quarta-feira, 24 de abril de 2013

flecheira.libertária.291


dois irmãos
Eram dois irmãos. Vieram do exterior longínquo para obter cidadania estadunidense. Seus amigos eram pessoas procedentes dos quistos deixados pelo socialismo soviético, recobertos de religiosidades e nacionalismos, que se encontravam eventualmente no país sede das melhorias do mundo. A vida estadunidense lhes ensinou um pouco mais a traçar suas trajetórias de perdedores radicais. A irmandade secreta, própria do terrorismo, ofereceu-lhes a possibilidade da formação de uma irmandade literal composta de dois perdedores radicais individuais. Os irmãos decidiram atirar suas bombas caseiras elementares em evento cívico, e com isso ampliaram o repertório dos atos desesperados e solitários dos jovens perdedores radicais estadunidenses afeitos a metralharem colegas e professores em escolas estruturantes. Explicitaram seu niilismo diante da euforia pelas melhorias sustentáveis. Mostraram que sempre haverá o insustentável, absurdamente violento, e cada vez mais propenso a se diversificar. E que para o insustentável a população quer mesmo é pena de morte. 
niilismo rasteiro
As razões que moveram estes perdedores radicais são irrelevantes. Um está morto e o outro se encontra monitorado no hospital. O governo estadunidense e a mídia com seus comentaristas classificaram este ato como terrorismo, pois ocorreu no chamado espaço público. A distinção é meramente retórica. Os perdedores radicais tendem a aumentar! Viram notícias, expressam o insustentável no limite do espetáculo e põem na cara de cada um o avesso do empreendedorismo de si. Este niilismo rasteiro diz mais a cada jovem do que os programas inclusivos e participativos voltados para efetivar as metas do milênio com cultura de paz. Ou não diz nada, como dizem quase nada as estatísticas maquiadas sobre as mortes regulares de jovens miseráveis entre si e pela polícia. Ou dizem muito sobre a atual incapacidade de formatar o insuperável ressentimento dos conformistas. Ouvimos o clamor por segurança, que quanto mais se aprimora exige mais novas tecnologias blindáveis e paranóias. Houve um tempo em que o niilismo de jovens direcionou o insuportável à guerra aberta contra o Estado e a propriedade. Outros tempos... 
perdedor rotineiro
Na semana passada, em São Paulo, ganhou a dimensão do espetacular o que seria um corriqueiro homicídio de um jovem por outro, caso a vítima não fosse um jovem promissor e seu algoz um simples miserável. Nada houve de similar ao perdedor radical, mas somente a ação corriqueira praticada por um perdedor rotineiro. Os perdedores rotineiros não praticam ações radicais. Quando muito formam suas irmandades para governarem o chamado mundo do crime, a parte constitutiva, escandalosa e irreparável da propriedade conectada à polícia, à justiça e à comunicação. Atacam a si próprios ou ao alvo mais próximo. São incapazes de produzir um levante contra a ordem. Colaboram para que se exija mais segurança! Enquanto isso, seguros mesmos estão os burgueses para os quais a indústria da blindagem destina seus produtos. A parte da sociedade civil organizada ou desorganizada, composta de milhões dos chamados vulneráveis, sobrevive às mínguas dos bens de consumo sonhados conseguidos a mão armada e/ou dos negócios sociais. 

Um comentário:

























  1. -






    há em cada fanático um fascista camuflado ,

    pronto para emergir em atos de exclusão e eliminação .

















    O Fanatismo Religioso , entre outros .









    Em nossa época , supostamente dominada pela ciência e pela tecnologia – . . . outro papo chatinho… – ,

    o fanatismo parece ser uma reação made in recalcado do inconsciente da humanidade .





    Fanatismo , vem do latim fanaticus , quer dizer ” o que pertence a um templo” , fanum .

    O indivíduo fanático ocupa o lugar de escravo diante do senhor absoluto ,

    que , pode ser uma divindade , um líder mundano , uma causa suprema ou uma fé cega .

    O fanatismo é alimentado por um sistema de crenças absolutas e irracionais que visa servir [1] à um ” ser poderoso “ empenhado na luta contra o Mal .





    Ou seja , o fanático acha que pode exorcizar pessoas e coisas supostamente possuídas pelo ” demônio “ [2] ,

    ” combater as forças do Mal ” ou ” salvar a humanidade ” do caos .





    Tendo origem no dogma religioso , o fanatismo não se restringe a esse campo único ;

    existe fanatismo por uma raça , um time de futebol , por um partido político ,

    sobretudo por ideologias revolucionárias quando extrapolam a dimensão racional ,

    sentindo-se guiada pela ” fantasia da escolha divina ” .

















    Foi fanatismo religioso que fez muitos seguirem Jim Jones : Templo do Povo ,

    Asahara : Verdade suprema ,

    David Koresh : Ramo davidiano ,

    Jo Dimambro : Templo Solar e tantos outros místicos ou charlatães que terminaram causando tragédias coletivas , noticiadas no mundo todo .

    A história conheceu também os histerismos coletivos da ” caça as bruxas ” ,

    a perseguição aos negros , índios , homossexuais , prostitutas .





    Esse belo texto foi tirado desse blog deleuzeano mais do que lindo . http://windmillsbyfy.wordpress.com/2011/02/


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