quarta-feira, 30 de junho de 2010

As lentes embaçadas da RBS

Estou com uma anotação feita desde o último sábado, sobre as pulseiras do crack, da RBS, quando aconteceu a mobilização alusiva ao combate às drogas. Isso se somou hoje, a uma anotação sobre uma fala que ouvi, de passagem, ao meio dia, vinda do Lasier Martins, exaltando uma tal de radiografia da economia da região de Cruz Alta que seria feita a partir de um debate mediado pelo referido jornalista e representantes da economia local – evento que acontece numa promoção do Grupo RBS e da Rede Gaúcha- Gaúcha Sat, chama-se: Gaúcha Debates do Rio Grande, tendo como objetivo buscar soluções para o desenvolvimento das regiões do Estado.
Ponto 1: O jogo das pulseiras da RBS! Até vi algumas coisas sobre a febre das pulseiras do sexo e a febre de leis proibindo a sua comercialização (inclusive aqui em Cruz Alta), mas não atentei muito para a questão e nem formei uma noção mais objetiva sobre a mesma. Contudo, tomo-a por seu propósito, ou seja, o jogo das pulseiras é uma brincadeira boba que define códigos entre os adolescentes para publicizar questões sexuais... coisa banal se não tivesse tomado outra dimensão a partir da ação exacerbada de alguns jovens (talvez os mesmos que se enquadram no tal do bullying) que, encontrando uma menina que usava as tais pulseiras, a violentaram, obrigando-lhe a cumprir o exposto nas cores das pulseiras que usava. Com a proibição da comercialização na cidade em que esse fato ocorreu, várias outras comunidades correram a copiar a lei, passando ao largo, como sói acontecer, da discussão das questões de ordem pessoal e social, no que se refere ao corpo, à sexualidade e ao exercício dos movimentos próprios da adolescência com relação a isso.
Bueno! O que tem isso com as pulseiras da RBS? No meio de todo esse rebordeio sobre as pulseiras do sexo (proíbe ou não proíbe, discute ou não discute, onde a coisa escorreu pelo meio dos dedos, quem deixou escorrer, etc), me aparece a RBS com uma singela pulseirinha (acho que é de borracha), com uma inscrição em baixo-relevo: “CRACK NEM PENSAR” (a amiga que me anunciou as pulseiras e me trouxe a idéia de abordar o assunto, recebeu-as num evento que as alardeou!)... remeto a questão ao código das pulseiras (cada cor dá o sinal de como, quem e até onde a situação pode ir... as pulseiras da RBS, nas cores que me chegaram às mãos, tem o preto, o vermelho e o cinza - não sei se tem outras cores)... o que se quer com isso? Ora se proíbe as pulseiras, ora se usa a idéia para outras coisas... como ficam os referenciais para os adolescentes? Além disso, essa situação esclarece o ponto alto da campanha do crack nem pensar: primeiro, o NEM PENSAR, ou seja, não é para fomentar a evitação à droga, mas é feita pra não se pensar na questão; segundo, é uma campanha fascista e terrorista que coloca como único foco da questão social e da drogadição, o usuário e o crak; terceiro, e assim, não discute o sistema dominante que a RBS tanto fomenta e nas tetas do qual mama eternamente, assim como, não discute a publicidade de outras drogas, que é feita em todos os seus canais de comunicação (álcool, fumo, cigarro, capitalismo, exploração social, humana, política e econômica, tráfico de drogas, etc).
As pulseiras são claras no baixo-relevo: CRACK NEM PENSAR... nas cores, eu não sei... no mais, NEM PENSAR naquilo que é do interesse capitalístico da RBS!
Ponto 2: A radiografia econômica da região! Veio-me o Lasier (nem pensar!) dizendo mais ou menos assim: que já havia observado que a economia da região estava tomando um rumo e que agora a coisa vai, mas, com isso, só exaltou as ações macroeconômicas inseridas no traçado definido pelo modelo econômico dominante, que pouco fazem pelas gentes e muito insistem na retroalimentação ao capital (um exemplo: um produtor de leite que entra nesse sistema fica atrelado à aquisição de equipamentos, máquinas, insumos, etc, dentro de critérios e condições aos quais não pode fugir... acaba trabalhando muito mais para atender essas condições... e além disso, leite para todos, aqui em nossa comunidade, a custo reduzido, não temos!)!
Mas enfim, isso não aparece em radiografia... isso só apareceria em cartografias... e é por isso que a RBS faz radiografias, que é para mostrar só o que lhes interessa... bate a chapa e depois sai dizendo que esse é o retrato do Rio Grande! O que aparece no retrato, é o que não interessa efetivamente às gentes, só ao sistema dominante... esse mesmo do qual a RBS se alimenta!
PS: Hoje só falei de drogas, porque ocorreu de os assuntos se juntarem!

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