terça-feira, 19 de março de 2013

flecheira.libertária.286


cerimônia oficial
Nesta semana, uma cerimônia organizada pela Comissão Nacional da Verdade expôs a responsabilidade do Estado pela perseguição, tortura e morte de pessoas consideradas subversivas durante a ditadura civil-militar. No Instituto de Geociências da USP, foi entregue o novo atestado de óbito de Vladimir Herzog que reconhece a morte sob tortura durante interrogatórios em dependência do segundo exército, DOI-CODI. Realizou-se, paralelamente, um “julgamento simbólico” da morte do estudante Alexandre Vannuchi Leme, assassinado em 1973 e considerado oficialmente terrorista. O resultado foi o pedido de desculpas oficial à família, acompanhado de anistia póstuma. Enquanto a cerimônia expõe o reconhecimento tardio das torturas pelo Estado, permanece o silêncio oficial a respeito dos nomes dos agentes financiados pela ditadura civil-militar e suas atuais ocupações. 
negócio oficial 
Uma parceria público-privada, na cidade de Ribeirão das Neves (MG), é responsável pela construção de mais uma unidade prisional no país. Em 2009, por meio de um acordo entre a GPA (Gestores Prisionais Associados) e o Governo Estadual de Minas Gerais, firmou-se um contrato para a construção do Complexo Penitenciário Público-Privado. Moradores preocupados alegam que, com ela, chegará também um contingente populacional que levará a um crescimento urbano desordenado. As parcerias público-privadas para a construção de prisões não são mais novidade: consolidaram esse ramo de investimento no planeta. Construir prisões é como instalar hidrelétricas e mineradoras: deve contemplar o entorno, “mitigando os impactos” e negociando com os cidadãos locais melhorias e vantagens para a consolidação do negócio.
para além das cerimônias e negócios, o presente 
Entre revisão de documentos, pedidos de desculpa e “julgamentos simbólicos”, o importante é que se saiba o que aconteceu em delegacias e prisões para que todos conheçam quem foram os serviçais, cúmplices e omissos a ditadura civil-militar. Não esqueçamos que mesmo na democracia, pessoas são torturadas, assassinadas e desaparecidas todos os dias. Depois da cerimônia, é preciso permanecer atento aos negócios do presente.

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