sábado, 26 de outubro de 2013

flecheira.libertária.315

os conselheiros da criadagem...
Primeiro, uma filósofa identifica black bloc com fascismo em solene palestra à polícia. Depois, um filósofo foucaultiano estrangeiro, escudado por organizador de eventos filosóficos brasileiros, fala solenemente à polícia sobre alternativas para o bom procedimento policial diante do até então aclamado estilo Bope. No passado, os filósofos não eram tão rápidos e midiáticos. Pretendiam oscilar entre o filósofo-rei e o rei-filósofo, aconselhando o soberano ou simplesmente governando a cidade. Em passado recente, Foucault assumiu deliberadamente posição ao lado dos presos. Outros filósofos brasileiros se posicionaram contra a ditadura e a polícia em função dos direitos humanos. No presente, os presos são governados pelo Estado e organizações próprias para o controle de prisioneiros. Os filósofos são cerejinhas no bolo oco. Estado, filósofos fluorescentes, organizações criminosas e polícia, como sempre irmanados no governo dos abúlicos assujeitados em nome ou não dos direitos humanos!
libertação animal
Um grupo de ativistas invadiu a sede do Instituto Royal, em São Roque, para soltar animais que estavam sendo usados pela empresa como cobaias de testes de qualidade de produtos. O grupo soltou dezenas de cães beagle e coelhos, duas espécies muito utilizadas por grandes empresas para essa finalidade. A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência declarou considerar a ação um ato de “desconhecimento”. Desconhecimento?! Pelo contrário, aqueles envolvidos na ação mostram não desconhecer o fato das indústrias farmacêuticas e de cosméticos, atreladas ao Estado e às agências de fomento de pesquisa na área das ciências biológicas, preferirem poupar alguns de seus trocados e utilizar animais para fazer seus testes de qualidade. Em nome da ciência, querem prosperar seus lucrativos empreendimentos pouco se importando com os confinamentos e as contínuas violências exercidas sobre a existência dos outros.
qual é, bicho?
Cientistas a serviço dos capitalistas empregados no Instituto balbuciam que os animais não sentiam dor e que o terror foi causado pelos vândalos que invadiram a propriedade da empresa. A Anvisa, que autoriza a prática de testes em animais por grandes empresas, quer a justiça: investigação do que acontecia nos laboratórios e julgamento dos ativistas por furto qualificado de animais. A polícia intenta “resgatar” todos os animais tirados do Royal, eles serão utilizados como provas e passarão por avaliação de especialistas para saber se podem ou não estar em convívio com outros animais. Alguns dos envolvidos na ação, diferente dos ativistas cagões que julgam “excesso” e não conseguem viver sem mediações nem autoridades, se negam a entregar os bichos. A recusa explicita a coragem de enfrentar canalhas que matam e torturam por mais grana escudados pela chamada autoridade da ciência.
errou mas dá pra consertar, né? 
A Justiça Desportiva brasileira anunciou que diminuirá as penas de suspensão de jogadores de futebol flagrados nos exames antidoping caso haja um compromisso do atleta e do clube a que pertence em se tratar. Até hoje, o jogador poderia ser condenado a até dois anos de suspensão, sem que tratamentos pudessem atenuar a sentença. Agora, cartolas, advogados e atletas condenados comemoram a decisão “inclusiva” e “humana”, chancelada pela FIFA e pronta para virar nova jurisprudência internacional.
drogas e grana
No futebol e em todos os esportes de competição, drogas rolam soltas. As drogas legais, usadas para remediar os excessos sobre um corpo do qual se exige alto desempenho, as drogas quase (i)legais usadas para bombar performances e, também, as drogas ilícitas. As organizações desportivas com seus tribunais classificam, perseguem e estipulam procedimentos para verificar o uso de drogas proibidas. Treinadores, atletas, clubes e laboratórios correm atrás de novas e poderosas drogas ainda não identificadas ou vedadas. Recordes são conquistados, prêmios e patrocínios inflam. Até que alguém é pego e punido exemplarmente. Então, novas drogas são desenvolvidas. E os negócios batem novos recordes.
moral dos dopados
Chegou ao esporte a prática de considerar doente quem usa uma substância ilegal. Se a droga for apenas para aumentar a potência, as penas são duras. Mas se forem drogas psicoativas ilegais, como a cocaína, a tendência parece ser a de tratar esse atleta como um doente que pode se recuperar. Exatamente como parece caminhar a nova versão do proibicionismo (dura com o traficante, humanitarista e caridosa com o “usuário”). Tudo deve começar com um ato de contrição, seguido pela cura. E aí, o atleta, reforçando com a sua “reabilitação” a moral da abstinência e da saúde, pode voltar a render grana para seus clubes e para si mesmo... e também para os patrocinadores de drogas legais, os traficantes de drogas ilegais e os laboratórios farmacêuticos com seu leque de drogas legais e quase ilegais. 

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