estou patinando, já tem uns quantos dias, num texto sobre as relações do judiciário com as políticas públicas. não é que não esteja conseguindo produzir o texto, mas sim, porque simplesmente não está restando tempo físico... mas logologo a coisa sai. são dois pontos que me preocupam: o transloucamento do poder judiciário, ao provocar a fragilização, em vez de potencializar as políticas públicas quando o cidadão desavisado aciona-o diretamente para garantir seus direitos que sequer foram buscados; o outro ponto, é o uso abusivo que o judiciário faz do executivo, promovendo seus mandados garantistas para transformar o executivo em sua petit senzala, como se os trabalhadores públicos fossem obedientes serviçais ao dispor das burocráticas demandas judiciais, esquecendo que as políticas públicas são feitas para outros fins, ou seja, basicamente para prestar os serviços públicos que garantem pelo menos os direitos constitucionais. enquanto corremos de um lado para o outro, feito baratas-tontas, para atender às demandas próprias de nosso cotidiano de trabalho e ainda as que o judiciário descabidamente (na maioria das vezes) nos joga pelas ventas, o próprio judiciário que tem seu espetaculoso orçamento garantido não garante a organização de equipes técnicas dentro de seu próprio quadro de trabalhadores e, assim, usa e abusa do executivo e dos trabalhadores, roubando do cidadão, o espaço dos serviços e das políticas públicas. mas logo sai o escrito completo sobre esse furdunço... enquanto isso lembro aos colegas com quem já conversei e também aos demais, para que vejam o Documentário nacional "Justiça".
afora esses dois pontos, há outro sobre o qual muito pouco se fala e que se refere aos Manicômios Judiciários... lugares em que se deposita o louco que pratica crimes... lugares de invisibilidade para a sociedade... embora em alguns lugares já se esteja produzindo rupturas nessas práticas, ainda há muito para ser feito.
nessa toada, dia desses, tive acesso, através de um amigo, ao texto da Tese de Doutorado da Ana Maria Preve, Mapas, prisão e fugas : cartografias intensivas em educação... fiquei tomada por aquele escrito, sem poder carregá-lo comigo... agora, faz poucos dias, encontrei a própria Ana que enviou o caminho virtual para buscar sua Tese que trata exatamente sobre o Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Florianópolis/SC... para quem tem interesse, aí vai o resumo, mas também pode buscar a íntegra do escrito em http://cutter.unicamp.br/document/?code=000779354... (é necessário fazer um breve cadastro para visualizar ou baixar o documento).
Resumo: A partir da proposição de oficinas sobre Geografia e Meio Ambiente junto aos internos do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Florianópolis/SC, desenvolveu-se uma pesquisa interessada em geografias intensivas. O foco inicial das oficinas era investigar o pensamento geográfico e as articulações espaciais dos detentos com suas vidas restritas ao espaço prisional. O estudo e a produção de mapas, pelos participantes, contou com a emergência de várias outras produções gráficas dos mesmos. Tomadas, num primeiro momento, como ruído, essas produções (desenhos, relatos, fotos), de tão recorrentes, passaram a ser consideradas e tornaram-se o foco mesmo das investigações, na medida em que problematizavam, entre outras coisas, o aprisionamento e a co-extensiva medicalização a que estavam sujeitos, gerando a noção-ferramenta de mapas intensivos. Nessa noção o conceito de intensivo tomado de Gilles Deleuze e Félix Guattari joga um papel central acompanhada das noções de devir, linhas de fuga (aqui, fugas) e desterritorialização dos mesmos autores e dos estudos sobre prisão e loucura de e com base em Michel Foucault. As oficinas colocam-se, portanto, como estratégia educacional interessada na cartografia das contingências e dos processos em que surgem os mapas intensivos. E é com isso que adquire consistência a noção de geografias intensivas.
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