Há uns três meses ocorreram alguns eventos que abalaram minha confiança em meu equilíbrio orgânico e fui levada, às pressas, para fazer os exames de rotina que já estavam com um atraso considerável e que eu própria prego para todos que não se pode deixar para depois. Um desses exames tratava-se da mamografia.
Confesso que não tenho dificuldades para mostrar aos peitos, ao contrário é algo que me produz um imenso prazer... é claro que depende da ocasião, do local e da pessoa com quem se dá o ato... não é com qualquer uma que faço isso... ah! Falo PEITOS porque gosto dessa palavra... acho que MAMAS ou SEIOS soam muito burocrático... PEITO é algo mais carnal, mais visceral!
Mas há de se convir que não seja algo muito agradável, apresentar os peitos para uma pessoa que nunca se viu antes e que vai lhe fazer rodopiar em posições adequadas ao exame naquele equipamento gelado e opressivo... eu pelo menos não tenho fantasias com isso.
Admito que não fosse um dia muito tranqüilo, pois era todo ele dedicado também aos exames ginecológicos de rotina e, em certas situações acontecem eventos constrangedores ou até engraçados (dependendo do humor com que se está no dia)... nunca se sabe o que se passa, exatamente, na cabeça dos examinadores heterossexuais guiados pelo desconhecimento ou pelo preconceito com relação aos homossexuais... por exemplo, numa ocasião em que, fazendo a ultrassonografia transvaginal, a pessoa que operava o equipamento, ao receber a informação de que eu seria homossexual, ficou toda cuidadosa e disse: “vou colocar bem devagarzinho, tá?!”, ou outra, mais recentemente, que foi fazendo a entrevista enquanto já fazia o exame e quando recebeu a informação, quase me estuprou, tamanho o susto que levou.
Voltando à moça do mamógrafo, a quem rendo uma homenagem... era uma moça muito doce, suave e educada, que faz toda a diferença num momento em que, por um ou outro motivo, se está fragilizado ou, muitas vezes, pouco à vontade.
Saí de lá pensando nessas coisas da humanização no trabalho em saúde... assumo que acho ridículo falar em humanizar algo que por si só já diz do humano e que, portanto, não poderia ser tomado de uma certa animalidade ou precariedade... mas, enfim, a moça do mamógrafo foi tão humanizada e profissional em seus procedimentos, que me fez voltar a acreditar que uma outra atuação no trabalho em saúde seja possível, com trabalhadores que possam ter tempo e condições de olhar e cuidar de si, para poderem ter, assim, uma relação mais consistente com as pessoas que demandam seus serviços, principalmente porque quem necessita da atenção no campo da saúde, já encontra-se, muitas vezes, numa situação de fragilização e de vulnerabilidade, em que não cabe mais o descuido, a grosseria ou a precariedade no atendimento.
Depois de toda a romaria de exames, quase voltei pra responder novamente a uma das perguntas da moça do mamógrafo... “é exame de rotina?”... quase voltei pra responder que, com aquele atendimento bacana, eu até gostaria que se tornasse rotina... mas não voltei... pensei: é só o que me falta, começar a ter fantasias com isso! Deixei isso de lado, mas voltei a ter fantasias com a idéia de que talvez um outro atendimento em saúde seja possível!
só voce mesma maria luiza pra falar tão poéticamente desse assunto.já fui examinada or cada brutamontes que saí dolorida, não gosto desse exame, pela fartura que tenho de material acham que não tenho sensibilidade, e é justamente o contrário.....
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