Devo dizer
que praticamente não tenho visto a propaganda eleitoral... sofro de uma grave
compulsão por resmungo, meu coração fica taquicárdico, minha racionalidade vira
mingau, minha poesia vira estrume seco (que só serve pra adubar)... então
prefiro não ver, mas isso não me deixa imune aos resmungos dos outros, seja nas
redes sociais, seja de colegas de trabalho ou de amigos... assimassim, alguma
coisa sempre fico sabendo... e pra não dizer que não falei das eleições (porque
não encontrei as flores, para delas
falar), vou resmungar alguma coisa...
Não queremos
mais saber desses candidatos que não têm sequer a mais básica noção sobre quais
sejam as funções inerentes ao cargo que pleiteiam.
Não queremos
mais saber desses candidatos que se põem a prometer coisas-e-coisas,
mundos-e-fundos, mundos-sem-fundos, como se essas promessas avalizassem seus
pensares e seus fazeres.
Não queremos
mais saber desses candidatos que em suas discursarias vazias, enunciam aquilo
que pretendem fazer caso eleitos, sem considerarem que o que sustenta uma
intenção, seja aquilo que já se produziu em sua vida e que, por sua vez,
prenuncia o porvir-devir.
Não queremos
mais saber desses candidatos que acreditam que a função do vereador seja a
mesma de um cargo do Executivo (obras, serviços, etc.) e prometem
coisas-e-coisas suja responsabilidade seja absoluta e unicamente do EXECUTIVO.
Não queremos mais saber desses candidatos que desconhecem que o
papel do vereador seja de ser “um
membro da Câmara Municipal que exerce seu cargo em favor de um município, o
mandato dura 4 anos e o cargo enquadra-se no poder legislativo. Sua função é
fiscalizar o trabalho do prefeito e os gastos ligados ao orçamento anual, sendo
assim, é o representante do povo”. E que ignoram “As principais funções do
vereador:
• Analisar e aprovar leis ligadas à prefeitura e ao poder executivo./ • Fiscalizar vários órgãos da prefeitura, além de requerer prestação de conta por parte do prefeito./ • Votar projetos de lei./ • Receber os eleitores e ouvir sugestões, críticas, reivindicações./ • Promover a ligação entre eleitores da região que representa e o governo./ • Elaborar e redigir projetos./ • Criar leis com intuito de formar uma sociedade mais justa” (cf. Eduardo de Freitas - Graduado em Geografia - Equipe Brasil Escola).
• Analisar e aprovar leis ligadas à prefeitura e ao poder executivo./ • Fiscalizar vários órgãos da prefeitura, além de requerer prestação de conta por parte do prefeito./ • Votar projetos de lei./ • Receber os eleitores e ouvir sugestões, críticas, reivindicações./ • Promover a ligação entre eleitores da região que representa e o governo./ • Elaborar e redigir projetos./ • Criar leis com intuito de formar uma sociedade mais justa” (cf. Eduardo de Freitas - Graduado em Geografia - Equipe Brasil Escola).
Não queremos
mais saber desses candidatos que pretendem fazer de seus mandatos –caso eleitos-,
um tempo estanque de quatro anos, desconsiderando que a vida das gentes e a
operação da coisa pública não tenha descontinuação –apesar de ser feita de
descontinuidades-... esquecem, eles, que a entrada de um novo governo nos espaços
formais de poder, não apaga os rastros do governo que lhe antecedeu e nem
imprime, automaticamente, um novo modo no pensar e no fazer da coisa pública,
pois isso tudo é feito, no fim das contas, pelos trabalhadores públicos e pela
comunidade, em micro-movimentos, em micro-acontecimentos, em
micro-agenciamentos.
Não queremos
mais saber desses candidatos que saem a enunciar mudanças, movimentos,
acontecimentos, cozeduras, coseduras, desenhos, imaginações saídas de seus
UTÓPICOS PLANOS DE GOVERNO, sem considerar as heterotopias dos desejos das
gentes da comunidade.
Não queremos
mais saber desses candidatos que se metem a alardear planos miles, sem
considerar que somos conhecedores dos limites e das limitações impostas pelo
ORÇAMENTO do Município... portanto, não adianta ficar prometendo mil e
quinhentas coisas se o orçamento está em seu limite e não tem como ampliá-lo.
Não queremos
mais saber desses candidatos que se põem a tentar seduzir os trabalhadores
públicos municipais com a gostosa promessa de qualificar nossos salários, sem
considerar que nós trabalhadores públicos também somos conhecedores do
ORÇAMENTO e da LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL, assim como, somos conhecedores
do fato de que, com a ampliação da demanda e oferta de serviços públicos,
cresce também a necessidade de nomeação/contratação de um número maior de
trabalhadores, o que estoura com o limite de gasto previsto na LRF.
Não queremos
mais saber desses candidatos que priorizam algumas áreas em seus PLANOS DE
GOVERNO e simplesmente esquecem de outras.
Não queremos
mais saber desses candidatos que falam muito em respeito aos trabalhadores
públicos municipais, mas que simplesmente esquecem que esses trabalhadores são
os principais responsáveis pelos pensares e fazeres das ações e serviços
públicos.
Não queremos
mais saber desses candidatos que alardeiam querer tratar/administrar a coisa
pública a partir de modelos de gestão privada... francamente, isso é falta de
noção sobre gestão pública.
Não queremos
mais saber desses candidatos que propagam discursos raivosos, que
alimentam pendengas pessoalizadas, que jogam o trabalho todo que fazemos todos
os dias, feito merda fedorenta pra se espalhar no ventilador dos outros.
