sábado, 16 de março de 2013

flecheira.libertária.285


lá foi-se o chávez, chávez, chávez...
Intelectuais midiáticos entrevistados em programas inteligentes discutem se haverá “chavismo” sem Chávez. Uns opinam que sim, outros que não, mas sempre amparados em eruditas referências à história latino-americana e às teorias do populismo e da democratização. Ninguém, no entanto, se detém um minuto para analisar grandiloquentes traços mínimos como as fotos de quem chorava a morte do coronel. Boinas, camisas e bandeiras vermelhas, além de cartazes com imagens de Jesus, Bolívar e do próprio Chávez. Conjunto de condutores de consciência que se articulam sem susto entre pessoas talhadas na moral da obediência e na expectativa da salvação. A sujeição voluntária que opera em cada um vai das mais mínimas situações diárias aos grandes atos públicos de devoção política. A moral do rebanho que atravessa certas práticas políticas é mais e menos que as teorias do populismo e da democracia; e marca a todos, quer sejam os altivos intelectuais ou as carpideiras da múmia Chávez.
a mudança que virá...
Depois da morte de Chávez dizem que seu corpo embalsamado será exposto em um Museuquartel no meio da favela. A imprensa brasileira diz que se trata de um Morro do Alemão venezuelano, mas sem pacificação. Também compara o embalsamado Chávez aos líderes comunistas do século XX. Nem uma coisa, nem outra. A pacificação venezuelana é resultado da imagem de esperança no condutor, que volta morto ao seu meio; a pacificação no Brasil é efeito de um programa de segurança. Nas duas favelas, o que mantém todos calados são as mudanças para que tudo siga como antes. A apatia, o conformismo e a devoção dos pobreslatinos é resultado da esperança. Uma espera pela mudança que virá... Enquanto ela não vem, velam o corpo e orgulham-se de continuar membros da vistosa e turística comunidade.
democracia e castigo
O Conselho de Segurança da ONU aprovou por unanimidade sanções ao governo norte-coreano pelos testes nucleares realizados na semana passada. A posição da chamada “comunidade internacional” em relação à Coreia do Norte nada difere da conduta do Estado sobre seus infratores: devem ser punidos! O mundo ocidental democrático, sedento por penalizações, aplaude. A Coreia do Norte posiciona-se com ameaças de ataques nucleares sobre os Estados Unidos. A resposta da embaixadora da ONU nos Estados Unidos é digna de um exemplar pater familias: se a Coreia do Norte continuar agindo dessa maneira terá como castigo um “isolamento internacional”. A criminalização das atitudes norte-coreanas contribui para criar a noção do perigoso no ambiente internacional, que ameaça a estabilidade dos Estados democráticos e 
merece, portanto, ser punido. Tal conduta, que se pretende justa, reforça a falsa sensação de que castigando estamos seguros. Tão querendo requentar a marmita da Guerra Fria.
a marcha da celebridade rebelde
Enquanto centenas de cidadãos saiam em marcha contra a nomeação do novo presidente da Comissão de Direitos Humanos, três integrantes do grupo Femen Brazil – filiação nacional do grupo de jovens feministas ucranianas, conhecido por seus protestos topless – reclamaram contra a homofobia em frente à igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Sara Giromini, conhecida como Sara Winter (possível alusão à oficial nazista de mesmo nome que integrou o British Nazi Supporter e a British Union of Fascists durante a II Guerra), exibiu o peito nu e a frase “eu sou gay” escrita em sua barriga. Entretanto, há alguns meses, Sara declarou em uma de suas entrevistas que um dos intuitos de sua militância era combater o “descontentamento” produzido por condutas machistas que levam algumas mulheres a “virarem lésbicas”. Essa jovem canalha escancara, a cada flash, o grande negócio publicitário alternativo que promove o seu fascismo. E desse modo, travestida de celebridade rebelde, vai ganhando um número cada vez maior de fãs.

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