SILÊNCIOS TANGÍVEIS. Corpo, resistência e testemunho nos espaços contemporâneos de abandono
Sobre o livro:
Toda a experiência de pensamento se inscreve num gesto impossível. Este livro tem o seu acontecimento originário: uma imagem fotográfica que se fende nos corpos em deslocação de uma humanidade em trânsito. Numa cartografia surreal, homens, mulheres e crianças sobrevivem contemporaneamente em espaços de abandono – campos de refugiados, espaços de deslocação, campos de retenção – nos quais a linguagem é suturada ao mutismo do corpo que se dobra sobre si mesmo, caindo num silêncio sem infância.
Em situações de violência extrema, na propagação de fronteiras jurídico-administrativas marcadas por uma política de migração e de controlo das populações, o «deslocado» é a enunciação de um corpo singular transformado numa identidade biopolítica que imobiliza o tempo e esteriliza o espaço. Todavia, a sua existência confronta-nos com um movimento onde se fende o território linear da narrativa histórica. Apesar do gesto de dar a morte em vida, próprio do poder biopolítico, os «deslocados » resistem num corpo-acontecimento. No seu corpo singular, a força excessiva da vida rebenta violentamente. Como uma inquietante estranheza. Considerando a tensão intrínseca presente no conceito de biopolítica, perspectivado por Michel Foucault – entre um poder sobre a vida e um poder da vida –, neste livro procura-se pensar a figura desses corpos-impossíveis, através de fragmentos de um sentido a-vir nos quais se desenha um pensamento onde as relações entre o acontecimento, a memória e o testemunho abrem a possibilidade de questionar o sentido da resistência. Mas como testemunhar um acontecimento sem tradução? Desde o interior de um movimento de contaminação entre a política e a estética, o pensamento enraíza-se no silêncio de um corpo que resiste.
Sobre o autor:
Eugénia Vilela é docente no Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde se doutorou em Filosofia, e Investigadora Responsável do Grupo de Investigação "Estética, Política e Artes" do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto. Autora de conferências e artigos no âmbito da Filosofia e das Artes, publicou, entre outros textos em obras colectivas, o livro Do Corpo Equívoco.
Procurando pensar o espaço político contemporâneo a partir de diferentes configurações do gesto de criação em situações de violência extrema, a sua investigação decorre do pensamento de filósofos e artistas que contribuíram para uma transfiguração da noção de espaço e tempo históricos. O que supõe a abertura a formas singulares de pensamento que permitam conceber a relação entre a história, a memória, o esquecimento e o testemunho. Esse movimento de pensamento, realizado a partir da consideração dos espaços de excepção na contemporaneidade, apresenta e articula como suas figuras principais as noções de corpo, silêncio, resistência, acontecimento, narração e imagem.
SILÊNCIOS TANGÍVEIS. Corpo, resistência e testemunho nos espaços contemporâneos de abandono Autor: Eugénia Vilela
Editora: Edições Afrontamento
Aesthetics, Politics and Art - Research Group - Edição: 2010 - Colecção: Biblioteca de Filosofia - ISBN: 978-972-36-0963-9 - N.º págs.: 596
Sobre o livro:
Toda a experiência de pensamento se inscreve num gesto impossível. Este livro tem o seu acontecimento originário: uma imagem fotográfica que se fende nos corpos em deslocação de uma humanidade em trânsito. Numa cartografia surreal, homens, mulheres e crianças sobrevivem contemporaneamente em espaços de abandono – campos de refugiados, espaços de deslocação, campos de retenção – nos quais a linguagem é suturada ao mutismo do corpo que se dobra sobre si mesmo, caindo num silêncio sem infância.
Em situações de violência extrema, na propagação de fronteiras jurídico-administrativas marcadas por uma política de migração e de controlo das populações, o «deslocado» é a enunciação de um corpo singular transformado numa identidade biopolítica que imobiliza o tempo e esteriliza o espaço. Todavia, a sua existência confronta-nos com um movimento onde se fende o território linear da narrativa histórica. Apesar do gesto de dar a morte em vida, próprio do poder biopolítico, os «deslocados » resistem num corpo-acontecimento. No seu corpo singular, a força excessiva da vida rebenta violentamente. Como uma inquietante estranheza. Considerando a tensão intrínseca presente no conceito de biopolítica, perspectivado por Michel Foucault – entre um poder sobre a vida e um poder da vida –, neste livro procura-se pensar a figura desses corpos-impossíveis, através de fragmentos de um sentido a-vir nos quais se desenha um pensamento onde as relações entre o acontecimento, a memória e o testemunho abrem a possibilidade de questionar o sentido da resistência. Mas como testemunhar um acontecimento sem tradução? Desde o interior de um movimento de contaminação entre a política e a estética, o pensamento enraíza-se no silêncio de um corpo que resiste.
Sobre o autor:
Eugénia Vilela é docente no Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde se doutorou em Filosofia, e Investigadora Responsável do Grupo de Investigação "Estética, Política e Artes" do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto. Autora de conferências e artigos no âmbito da Filosofia e das Artes, publicou, entre outros textos em obras colectivas, o livro Do Corpo Equívoco.
Procurando pensar o espaço político contemporâneo a partir de diferentes configurações do gesto de criação em situações de violência extrema, a sua investigação decorre do pensamento de filósofos e artistas que contribuíram para uma transfiguração da noção de espaço e tempo históricos. O que supõe a abertura a formas singulares de pensamento que permitam conceber a relação entre a história, a memória, o esquecimento e o testemunho. Esse movimento de pensamento, realizado a partir da consideração dos espaços de excepção na contemporaneidade, apresenta e articula como suas figuras principais as noções de corpo, silêncio, resistência, acontecimento, narração e imagem.
SILÊNCIOS TANGÍVEIS. Corpo, resistência e testemunho nos espaços contemporâneos de abandono Autor: Eugénia Vilela
Editora: Edições Afrontamento
Aesthetics, Politics and Art - Research Group - Edição: 2010 - Colecção: Biblioteca de Filosofia - ISBN: 978-972-36-0963-9 - N.º págs.: 596
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