servidão pirata
Criado em 2007, o Partido Pirata do Brasil (PP-Br) apresentou na última semana os documentos necessários para tornar-se oficialmente mais uma organização envolvida no pleito eleitoral. Mesmo sob a argumentação de atrair pessoas “desiludidas com a política tradicional”, os militantes do PP-Br pretendem submeter suas reivindicações às exigências do Estado tais como a formação de uma direção nacional e o registro para controle no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Sedentos por legitimação política e com uma pauta que agrega desde a revisão de leis sobre os direitos autorais até a utilização de plataformas abertas e software livre, os integrantes do PP-Br não passam de cachorros servis e covardes, expressão utilizada por um pirata do século XVII, em relação aos homens que submeteram suas vidas à segurança e às leis do governo. Não há conversa com tais cães chorões, afirmou o pirata. Cães chorões que deixam os superiores chutá-los pelo convés ao bel-prazer.
eu só quero é ser feliz?
Após a instalação da UPP, a Rocinha tornou-se alvo de investimentos ambientais lucrativos. Sobre a parte da favela conhecida antes como “cobras e lagartos”, área que, segundo estatísticas do governo, registrava o maior índice de incidência de tuberculose no Brasil, a prefeitura da cidade instalou o chamado “Parque da Rocinha”. Para além de ecotrilha, paredão de escalada, arvorismo, o parque conta com áreas destinadas exclusivamente a abrigar churrasqueiras e redes para descanso, sugestões dos próprios moradores. “Nem todo mundo tem condição de sair da favela para curtir”, argumenta satisfeito e sorridente um pedreiro que sobrevive na maior favela do Rio de Janeiro. A presença permanente da polícia articulada aos investimentos ambientais mantém, entre as vielas e barracos, existências resignadas e conformadas com esta prisão.
carrascos
Uma criança de pouco mais de três anos encontrava-se sob os cuidados de seu padrasto, Autoridade responsável, Autoridade em exercício. A Autoridade, em seu exercício, espanca e tortura a criança até a morte. No hospital a história contada não convence. O padrasto agora é suspeito. Nas mãos da Autoridade do delegado, fechado em uma delegacia cercada de Autoridades policiais, confessa. Estranha confissão. O delegado é a Autoridade em exercício. O suspeito, réu, nas mãos das autoridades, agora ele pequeno diante das Autoridades e da população enfurecida que quer a sua pele. Na delegacia ninguém viu a confissão, mas ali dentro sabe-se que a tortura persiste em nome da verdade, da justiça e da Autoridade. A criança foi torturada até a morte. A criança morreu. A tortura continua. Para o torturador a tortura tem sua razão de ser. Tortura é tortura, é caso de Autoridade. O carrasco da criança não difere em nada do seu próprio carrasco. Um torturador é sempre um torturador. A criança é sempre pequena e frágil.
sossego lucrativo
Uma série de dicas, reportagens, notícias, alertam para a importância dos momentos de paz e descanso no período de trabalho. Os especialistas afirmam que esses momentos são cruciais para o aparecimento das boas ideias e de soluções criativas. Estimulam, ainda, que cada funcionário tenha seu tempo para refletir, relaxar e abrir seus horizontes. As empresas que adotam essa postura em relação aos seus funcionários são consideradas mais humanas e mais empreendedoras. Flexíveis, reconhecem que o trabalho intelectual demanda uma conduta não mecanicista. Vampiros parasitas, estes empreendedores aprenderam a sugar mais que o sangue de apaziguados e satisfeitos empregados. Frouxos, estes aplicados empregados doam, mais que sua força de trabalho ao humanitário chefe, suas inteligências. Isso é política na sociedade de controle.
sossego universitário
Congressos internacionais: palavra-chave para o lattes, para o turismo acadêmico e negócios universitários, compondo arranjos entre institutos, universidades, agências financiadoras e Estados. Era dos negócios globalizados, uma nova forma do toma lá, dá cá, na qual a erradicação da miséria pelo desenvolvimento sustentável se torna o elemento para a fusão entre os pesquisadores e os políticos, produzindo soluções para police makers. Certificados e conectados uma grande parte volta para casa até a próxima estadia, na qual falarão sobre as impotências dos Estados, ética e o seu quinhão. Dormem o sono dos justos!
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