segunda-feira, 23 de novembro de 2015

flecheira.libertária.411

às guerras, NÃO! 
No rescaldo das ações em Paris, reivindicadas pelo Estado Islâmico e que culminaram com a morte de mais de uma centena de pessoas, alguns anarquistas que vivem na França, integrantes do Alternative Libertaire, apresentaram um texto singular que destoou das reivindicações de movimentos organizados ligados à política. Consideraram abominável a chacina reivindicada pelo EI e explicitaram a dissimulação das “declarações de guerra” professadas pelo atual presidente francês. Os anarquistas mostraram que o sangue derramado pelas ruas da cidade é precisamente um dos efeitos diretos das guerras na Líbia, no Mali, na Síria, conflitos que o governo produz e sustenta há longo tempo. A atitude ferrenha e enérgica dos anarquistas atualizou um notável combate contra a guerra e a sua sintaxe. 
inventar vidas 
O renhido antimilitarismo afirmado pelos anarquistas não se restringiu ao combate às retaliações do governo francês e demais autoridades mundiais. Frente ao “estado de emergência”, os libertários convidaram as pessoas a ocuparem as ruas em vez de deixá-las nas mãos do Estado. Afirmaram, novamente, uma rara coragem, visto que o convite visou, sobretudo, impedir que o Estado, em nome da sua segurança e apoiado por sedentos fascistas, massacre homens e mulheres identificados como suspeitos. Em pleno século XXI, o não às guerras dos anarquistas segue com potente vitalidade. Homens admiráveis afirmam: onde houver um funeral, cabe aos anarquistas inventarem a vida. 
livres da UE, USA, EI... 
Há pouco mais de três anos, nas fronteiras entre a Síria e a Turquia, homens e mulheres anarquistas resistem ao Estado Islâmico e ao governo de Assad, praticam a autogestão, convivem com o que chamam de diversidade curda, reinventam costumes. Livres do EI e dos estímulos da UE e dos USA, expõem que os principais envolvidos na “luta contra o terrorismo” não figuram nas manchetes de grandes jornais e blogs de intelectuais alpinistas. E vejam só como são as coisas: os senhores do G- 20 se reúnem na Turquia, país cujo governo oportunista aliou-se ao EI para dizimar as experiências em Kobane e em povoados ao norte da Síria. Os anarquistas resistem. 
disputas pelo petróleo 
Os atentados terroristas e a guerra ao terror parecem mais o jogo entre o herói e o vilão que se alimentam mutuamente. O combustível para tal parece ser o bom e velho ouro negro, ponto de interesse comum entre ambos os lados. Mas, diferente dos filmes enlatados, heróis e vilões mudam de lado conforme a perspectiva da guerra. Anos antes do famoso september eleven, declarava-se guerra contra o Iraque de olho no petróleo de Kuait. Algumas décadas mais tarde, escorados nos atentados da Al-Qaeda, a coalizão liderada pelos Estados Unidos declarou uma inconsistente “Guerra ao Terror” e aterrorizou o Iraque pela segunda vez, apoiou “insurgências” na Síria e na Líbia e deixou, no lugar dos regimes autoritários, o caos. 
espirais sem fim 
Após o atentando em Paris, o presidente russo vai a público e diz ter provas de que as atividades do EI são financiadas pela venda de petróleo e derivados a dezenas de empresários, muitos deles integrantes de países que compõem o G20. No mesmo pronunciamento, conclama os EUA a juntar forças (armadas) contra o EI. Em uma elipse perigosa, a cada ataque o ocidente se indigna e promete retaliação quase que instantaneamente. Em seguida, brotam do chão outros homens bombas para explodirem o cotidiano de alguma capital que simbolize a potência do ocidente. Depois, outra retaliação violentamente desmedida e imediata que passa como rolo compressor por culturas, estruturas e tantas outras vidas no território do oriente médio que pouco têm a ver com os soldados do EI. E, como uma espiral sem fim, impulsiona-se atentados e retaliações sangrentas em razão exponencial. 
zero de conduta 
Como resposta à chamada “reorganização escolar” imposta pelo governo do estado de São Paulo, jovens secundaristas ocuparam dezenas de escolas paulistas. O governo respondeu como esperado e enviou as chamadas tropas de choque para a porta de algumas unidades de ensino. Durante quase uma semana, os estudantes experimentaram práticas que, para desespero de autoridades, nenhum governo pode conter. “O Estado pode vir quente que a gente está fervendo”, cantaram em frente a uma das escolas. Em outra, homenageada com o nome de um notório canalha celebrado pela História como herói, estamparam: “Fora Fernão Dias bandeirante assassino”. Agora, resta saber se os jovens vão se escolarizar em algum Movimento ou se farão como na sequência de “zero de conduta”, filme do anarquista Jean Vigo, e, alegremente, escaparão rumo a outros espaços. 
ora, horas 
Uma cidade inteira riscada do mapa. O Rio Doce morto. Militantes, ONGs e pesquisadores falam em ecocídio – termo sugerido por Murray Bookchin para descrever o novo totalitarismo capitalista, embora essa procedência anarquista seja omitida. Fala-se em responsabilização, embargo, multa, reparação. Diante da produção de mais um “sujeito vitimado”, a linguagem jurídica é dominante. Não há como reparar ou restaurar o que fez a principal atividade econômica do país, da colônia aos nossos dias. A disputa judicial apenas formaliza o ridículo de pentecostais na cidade de Colatina fazendo uma sessão de “descarrego” para curar o rio ou das vigílias e das preces, ali, aqui e acolá. Trata-se de decidir como queremos viver! Como disse um simples homem do campo: tudo acabou em duas horas de relógio. ação direta Os guerreiros krenak partiram para ação direta: bloquearam a ferrovia que liga os postos de coleta de minério às usinas de pelotagem e ao Porto de Tubarão em Vitória.

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