terça-feira, 28 de dezembro de 2010

divulgação: DOSSIER DELEUZE - Apresentação

Estou postando as partes iniciais, o Sumário e a Apresentação do Dossier Deleuze, organizado por Carlos Enrique de Escobar. No decorrer do tempo postarei os textos.
DOSSIER DELEUZE
Organização: CARLOS ENRIQUE DE ESCOBAR
Um exame rigorosamente completo da obra do filósofo Gilles Deleuze - numa seleção de textos e análise do prof. Carlos Henrique de Escobar
HÓLON EDITORIAL
1991
Depois de uma primeira etapa consagrada a trabalhos da história da filosofia, que teria culminado com o Nietzsche (1962), Gilles Deleuze elaborou com Diferença e Repetição (1969) — e depois com os dois volumes de Capitalismo e Esquizofrenia (1972 e 1980), escritos com Félix Guattari — uma filosofia própria. E, após escrever sobre pintura e sobre cinema, retorna com uma abordagem mais clássica da filosofia — porque, para ele, a filosofia tem uma função que permanece perfeitamente atual: criar conceitos. Para Gilles Deleuze o que interessa é o conceito (que comporta duas outras dimensões, as do percepto e do afeto), e não as imagens. Os perceptos não são as percepções, mas conjuntos de sensações e de relações que sobrevivem àqueles que as experimentam; e os afetos não são sentimentos, mas esses devires que desbordam o que passa por eles. A filosofia tem necessidade não somente de compreensão filosófica, por conceitos, mas de uma compreensão não--filosófica, a que opera por perceptos e afetos. Ambos são necessários. A filosofia está numa relação essencial e positiva com a não-filosofia: ela se dirige diretamente aos não-filósofos. Um grande filósofo é aquele que convence seus leitores a levar doravante uma vida filosófica. Gilles Deleuze os convence. Não é necessário que todos tenham êxito nisso; é suficiente que todos que o leiam percebam que tal vida está doravante aberta. A importância de Gilles Deleuze, como a de todo filósofo autêntico, consiste em que, à diferença da maior parte dos filósofos de hoje, ele não encontra, onde quer que vá, nada que seja da ordem da ideologia. Gilles Deleuze segue um método. Ele introduziu na filosofia, ou retomou nela explicando-os, um certo número de conceitos que não tinham aí nem esse lugar nem essa duração, ou que os tinham sob outra forma e segundo outra lógica. Gilles Deleuze via na filosofia francesa do pós-guerra uma escolástica comentadora da história da filosofia, com suas escolas, suas leituras, suas imitações, que se formaria à volta da fenomenologia e, em seguida, do estruturalismo. Como sair da história da filosofia', como caminhar fora dela e inventar novas questões? É esta procura de uma outra imagem do pensamento' que Gilles Deleuze perseguirá em toda sua obra — através de uma fabulosa colagem de saberes, de escrita, de pintura, de cinema e de política. Talvez seja esta a questão do seu idioma, do seu tornar-se singular: "O propósito não é responder às questões — é sair delas”. O que acontece com os escritos de Gilles Deleuze é uma mudança de perspectiva na leitura dos grandes filósofos do passado, produzindo novas e diferentes visões em relação à história da filosofia, analisando filosoficamente as artes plásticas, o cinema e a literatura, criando um pensamento próprio, fora do sistema estabelecido, e trabalhando em conjunto com outras áreas do conhecimento. Para Gilles Deleuze a filosofia não tem a obrigação de buscar os modelos em-si, mas tem a função de inventar e produzir conceitos, onde arte, filosofia e vida se afirmam num mesmo mundo como expressão vital.
SUMARIO
Apresentação, 7
Signos e acontecimentos - Entrevista realizada por Raymond Bellour e François Ewald, 9
Leibniz: um mundo único e relativo - Bruno Paradis, 31
A vida filosófica - François Regnault, 40
