanha em 1997, circula todo ano por Brasil, Colômbia, Venezuela, Chile e Argentina. Prefeituras, governos, empresas de telefonia móvel e fixa, empresas de software, hardware e jogos, além de bancos, patrocinam o evento interessados em descobrir o jovem que poderá desenvolver um algoritmo e ser o novo empregado bem sucedido no Vale do Silício. Ali, não se trata mais de inclusão digital da América Latina, mas de investimento no mais competitivo e arrojado jovem que poderá render bilhões em um futuro próximo. Entre as latinhas de energéticos, pizzas e refrigerantes, um jovem orgulhoso com o seu computador diz: “nós somos o futuro".

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