Acontece, nos dias 21, 22 e 23 de junho, o seminário “A atuação dos psicólogos no Sistema Único de Assistência Social”. Esse é um momento fundamental, visto que nos campos das demais políticas públicas raramente se teve o privilégio de se ir construindo a caminhada e ao mesmo tempo discutindo seus passos.
Estou completando quase 13 anos de formação e de atuação profissional e meu primeiro trabalho em espaço público, foi no campo da política de assistência social. Fui abrindo a trilha com canivete, pois tendo sido a primeira profissional psi a atuar na Secretaria Municipal de Assistência Social de Cruz Alta/RS, deparei-me com uma formação cultural absolutamente assistencialista e paternalista, cujo átravessamento já estava se dando, com a discussão sobre práticas sociais protagonistas e libertárias. E é bonito de se ver uma caminhada que muitos de nós ajudaram a construir, chegar à formulação que hoje é o SUAS - Sistema Único de Assistência Social. Por isso, a discussão deve ser o leme que guia o trabalho nessas andanças que tece os caminhos, os pontos de rede, a territorialização do desenvolvimento social.
Desde 1998, já tive o privilégio e o desafio de trabalhar nos campos da assistência social, da educação (psicóloga e docente), da saúde e do judiciário. Atualmente dedico-me ao foco de atuação que escolhi me deter, que é o da saúde mental e vejo que o SUS, cuja Lei que o regulamenta já completa 20 anos, está recebendo um remendo que vem de há alguns anos, que se refere ao movimento de humanização do SUS. Chamo isso de remendo, porque o processo de implantação do SUS talvez tenha deixado esmaecido esse traçado fundamental de suas teias, que é a humanização, o que encontra o seu equivalente no campo da educação, quando se propõe trabalhar a educação inclusiva (como se a educação não fosse por si só inclusiva) ou a educação de qualidade (como se isso também não fosse o seu óbvio), portanto, não podemos deixar passar como água mansa, esses momentos em que podemos pensar a "Atuação dos psicólogos no Sistema Único de Assistência Social", sem esquecer que não devemos ser reprodutores dos equipamentos, das ferramentas e do ideário do sistema dominante que cuida em massacrar e excluir as gentes, mas sim, como nos diz Pelbart: "É evidente que esta época pede outra coisa. Não se trata, hoje, de comprazer-se com esse composto perverso de lamúria e adesão cínica, mas de cartografar e resistir, de apreender o que está em jogo no presente e, assim, dar visibilidade às saídas inventivas que nele se anunciam, sem nostalgias frívolas nem utopismos ortodoxos. Sartre escrevia, na sua apresentação à revista Les temps modernes: 'Não queremos perder nada de nosso tempo: talvez haja tempos mais bonitos, mas este é o nosso; só temos esta vida para viver, no meio desta guerra, desta revolução talvez'. É precisamente o que hoje parece difícil: não se refugiar em algum paraíso pretérito ou futuro, de modo nostálgico ou embevecido, mas estar atento às urgências deste nosso presente, desta nossa vida, desta nossa guerra, destes devires-revolucionários que se gestam no nosso dia-a-dia" (Pelbart, P.P. Prefácio. Em FONSECA, T. M. e FRANCISCO. D. J. Formas de ser e habitar a contemporaneidade. Porto Alegre: Ed. Universitária/UFRGS).
Por hoje divulgo o convite e a programação e deixo para escrever mais noutra postagem.
O evento, de caráter nacional, é uma iniciativa conjunta dos Conselhos Federal e Regionais de Psicologia, do Ministério do Desenvolvimento Social e da Secretaria Nacional de Assistência Social.
Todo o seminário será transmitido via internet pela página http://psisuas.pol.org.br. Além da participação presencial em Brasília (DF), os psicólogos de outros estados também poderão assistir ao seminário nas salas de exibição organizadas pelos Conselhos Regionais de Psicologia.
Confira a programação do evento:
21 de junho de 2010
19h Solenidade de abertura
19h30 Conferência de abertura: A atuação dos psicólogos no SUAS
22 de junho de 2010
9h Mesa: Marcos éticos e normativos do SUAS: elaboração e apropriação
10h Debate
14h30 Mesa: Dilemas da atuação Interdisciplinar na Proteção Social
15h30 Debate
23 de junho de 2010
9h Mesa: A Psicologia necessária nos serviços de Proteção Social Básica
10h Debate
14h30 Mesa: A atuação do psicólogo na proteção social especial
15h30 Debate
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