"invenção da vida - Foucault afirma que a cultura gay deve ser entendida no sentido mais amplo, como uma cultura que inventa modalidades de relações, estilos de vida, tipos de valores, formas de troca que não têm de ser homogêneas nem se sobrepor às formas culturais gerais. Se isso for possível, a cultura gay não será apenas uma questão de escolha homossexual, mas criará relações que, pelo menos até certo ponto, poderão ser transpostas para os heterossexuais. Não se trata, nesse caso, de reintroduzir a homossexualidade na norma geral das relações sociais, mas de deixá-la escapar na medida do possível ao tipo de relações que nos é proposto por nossa sociedade para tentar criar novas relações no espaço vazio onde estamos. Assim, pessoas não homossexuais também poderão enriquecer sua vida mudando seu próprio esquema de relações.
Escapando da categorização "homo-hétero", os gays podem definir de modo diferente os seus problemas e tentar criar uma cultura que só faz sentido a partir de uma experiência sexual e um tipo de relação que lhes são próprios. Do ponto de vista foucaultiano, seria interessante fazer com que o prazer da relação sexual escapasse do campo normativo da sexualidade e de suas categorias, fazendo dele o ponto de sustentação de uma nova cultura. O importante é o reconhecimento desse tipo de relação pelos indivíduos, no sentido de se apoiarem nele para inventar novos modos de vida".
por carlos augusto peixoto junior
em uma genealogia do presente: sexualidades e modos de vida
na revista mente, cérebro e filosofia - n. 6
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