sexta-feira, 12 de agosto de 2011

escrever

não saber escrever, muitas vezes significa não ter o que dizer. e não se trata de um saber escrever essa grafia tão organizadinha da (des)conhecida língua culta. não se trata de organizar os pensamentos conforme as normas de um bem dizer e de um se fazer entender.
falo de um saber escrever enquanto potência ou enquanto possibilidade de pensar o que se faz e o que se diz, para então, também dizer coisas. para isso, fique claro, não é necessário nenhuma arenga formal, basta ser gente e pensar. isso me foi mostrado, ainda em criança, por um benzedor que me benzia os cobreiros. ele nunca soube ler o desenho sequer de uma letra escrita, mas conhecia as propriedades de todas as ervas da região em que morava. então, benzia e dava um chá. a benção era seu poder oculto e o chá era a artimanha revelada da natureza, que produz os elementos necessários para regular os males por ela produzidos. nesta semana me saíram vários cobreiros pelo corpo e hoje acordei chorando, ao sentir o cheiro da maçaroca de arruda com que, no sonho, seu Pedro (o Benzedor... benze-dor) me benzera. ainda passei o dia purgando o veneno que me foi deixado no corpo e quando passou, fiquei leve.

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