Sou pescadora, bolicheira,
conversadeira, inventadeira, poeteira, escrevinhadeira e curiosa (o que provoca
pesquisamentos por causa do pouco conhecimento)... sou da conversa solta, sem
palestramentos... penso que não temos nada para palestrar... a vida é feita de
nossas experimentações que podem ser transformadas em conhecimento formal ou
não... nesta semana estivemos conversando com trabalhadores da polícia civil, da
brigada militar, da educação, dentre outros, dentro da programação de formação
desse protagonistas, sensibilizando-os para a questão da violência contra a
mulher e para o acolhimento humanizado dessas situações...
Introduzi (e apenas introduzi) o
tema da violação dos direitos da mulher idosa, atravessado pela questão de
gênero... assumo publicamente que não gosto de trabalhar com violação de
direitos/ com violação da dignidade/ com violação da vida... já trabalhei na
constituição e desenvolvimento do Serviço Sentinela, que antecedeu o CREAS na
atenção e cuidado para com crianças e adolescentes vítimas de violência
doméstica, abuso e exploração sexual... e agora trabalho com atenção e cuidado
para com idosos vítimas de violação de direitos...
Gosto, mesmo, é do trabalho com a
produção de potência, de vida e de mobilização nos existires... não gosto das
gentes que se nutrem da desgraça, da dor, da bílis, da ansiedade, da ganância,
da intolerância e de outros quetais... então prefiro pensar que a vida pode
invocar a velha... e das coisas que temos visto no trabalho com os velhos, tem
aí umas coisas que estão anotadas em meus papeis de embrulho para compor uns
escritos... vejamos aí...
↘VIOLAÇÕES
-
judicialização da vida/ judicialização dos processos de trabalho com o idoso
-
medicalização da vida do idoso
-
medicamentalização da vida do idoso
-
exploração laboral do idoso
-
exploração financeira e material do idoso
-
exploração afetiva e usos abusivos dos afetos (incidência basicamente com
mulheres), praticados por companheiros/ filhos/ netos/ outros familiares /
outras pessoas
- abandono
afetivo, físico e material de idosos
- vida-dura,
dura-vida... o que vem depois das dores dos existires... vem idosos que tiveram
seus existires endurecidos por suas dores e isso acabou produzido tanto ou mais
dores nas vidas dos seus...
↘O IDOSO E A PRODUÇÃO DE AFETOS E
CONTÁGIOS
.
a vida do idoso produzindo reverberação/ritornelo na vida das gentes
.
produção de redes e forças = potência
.
a inventividade que produz movimentos pode também produzir acontecimentos
.
as pessoas que fazem usos abusivos se debatem (desde as mais tênues às mais
amplas dimensões) COM EXCESSOS DE VIDA
-
a produção da violação do direito da idosa é sempre apenas UM ponto no imenso
descampado da vida da pessoa/ a vida, as potências, as impotências, os
quereres, os fazeres são muito maiores do que isso
-
olhar para o quão fascistas podemos ser quando tentamos desfocar a conversa das
gentes e dirigir à violência pura, sem considerar toda a trama das existências
que se cruzam e que se compõem
↘ TRABALHO VIVO
-
movimento permanente, feito de continuidades e descontinuidades
-
produção de experimentações – coragem de ir tateando e tecendo novos, outros
pensares e outros fazeres
-
capacidade de reconhecer no outro a singularidade do seu processo
- produção de
vida nos processos de envelhecimento
↘CAPACIDADE INVENTIVA
PARA OLHAR PARA OS EXCESSOS DE VIDA
-
a vida enquanto campo ético-estético-político
-
vidas-conceitos
-
vidas-paradoxo
↘ Problematização: O QUE É A
VIDA?
-
por onde se constituem os abandonos?
-
por onde se constituem as violações/violências?
↘ Para quem sofre por excessos de
vida
↘ Problematizações advindas do
trabalho com idosos
-
usos abusivos de drogas lícitas
-
usos abusivos de álcool
-
usos abusivos de afetos (mães/avós devoradoras/ pais negligentes/ síndrome da
avó superprotetiva que anula as possibilidades de vivimentos
↘ Algo que muito nos interessa é
a possibilidade de auxiliar o outro a lidar com os excessos de vida e fazer
disso vivimentos e não morrimentos
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