Por José Geraldo Couto, editor do Blog do Zé Geraldo
capturado em: http://www.outraspalavras.net/2011/04/20/de-palma-e-o-bullying/O bullying não é um fenômeno novo. O que é novidade é a adoção generalizada (e colonizada) desse termo importado que acabou por eliminar uma série de palavras do português que poderiam matizar mais o assunto, caso a caso: intimidação, agressão social, maus-tratos, exclusão, rejeição, opressão do grupo, crueldade psicológica etc.
O caso mais antigo de bullying de que tenho notícia é o do patinho feio. O conto de Andersen, aliás, pode ser lido como uma maneira de sublimação do sentimento de rejeição e humilhação pelo grupo sofrido por muitas crianças e adolescentes. O patinho feio tem a sua revanche a longo prazo, tornando-se um lindo cisne.
O problema é que nossa época é mais imediatista, a vingança tem que ser urgente. E as crianças não leem mais Andersen, mas navegam pela internet, expondo-se a uma miríade de referências e estímulos que elas não têm condições de processar e elaborar.
Pronto, já falei demais.
Para compensar esse palavreado apressado e provisório, aqui vai a sequência de abertura daquele que talvez seja o mais belo filme sobre o tal bullying, feito quando a palavra ainda não tinha entrado na moda. O engraçado é que o título em portugês acrescentou ao original um adjetivo que é, por si só, uma expressão de segregação, de preconceito contra o que é diferente.
Estou falando, é claro, de Carrie, a estranha, de Brian De Palma. Passa a toda hora no Telecine Cult. Vale a pena ver, nestes tempos sombrios.
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