quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Debatedores apontam: padronizar comportamentos não faz parte da Avaliação Psicológica



Aluizio Lopes de Brito (CFP), Alexandra Anache (UFMS), Pedro Paulo Bicalho (UFRJ) Caroline Tozzi (IBAP)
Aluizio Lopes de Brito (CFP), Alexandra Anache (UFMS), Pedro Paulo Bicalho (UFRJ) Caroline Tozzi (IBAP)
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O Debate Online “Avaliação Psicológica e os Direitos Humanos” foi realizado na sexta-feira, 10 de fevereiro, e alcançou aproximadamente 1600 pontos conectados. Com transmissão em tempo real, o debate contou com a participação do conselheiro Aluizio Lopes de Brito, Alexandra Anache, professora de Psicologia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Pedro Paulo Bicalho, Universidade federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além da presidente do Instituto Brasileira de Avaliação Psicológica (IBAP), Caroline Tozzi Reppold. O evento ocorreu no Conselho Federal de Psicologia (CFP), em Brasília, com a novidade de interação entre espectadores e debatedores pela hashtag #DebateOnlineCFP no twitter.
Com o objetivo de propor novas reflexões sobre o tema e propagá-las em todo o Brasil, o debate foi dividido na apresentação dos convidados e também nas respostas às perguntas que os internautas fizeram por email e também pela rede social.
Com o tema “Aspectos éticos e legais da avaliação psicológica e a relação com o respeito aos direitos humanos”, a professora da UFMS Alexandra Anache apontou os desafios da Avaliação Psicológica. “O aumento de critérios de validação de instrumento está ligado à qualificação profissional e ao aprimoramento, que deve ser diário”. Para ela, a publicação da Resolução nº 07/2003 do CFP trouxe mudanças significativas. “A avaliação psicológica deve priorizar a vivência de situações práticas. É preciso que o psicólogo se preocupe com o bem estar do outro”, explica.
A segunda parte do Debate Online “Questões teóricas e técnicas que fundamentam a avaliação psicológica e as interfaces com os direitos humanos” ficou com Caroline Tozzi Reppold, presidente do IBAP. Em seu discurso, Reppold disse que com a criação da Comissão Nacional de Direitos Humanos (CNDH), em agosto de 1997, o respeito e a promoção aos direitos humanos influenciou os trabalhos de avaliação psicológica, principalmente na promoção à Saúde. A psicóloga é também professora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
“Aspectos éticos da avaliação psicológica e a relação com o respeito aos direitos humanos”, foi trazido pelo  coordenador da CNDH do CFP Pedro Paulo Bicalho. “Por intermédio da avaliação, os psicólogos buscam informações que ajudem a responder e ou problematizar questões sobre o funcionamento psicológico das pessoas e suas implicações, nunca desvinculando do contexto sócio-histórico em que os mesmos estão inseridos”. Para ele, a subjetividade é agenciada por uma complexa teia de dimensões que se relacionam entre si e por isso é preciso colocar em análise demandas que sugerem previsões determinísticas.
A parte reservada para perguntas, enviadas pelos internautas que acompanharam o Debate Online em tempo real, fez com que debatedores afirmassem que não se pode associar patologia a um tipo de personalidade. Questionado sobre como fazer avaliação psicológica com um indígena, Pedro Paulo explicou que é necessário pensar no contexto e na singularidade que o compõe. “Não podemos abrir mão do que se está avaliando. Corremos o risco de impor nossa cultura. Não podemos padronizar comportamentos”.
O contexto jurídico também foi questionado pelos internautas. Pedro Paulo explicou que uma avaliação dentro desse campo serve para o psicólogo dar um posicionamento. “O posicionamento serve como base para que uma autoridade tome decisão na vida de pessoas. Por isso é mais que necessário colocar em análise o que se está fazendo”, apontou. O professor da UFRJ afirmou que pensar em avaliação psicológica é pensar em práticas, mesmo tendo em vista que “o que não está nos autos não está no mundo”, explicou.

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