sábado, 20 de agosto de 2011

apaixonada

Te componho, aos poucos,
como a aranha compõe sua teia.
Pronuncio teu nome,
como o enunciado sagrado dos pensamentos - os mais profanos.
Olho em teus olhos,
como o bêbado que precisa do vinho.
Chego-te perto, tão intensamente,
como dois pólos imantados que se aproximam.
Saio do equilíbrio da gravidade,
quando meu terreno se aproxima do teu.
Entro em curto-circuito,

quando meus fios se embolam com os teus.
Acalmo-me,
quando sei que existes.
Perco-me,
quando sei que existes tão intensamente.
Desde o dia em que me atravessastes a vida,
quero-te perto, muito perto.
Mas, ao mesmo tempo,
espero-te longe, muito longe.
Não sei de onde vens.
Não sei como vens.
Antes, sabia-te ancorada em teu porto parado e seguro.
Agora, dei para ver-te em todos os lugares em que estou.
Aparece-me nos sonhos que sonho acordada.
Aparece-me no horizonte obliquo da vida.
Aparece-me na bodega da esquina.
Aparece-me na fumaça do meu palheiro.
Aparece-me na borra do meu café.
Estás tão aqui, tão por perto, que te vejo.
E quando, ao acaso, sinto teus passos vindo,
meu coração dispara, minha cabeça roda,
meus pensamentos se extraviam,
meu corpo treme.
Não sei o que é isso.
Faço-me de ignorante,
que é para fazer-te vir explicar
e mostrar porque te acende esse brilho
quando ouve minha voz e encontra meu olhar.
Assim, talvez, possa entender
porque me acende este brilho
quando ouço tua voz e encontro teu olhar.
Ou, talvez, por estar imitando a aranha,
possa me perder em tuas teias/minhas teias/nossas teias.

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