a assepsia burgo-fascista que venta nas ruas e praças de muitas cidades promete varrer de seus paralelepípedos os pobres, os bêbados, os drogados, os nômades que andarilham nas fissuras deixadas entre uma pedra e outra das ruas, enfim, as pessoas todas que habitam a vida livre das ruas.
para o burgo-fascismo operado por tipologias humanas que colecionam cavalos, cães vadios (que agora é moda adotar o vadio cão da rua), cães de pedigree; que bebem bebidas de alto teor alcoólico protegidas por caros rótulos; que cheiram as cocaínas de boa procedência que jamais estourarão seus septos nasais... para o burgo-fascismo só vale a vida hipocrita e aparentemente limpinha, alvejada nas lavanderias dos ditos "bons sobrenomes" e das ditas "boas famílias"... para o burgo-fascismo, nos ditos "bêbado", "drogado", "pobre", na pessoa que vive na rua, não há sujeito, não há gente, não um usuário abusivo de álcool ou drogas que talvez queira viver assim; não há uma gentitude que possa escolher viver na rua... para os burgo-fascistas, somente eles e seus filhos podem andar livremente e habitar todos os espaços da urbe (inclusive os banheiros, os becos, as ranhuras da vida livre em que aspiram o pó branco que alucina seus miolos)... ou as ruas, mesas e bares em que gargarejam suas embriagantes bebidas alcoólicas).
já houve, em tempos idos, gestores-públicos-fascistas que recolhiam os ditos pobres, mendigos, bêbados e drogados em caminhões ou ônibus e os descarregavam em outras cidades.
já houve, em tempos idos, quando não havia nenhum respeito aos humanos direitos, gestores públicos que bradavam nos suntuosos pórticos dos paços municipais, que a praça era pública somente para os assépticos burgo-fascistas, determinando que seus usuários mais frequentes e contumazes (os ditos pobres, mendigos, bêbados e drogados, enfim, os nomádicos intercessores do vasto mundo vazio de sentido) fossem recolhidos em públicos carros/carrocinhas e arregimentados em públicos albergues/instituições de asilamento, longe dos sensíveis olhos e dos rasos olhares burgo-fascistas.
assusto-me com os operadores dos micro-fascismos que podem surgir do fundo das tripas dos mais diversos seres... segregadores sociais que podem estar espalhados por todos os cantos do mundo e que estão sempre atentos aos movimentos do humano, para correr a ceifar seus dínamos... assusto-me com figuras que esquecem que a pólis seja de todos por igual e por inteiro... assusto-me com exemplares da espécie humana que se espraiam nas verves da democracia e fazem podas com o fio fino e preciso da ditadura... assusto-me com certos monstros formados pela academia, outorgando-lhes diplomas que nunca mais serão cassados e que lhes autorizam a falar em nome de um dado campo profissional e de conhecimento... assusto-me quando percebo que esses monstros possam ter estado ao lado de minha carteira na universidade e que hoje podem estar bem pertinho de mim no trabalho... assusto-me com gestores, assistentes sociais, psicólogos, médicos, psiquiatras, enfermeiros e outros quetais que representam o burgo-fascismo e que operam micro-fascismos moldados pelo controle do Estado sobre a vida, os quereres e os fazeres das gentes! assusto-me!
para o burgo-fascismo operado por tipologias humanas que colecionam cavalos, cães vadios (que agora é moda adotar o vadio cão da rua), cães de pedigree; que bebem bebidas de alto teor alcoólico protegidas por caros rótulos; que cheiram as cocaínas de boa procedência que jamais estourarão seus septos nasais... para o burgo-fascismo só vale a vida hipocrita e aparentemente limpinha, alvejada nas lavanderias dos ditos "bons sobrenomes" e das ditas "boas famílias"... para o burgo-fascismo, nos ditos "bêbado", "drogado", "pobre", na pessoa que vive na rua, não há sujeito, não há gente, não um usuário abusivo de álcool ou drogas que talvez queira viver assim; não há uma gentitude que possa escolher viver na rua... para os burgo-fascistas, somente eles e seus filhos podem andar livremente e habitar todos os espaços da urbe (inclusive os banheiros, os becos, as ranhuras da vida livre em que aspiram o pó branco que alucina seus miolos)... ou as ruas, mesas e bares em que gargarejam suas embriagantes bebidas alcoólicas).
já houve, em tempos idos, gestores-públicos-fascistas que recolhiam os ditos pobres, mendigos, bêbados e drogados em caminhões ou ônibus e os descarregavam em outras cidades.
já houve, em tempos idos, quando não havia nenhum respeito aos humanos direitos, gestores públicos que bradavam nos suntuosos pórticos dos paços municipais, que a praça era pública somente para os assépticos burgo-fascistas, determinando que seus usuários mais frequentes e contumazes (os ditos pobres, mendigos, bêbados e drogados, enfim, os nomádicos intercessores do vasto mundo vazio de sentido) fossem recolhidos em públicos carros/carrocinhas e arregimentados em públicos albergues/instituições de asilamento, longe dos sensíveis olhos e dos rasos olhares burgo-fascistas.
assusto-me com os operadores dos micro-fascismos que podem surgir do fundo das tripas dos mais diversos seres... segregadores sociais que podem estar espalhados por todos os cantos do mundo e que estão sempre atentos aos movimentos do humano, para correr a ceifar seus dínamos... assusto-me com figuras que esquecem que a pólis seja de todos por igual e por inteiro... assusto-me com exemplares da espécie humana que se espraiam nas verves da democracia e fazem podas com o fio fino e preciso da ditadura... assusto-me com certos monstros formados pela academia, outorgando-lhes diplomas que nunca mais serão cassados e que lhes autorizam a falar em nome de um dado campo profissional e de conhecimento... assusto-me quando percebo que esses monstros possam ter estado ao lado de minha carteira na universidade e que hoje podem estar bem pertinho de mim no trabalho... assusto-me com gestores, assistentes sociais, psicólogos, médicos, psiquiatras, enfermeiros e outros quetais que representam o burgo-fascismo e que operam micro-fascismos moldados pelo controle do Estado sobre a vida, os quereres e os fazeres das gentes! assusto-me!
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