democracia quase
A democracia proporciona a revisão constante das leis. Também sua aplicação, segundo a interpretação. Facilita os pactos e as revisões dos contratos. A democracia acomoda e adequa fluxos de opinião. Possui uma reserva de argumentos que fortalece o mudar sempre para manter a ordem. Tem, portanto, uma característica autocrática que não aparece eventualmente como Estado de exceção temporário, mas também lhe é inerente como produtora de dispositivos de exceção. Estes podem ser novos e surpreendentes, mas antes de tudo estão configurados no interior das próprias leis. Quem rompe o pacto é geralmente o superior, sem prescindir da lei. Basta declarar-se tolerante com os debaixo e exercitar a retórica. A atual democracia
representativa e participativa é o melhor dos regimes para a longevidade dos superiores, porque seu caráter autocrático permanece intocável. O problema para os democratas é saber dar-lhe outros conteúdos, mas para tal precisam liberar a democracia da autocracia. Todavia como recomendavam os bons filósofos do passado, não há regime puro apenas misto. Misto porque cada regime do Estado precisa justificar escravidões, miseráveis, pobreza, inferioridades, enfim, seus meios para disseminar o amor à obediência. A todos, cabe obedecer aos superiores e às leis. Este é o fundamento da legitimidade da autoridade central. entre o direito e o quase justo
Um expert em programas sociais, em passagem pelo Brasil, defende ao lado de senador brasileiro, o programa de renda mínima a todos. Constata problemas no Bolsa Família como o de facilitar a acomodação do beneficiário, evitando buscar emprego. Mas salienta que o programa, mesmo assim é bom. Bom, como? É bom porque forma um banco de cadastro governamental eficiente ao controle. Programas deste porte governam esta população como massa de apoio eleitoral. De fato, só falta mesmo convencer a burguesia que o programa de renda mínima lhe dará mais vantagens do que as já consolidadas, mudando sua imagem para uma burguesia justa. O filósofo e o senador são a ponta de lança da burguesia e a massa atônita e famélica o cabo firme nas mãos dos proprietários. Neste caso se configura democraticamente o quase nada para o quase justo.
prisões... nada muda nas estatísticas
Novos dados oficiais mostram o crescimento da população carcerária. Mais uma vez, aparecem propostas para a construção de mais presídios. Da mesma maneira, aumentam as penalizações a céu aberto (medidas sócio-educativas, penas alternativas e em semi-liberdade). Novamente, reaparece a argumentação sobre reformas para humanização de presídios. Nada muda! O seletivo sistema penal se fortalece e espraia. A população quer mais segurança, os presos querem mais vantagens nos presídios, os ilegalismos e a legalidade se beneficiam... Tudo muito vantajoso, e porque não dizer, democrático: taí um conflito que jamais será equacionado.
a preservação da política
Ratificado em 1999, mas iniciado somente em 2005, o chamado primeiro período de compromisso do “Protocolo de Kyoto” expirou em 2012. Desde meados de 2007, sob efeito da Convenção das Nações Unidas para Alteração Climática realizada em Viena, chefes de Estado negociavam seus interesses para a prorrogação do Protocolo. Ao mesmo tempo em que a prorrogação era discutida, a redução das emissões tornaram-se moeda de troca planeta afora por meio da criação, em 2008, dos créditos de carbono. Agora, encerrado o primeiro período de compromisso, após o rescaldo das Conferências de Copenhague e Cidade do México, a COP-18, realizada no Catar, decidiu que o Protocolo seguirá até 2020. Todavia, sem a assinatura de países como Japão e Rússia, o documento segue com os signatários que emitem somente 15%
dos gases na atmosfera. Em breve, chefes de Estado se encontrarão novamente, produzindo outros acordos relacionados ao clima. O que importa é o prosseguimento da Agenda. Nada de novo. O desenvolvimento sustentável segue preservando a velha política e seus lucrativos negócios.
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