Livraria anarquista Freedom incendiada
incêndio fascista
A Freedom Press é uma editora e livraria anarquista que funciona de maneira autogestionária desde o final do século XIX (foi fundada em 1886 por anarquistas ingleses e que estavam exilados na Inglaterra, comoPiotr Kropotkin e Charlotte Wilson). Mantém a periodicidade do importante jornal Freedom!, além de editar livros anarquistas fundamentais de autores de língua inglesa como Colin Ward, Herbert Read, Murray Bookchin, Alexander Berkman entre outros. No final da Segunda Guerra Mundial foi duramente perseguida pelo Estado. Perseguição que mobilizou a resistência em torno do Comitê de Defesa da Liberdade, coordenado por Herbert Read, George Orwell, Benjamin Britten, E. M. Forster, Augustus John, Osbert Sitwell e George Woodcock. Além da venda de livros e suas atividades regulares, a livraria funciona como espaço de reunião para diversos grupos anarquistas da cidade de Londres. Na última sexta-feira, esse espaço libertário foi o alvo de um incêndio fascista e covarde.
freedom: a chama da liberdade contra a sanha fascista!
Em 1993, a Freedom Press sofreu um ataque à bomba do grupo neo-nazista Combat 18. Agora, mais uma vez a livraria é atacada com um incêndio provocado que destruiu parte de suas instalações, mas que não feriu ninguém. Não houve, até o momento, reivindicação do ataque. Mas sabe-se que a violência de grupos de extrema direita vem crescendo na Europa, tendo como alvo os anarquistas, os imigrantes e outros grupos de indesejados. Como na Grécia, país em que grupos neo-nazistas promovem ataques regulares contra espaços e militantes anarquistas. Essas notícias, ignoradas pela grande mídia, dão nota da sanha fascista que graça no mundo como resposta à alegada crise. O que faz reaparecer das sombras os históricos e violentos inimigos da liberdade que atiram contra os mais aguerridos amigos das práticas em liberdade, os libertários. Que o ânimo na reconstrução das instalações e na luta contra o fascismo esteja aceso. Vida longa à Freedom Press! O ano novo começa, mas a luta não acabou com o ano que passou! Anarquistas seguem em luta, com liberdade (freedom!).
fogo, fumaça e segurança
Asfixiados, contaminados, pisoteados. Mais de 230 jovens morreram em Santa Maria e sua história terrível inunda a mídia pela sádica exposição de gente chorando a morte de gente querida. Esses jovens buscavam o que a garotada de classe média tanto anseia: diversão segura e controlada. E acabaram morrendo pela falta de segurança técnica da boate e pela brutalidade obtusa dos seguranças que bloquearam a única saída temendo uma debandada de caloteiros. Morreram presos no banheiro e impedidos de sair pela entrada. Morreram engaiolados no espaço fechado do confinamento supostamente seguro. Todo gradeado é, também, uma armadilha.
esfumaça-se
Agora, o que é previsível: apurar, encontrar culpados, punir. A resposta do “poder público”, Brasil afora, veio com operações da defesa civil que têm fechado dezenas de bares e casas noturnas fuleiras e grã-finas. Operações que explicitam o óbvio: rola muita grana, muita mão molhada, muitos cafezinhos para fiscais de prefeitura e muito empreendedor dono de boate que não dá a mínima para quem vive ou morre. Os códigos de segurança existem para que os proprietários não cumpram – querendo lucrar mais – e para que a fiscalização lucre – vendendo suas vistas grossas. É surpreendente que não aconteçam horrores como os de Santa Maria todo santo dia.
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A tragédia irreparável catalisou, mais uma vez, os compadecidos defensores do apanágio da segurança e da punição, dos protocolos procedimentais e do engajamento da comoção voluntária. Mas já não foi, também, pelo controle da segurança do estabelecimento e da prevenção geral que se consumou a morte de mais de 200 jovens, que veio se explicitar no incêndio e na fumaça tóxica? No gás químico, no ácido cianídrico – proveniente da combustão da espuma de isolamento acústico exigida pela lei do silêncio –, que refaz outras e mesmas histórias de clamores por segurança e prevenção. E por segurança se morre e se mata.
de segurança mata-se e morre-se 2
Ácido cianídrico. O mesmo gás já utilizado, na Primeira Guerra Mundial, quando descobriram que seu poder mortal contra as chamadas “pragas na agricultura” também era devastador em corpos humanos. Ácido cianídrico, o mesmo utilizado na Segunda Guerra Mundial e, também, pelos nazistas em substituição ao monóxido de carbono nas câmaras de gás de campos de concentração. Ácido cianídrico, o mesmo utilizado até hoje nos EUA em câmaras de gás para prisioneiros condenados à morte. Não é fortuito que, na última semana, especialistas dos EUA tenham chegado ao país com o “antídoto” capaz de neutralizar o cianeto, derivado do ácido cianídrico, nos corpos dos sobreviventes. E as cobaias, lá e aqui, regularmente, provêm de corpos de jovens abatidos como gado na continuidade da existência da prisão dentro e fora dos muros, sedimentada pelos clamores de prevenção geral, controle, segurança e castigo. O resto é falatório apiedado para boi dormir diante do matadouro que não finda.
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