domingo, 17 de julho de 2011
laços de sangue
dia desses, uma pessoa conversava comigo sobre o fato de alguém próximo a ela fazer uso abusivo de álcool (é um cunhado seu). relatava isso e expressava sua intenção de "internar" a dita pessoa para "tratar". fazia conjecturas quando, sincera, disse: "quero ver se isso é possível, porque na verdade eu não teria que fazer nada, pois essa pessoa não é nada minha... não tenho nada que ver com isso...". fazia uma noite fria e depois da conversa, que aconteceu por acaso, segui no cortado do minuano que me congelava as orelhas... enquanto andava, o frio congelou em minha memória aquela expressão: "eu não teria que fazer nada, pois ele não é nada meu"... fiquei pensando sobre o que seria necessário ser para poder ser algo daquela mulher que me parou na rua para conversar, por saber que sou psicóloga e trabalho no serviço de saúde mental. passei a noite ruminando essa coisa... para ser tomado em consideração por aquela senhora seria necessário ter laços de sangue? não basta ser gente ou algo parecido? o que será que ela diria ou pensaria se eu usasse os mesmos critérios que ela e lhe dissesse: "com licença, mas não estou em meu horário de trabalho e nem de plantão, a noite está fria, a pressa é grande, vou cuidar da minha vida... e a senhora vai lá em meu espaço de trabalho pra agendar um horário para conversarmos"? não fiz e jamais faria isso, principalmente porque penso que qualquer coisa que tenha a ver com a vida, tem a ver também comigo. [penso que o argumento dos "laços de sangue" seja precário demais para abarcar afetos que se dão pelos "laços de vida"].
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