quarta-feira, 28 de agosto de 2013

flecheira.libertária.307

a avaliação e a violência
Nada como o regime da prova para quem aprecia sujeitar. Nada como fazer de alguém um assujeitado submetendo-o ao regime da prova. Mais uma vez, constata-se que na prisão para jovens (Fundação Casa) os funcionários melhor avaliados são os que usam e abusam da violência contra os encarcerados, desde sua chegada. Sobre esta prática regular há os revestimentos humanitários variados, porém o que garante a estabilidade da instituição austera é a violência eficaz e eficiente de funcionários sobre os jovens. Mais uma vez, a mídia escancara esta realidade, na qual ser violentador não é exceção, mas regra. Na escola ou na prisão quando se quer encarcerar corpo e vontade, aplicase o regime da prova. De vez em quando, o estudante se rebela contra a condição de aluno e o jovem prisioneiro mete fogo na cadeia. Educar com provas e repressões é o exercício rotineiro dos dominadores. Abaixo a prisão para jovens! Abaixo o regime da prova que sustenta as avaliações. São os assujeitados que avaliam favoravelmente seus algozes. São eles que disseminam a cultura do castigo e da recompensa. Abaixo a demagogia da avaliação! 
inspetores eletrônicos 
Desde 2012, uniformes com chips são utilizados para a localização de estudantes do ensino municipal de  Vitória da Conquista, Bahia. Por meio de sensores instalados nas escolas, são enviados SMS para os pais sempre que seus filhos atravessam o portão da instituição. Por enquanto, em Vitória da Conquista, são 17 mil crianças entre 4 e 14 anos que vestem o uniforme. Em outra cidade, Itagibá, também na Bahia, os chamados “uniformes inteligentes” passaram a ser empregados neste semestre. Em Santos-SP, uma escola particular viu no chip um diferencial para atrair mais alunos. Entre uma ou outra falha, o projeto segue funcionando e sempre com novas atualizações. Agora, não se trata apenas de saber se o estudante foi ou não à aula, mas de monitorar a sua presença para que ele não circule em certos lugares das cidades. Amparada por uma série de aperfeiçoamentos tecnológicos, a escola atualiza-se e amplia o seu governo para além dos muros. 
outro para o mesmo 
O novo comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar de São Paulo anunciou mudanças nas estratégias de atuação em manifestações na cidade. Disse que é contra o uso de bala de borracha, mas manterá seu uso com redução para um terço. Declarou também a nova aquisição de caminhões tanque que lançam jatos de água com gás e tinta para “prevenir incidentes durante a Copa do Mundo e proteger os turistas”. Sobre a nova arma, que dispersa aglomeração de pessoas e as identifica para posterior prisão, pronunciou que: “jogar só água é gostoso, é diversão”. A argumentação irônica do novo comando expõe para que serve a polícia: proteger patrimônios e propriedades, praticando a violência que lhe é inerente. Qualquer arma, letal ou não, nas mãos da polícia, serve à continuidade das violências do Estado e do derramamento de sangue que lhe intrínseco. 
mais médicos, mais governo 
Um exército de 4 mil jalecos brancos vindos de Cuba desembarcam no Brasil para expandir o atendimento médico a pequenas e afastadas cidades do Norte e Nordeste, onde os doutores brasileiros não querem trabalhar. Mais médicos para mais saúde. A “polícia médica” deve garantir a gestão econômica do corpo do indivíduo e da população para o aumento da força do Estado. Não são quaisquer especialistas: são médicos cubanos, acostumados ao cuidado de famílias, habituados a expandir o governo de condutas e com seu trabalho enriquecer a ditadura cubana. Não é à toa que esta medida é uma resposta do governo federal brasileiro às manifestações de junho. 
neoliberalismo à la esquerda 
A nova fórmula: trata-se de um negócio de saúde entre estados, via Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). O Brasil paga a OPAS, que repassa o dinheiro ao governo cubano. A novidade nem está tanto no fato deste ser um negócio. Para combater a escassez, laissez faire, laissez aller, laissez passer, isto é, abrir o mercado para melhor programar o que deve acontecer. Se funcionou com os cereais no século XVIII, não será com os médicos cubanos que irá falhar. É justamente neste ponto que o novo aparece: as “commodities” são os médicos. Depois do tabaco e do açúcar, a medicina de família. Neoliberalismo, com menos ou mais Estado, é uma prática de governo da sociedade que não é exclusividade da direita ou da esquerda. Brasil e Cuba que o digam. 
o amargo beijinho doce 
Um jogador de futebol, como o hábil oportunista e usuário do Instagram e do Twitter, posta um beijinho doce com o amigo. Poderia estar solidarizando-se com os beijos proibidos e a condenação à vida gay do Estado russo, escancarados durante o Mundial de Atletismo e referendado pela campeã russa saltadora na vara. Virou notícia. A nação corinthiana, como toda nação, não suporta o diferente senão subordinando-o ao seu domínio. Contestou, pressionou e fez o jogador retirar o beijinho doce hetero, desculpando-se pela anormalidade. Expôs o efêmero contido na solidariedade. A nação corinthiana se diz hetero, e acusa a são-paulina de bambi. De fato, os corinthianos gays se submetem ao governo da nação e se calaram. De fato, o futebol é coisa de macho, em cujos vestiários ouvem-se silêncios amordaçados dentro dos armários. Enfim, até no carnaval da nação corinthiana não existem gays, apenas fantasias que se travestem o ano inteiro de machos desajeitados?

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