sábado, 27 de outubro de 2012

flecheira.libertária.271


semelhanças 
Dominou as televisões paulistas: jovem denunciado pela mãe visando sua interdição dispara contra agentes judiciários e depois se entrega. Diagnosticado como esquizofrênico, ele declara ter suspeitado serem eles ladrões entrando em sua casa e atirou. Ele tinha um pequeno arsenal de armas obtido legalmente. Não precisa estar diagnosticado esquizofrênico para ter claro que as ações de ladrões e polícia se assemelham. Tampouco haver em grande parte dos cidadãos o desejo de matar infratores. Se os alvejados fossem ladrões talvez os psiquiatras consultados não o enquadrasse como anormal e a mídia o incensasse como herói do dia. Enfim, estamparam-se as semelhanças entre práticas legalizadas e os ilegalismos, a sede de vingança, a crença na punição generalizada e o ambíguo discurso psiquiátrico. 
contra o extermínio dos guarani-kaiowá
O consentimento com o extermínio dos guarani-kaiowá não cessou, pelo contrário, transformouse em apoio  explícito do Estado por meio de um despacho da Justiça Federal ordenando a expulsão dos índios das margens do Rio Hovy. Ameaçados, cercados entre jagunços, despachos da Justiça e as celas de fétidas prisões, os índios decidiram não abandonar a terra mesmo sob decisão do Estado. Em carta amplamente divulgada, os guarani-kaiowá afirmaram: sabemos que seremos expulsos daqui da margem do rio pela Justiça, porém não vamos sair da margem do Rio.  
pela vida 
Nos últimos oito anos, mais de duzentos índios foram assassinados no Mato Grosso. Diante de tais violências, os guarani-kaiowá do tekohá denominado Pyelito Kue/Mbarakai pronunciaram-se afirmando que mesmo com o despacho de expulsão não sairão de suas terras.  Na carta que tornaram pública, os índios reclamam que o Estado decrete oficialmente “a morte coletiva” da gente que vive em Pyelito Kue/Mbarakai para que enfim possam morrer sob a mesma terra de seus antepassados. O extermínio dos  guarani-kaiowá pelo Estado e proprietários segue em frente e não é de hoje. Entretanto, se até recentemente ele ocorria na calada da noite, em ciladas pelas estradas, em atropelamentos duvidosos, e prisões, agora ele corre solto pela adesão escancarada do Estado por meio de despachos da Justiça favoráveis aos fazendeiros do Mato Grosso. O sangue não escorre mais somente no chão de terra batida dos guarani-kaiowá. Ele se esvai também, longe dali, entre o branco das folhas dos trâmites e o preto rançoso das togas. É preciso dar um basta no extermínio de índios no Brasil, já! 
balancinho eleitoral
Eleições paulistanas: com suas propagandas televisivas pautadas em louvar um em detrimento do outro, os dois candidatos, ambos o melhor ex-ministro, apresentam seus  clips  divulgando seus mirabolantes programas de governo recheados de depoimentos de gente simples. Somam índices de aceitação e rejeição; sobem e descem nas pesquisas. Fazem suas alianças políticopartidárias denunciadas por um e outro com base na moderação. Enfim, para um telespectador minimamente inteligente explicitam que governam pela programação da gestão com interesses específicos mostrados como interesse geral. Os governados nada querem saber do funcionamento de um governo; escolherão o mais qualificado tecnicamente. Por isso, o marketing eficiente investe na  catação de votos obrigatórios  de uma população que ama ser governada e que pouco sabe sobre o controle de empregos públicos. Abobada, ela assiste ou fica sabendo dos espetáculos de julgamentos de corrupções inerentes à existência de Estado e governos. 

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