Potência virótica da vida: afecto, escrita e subjetivação
por Ângela Donini
Dissertação de Mestrado, 2003. Núcleo de Estudos da Subjetividade, Psicologia Clínica, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. <angela.donini@aids.gov.br>
Palavras-chave: saúde pública; instituições de assistência ambulatorial; HIV; síndrome de imunodeficiência adquirida.
Palavras-chave: saúde pública; instituições de assistência ambulatorial; HIV; síndrome de imunodeficiência adquirida.
O presente trabalho traz a escrita de uma experiência inicialmente configurada no plano da saúde pública, especialmente o trabalho ambulatorial em HIV/Aids. Na medida em que este encontro começa a bordejar outros campos, próprios do percurso humano, como a filosofia e a literatura, a escrita toma novo fôlego para colocar em questão a experiência de estar com o outro, da exposição, dos encontros.
Tal experiência tem seu limiar de ação na busca de um exercício de reconhecimento do potencial virótico da vida, ou seja, o poder de contaminação gestado nos encontros. Desta maneira, o potencial virótico é tomado como metáfora para pensarmos como o modelo de prevenção vem se configurando como um modelo produzido para evitar o contato com o outro, fortalecer-se na experiência individual, reduzir os riscos de contaminação e tomar de assalto o corpo e o homem.
A partir da constatação histórica e política dos dispositivos de gerenciamento da vida, inicia-se uma viagem à experiência da morte, da noite, da alteridade, do intensivo, utilizando como via de afecto a experiência literária.
O principal vetor de propagação é composto pela proposição de uma experiência dos encontros (clínica) que esteja à altura das situações limites, que tenha a potência de produzir afectos e transformá-los em atos.
Quatro movimentos de texto compõem esta estratégia. Todos eles buscam a potência de produzir uma narrativa cambiante, em que procedimentos sócio-histórico-políticos e experimentações literárias movimentem-se em contraste. O texto caminha contrapondo-os e chocando-os, recortando-os e recombinando-os, percurso de tropeços e fracassos, mas também de crença e alegria.
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