O último curso? - Giorgio Passerone, 52
Lógica do sentido, ética do acontecimento - John Rajchman, 56
Pensar em Espinoza - Pierre Macherey, 62
Deleuze e Nietzsche ou o inverso... Marc B. Delaunay, 69
A fissura do pensamento - Jacob Rogozinski, 73
Foucault, Deleuze: um diálogo fecundo e ininterrupto - François Ewald, 79
I - Anti-Edipo: uma introdução à vida não-fascista - Michel Foucault, 81
II - Foucault, historiador do presente - Gilles Deleuze, 85
A esquizo-análise - François Ewald, 89
O plissado barroco da pintura - Christine Buci-Glucksmann, 93
Um filósofo no cinema - Reda Bensmaia, 98
Deleuze no mundo - H. Tomlinson e R. Galeta, G. Passerone, K. Uno, D. Polan, 104
Mil platôs não formam uma montanha...Debate com G. Deleuze, C. Descamps, Didier Eribon e Robert Maggiori, 115
Sobre quatro fórmulas poéticas que poderiam resumir a filosofia de Kant - G. Deleuze, 127
Instintos e instituições - G. Deleuze, 134
Um dia o século será deleuziano - Murilo Mendes e Léa M. Guimarães, 138
Alguns dos motivos deleuzianos - Carlos Henrique de Escobar, 144
Notas Biográficas, 174
Bibliografia (Org. Dominique Séglard), 175
APRESENTAÇÃO
Dossier Deleuze continua a coleção Dossier, onde Dossier Foucault (editado em 1984) foi o livro de abertura. Esgotado há algum tempo, pensamos hoje em reeditá-lo. Nosso propósito é o mesmo. Isto é, ampliar o estudo da filosofia francesa contemporânea e torná-la, não um modelo a ser simplesmente imitado, mas um estímulo complexo e diversificado que deve ser pensado.
Os filósofos franceses e os filósofos europeus não existiram ou existem para serem copiados. No Brasil (com seu espírito colonial e sem tradição cultural e filosófica) alguns destes filósofos foram imitados e, inclusive, «imitados fisicamente». Veja-se o caso dos lacanianos do Rio de Janeiro que se vestiram e se vestem como «Lacan» (quando vivo) e o caso não muito recente de um grupo de deleuzianos também no Rio que tem tentado fazer o mesmo. Se o motivo é ingênuo e pueril ou se é torpe (isto é, uma tentativa de «aparelhar» estes filósofos num propósito de lucros materiais ou de luta pelo poder intelectual local), pouco importa. O que para nós é mobilizador nesta infeliz atitude concerne ao prejuízo intelectual daí resultante, já que de resto brasileiros e franceses têm rido com esta história. Veja-se, por exemplo, a esterilidade destes deleuzianos em publicações, reflexões próprias e originalidade de idéias. A mesma esterilidade pode-se observar entre os lacanianos locais, mas de forma inversa. Este grupo é pródigo em publicações, no entanto estas publicações escondem com dificuldade seu caráter promocional em torno de um dos seus representantes, ou são então divulgações absolutamente comprometedoras do lacanismo no Brasil.
Ao nosso ver, a originalidade filosófica é uma exigência irrecusável visto que jamais em filosofia se trata de verdade ou lei. A «filosofia é criação de conceitos» e tem muito pouco a ver com professores e copiadores, como diz Deleuze (vide a Entrevista que abre o Dossier). Ainda que ao nosso ver a época da «volta a Marx», ou «volta a Freud» ou «volta» a não importa quem tenha se esgotado, cabe as-sumir a tarefa dupla em filosofia, dos estudos e publicações sérias em torno das grandes filosofias e da elaboração singular e original de pensamentos.
As publicações, e por princípio, em nossos trabalhos editoriais têm, então, duas diretrizes: divulgar com seriedade filosofias e depoimentos no universo dos motivos trágicos e assegurar a publicação (e meios de debate) a pensamentos originais entre nós.
por: Carlos Henrique de Escobar
cooperação.sem.mando

Um comentário:

  1. OLÁ MARIA LUIZA,

    FELIZ ANO NOVO !!!

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