Não queremos
mais saber desses candidatos que querem fazer crer que haja campos
dicotômicos com relação aos espaços e cargos que pretendem ocupar... não há um
antes e um depois deles... há, sim, o campo público que move-se em permanente
devir, agenciado ora por uns, ora por outros, mas sempre espraiado entre
acontecimentos e (dês)acontecimentos.
Não queremos
mais saber desses candidatos que arrastam os bordões da privatização
das coisas que tanto lutamos para (re)tornar públicas... um desses campos é o
SUS!
E, em se
tratando da política de saúde (que é o campo em que atuo mais diretamente), fico
estupefata pela forma como muitos candidatos e eleitores falam de algumas
políticas e serviços públicos, demonstrando, por exemplo, absoluto
desconhecimento com relação à produção do Sistema Único de Saúde/SUS, ao
tomarem como referência para tecer críticas, somente aquilo que ainda está
muito precário... simplesmente esquecem de tudo o que já vem sendo produzido e
consolidado... esquecem que os serviços de saúde são feitos por gente e para
gente, e que, para qualificar esse campo, há muito por ser andado, conversado e
produzido, para além do que já tem sido feito.
Citando a amiga e psiquiatra Fernanda
Penkala, digo, com suas palavras, que: "eu gostaria, e muito, ver os
candidatos, ao se referirem à Saúde Pública em seus projetos de governo,
perderem a mania de se referirem somente aos médicos, ou quando muito aos
enfermeiros... Olha só, Saúde Pública é multidisciplinar... já faz muito tempo que
temos muitas outras áreas profissionais que fazem parte do trabalho em saúde, e
por ele são igualmente responsáveis... INFORMAÇÃO TAMBÉM É EDUCAÇÃO!!!!... se
quisermos eleitores, cidadãos e cidadãs conscientes, devemos fugir do senso
comum e das frases e conceitos prontos (mesmo que isso parece o mais fácil,
convincente e confortável...)!!!!!"... é de uma protuberante
ignorância ou MÁ FÉ, sair a galope na ultrapassada cultura da doença, da medicalização
da vida e reforçar no imaginário das gentes, a ideia de que os trabalhadores do
campo médico serão a solução dos problemas e dificuldades existentes no campo
da política de saúde... os colegas médicos formam só um dos muitos campos
absolutamente importantes para a produção e os fazeres do SUS... pois SAÚDE se
faz com a proteção, promoção e recuperação dessa coisa que é a vida humana!
Nomais, nomais, não podemos esquecer que somos, de uma forma geral, reféns
históricos de uma concepção e prática em saúde pública voltada para a
cronificação da cultura da doença, para a “medicina curativa”, para a
medicalização, a medicamentalização e para o assujeitamento dos usuários a um
sistema centralizador e verticalizado da política de saúde.
Consideramos que os movimentos produzidos a partir da
Constituição Cidadã, de 1988, no campo da política de saúde pública com a
regulamentação e implantação do SUS, vem, aos poucos, evidenciando os novos
desenhos com que se produz a atenção à saúde e com que se pensa e faz não
somente a ação do cuidado em saúde coletiva, mas saúde de forma geral. Afora os
movimentos de humanização no campo da saúde, é de se considerar o
dimensionamento das ações de saúde, portanto, nossos processos de
trabalho devem ser atravessados cada vez mais pelas seguintes condições:
. atualização cotidiana e problematização de nossas práticas
e processos de trabalho;
. clínica ampliada (inseparabilidade entre clínica e
política);
. ruptura com o instituído pelo modelo social, político e
econômico dominante, produzindo novos instituintes, sem sedimentá-los na
banalidade;
. transformar o pacto pela saúde num dispositivo cotidiano
de trabalho;
. consolidação da gestão ampliada e colegiada;
. definição de prioridades e erradicação do desperdício;
. promoção e produção da transversalidade, da
interdisciplinaridade (trabalho em equipe), da integralidade da atenção, da
intersetorialidade, da humanização da atenção e da resolutividade;
. educação permanente em saúde e intersetorial (gestores,
trabalhadores e usuários);
. atenção territorial (na comunidade, trabalho com os
saberes populares, produção coletiva de conhecimento);
. garantia de acesso e acolhimento;
. fortalecimento e consolidação da atenção básica;
. Problematização
e ruptura com a lógica hospitalocêntrica, pensando sobre o lugar do hospital na
Rede de Atenção em Saúde, assim como, a relação da Atenção Hospitalar com a
Atenção Básica e Especializada;
. produção de uma outra possibilidade
de mundo;
.
integrar formação, atenção, gestão e participação social, para: valorização
das características locais, valorização das capacidades instaladas e
desenvolvimento das potencialidades existentes;
. fomento à capacidade criativa e inventiva de todos;
. olhar o usuário, o trabalhador e o gestor como produto
plantados pelo ideário dominante, e que podem romper com isso produzindo
singularidades, produzindo fazeres e saberes singulares;
. produção da noção de saúde como promoção de vida, de
vitalidade, de potência, de autonomia, de protagonismo, de qualidade de vida;
. Semear e cultivar a idéia da
Política Nacional de Humanização como um desafio e uma provocação
ética-estética-política que se faz com a produção de modos de subjetivação de
usuários, trabalhadores e gestores, na relação com a noção e vivência da saúde.
Afora
tudo isso, ainda queria ter resmungado um pouco sobre o pouco/ou nada que temos
ouvido sobre as perspectivas dos candidatos para o campo das políticas de saúde
mental e sobre álcool e outras drogas... mas isso deixo para um outro
resmungo!!!!
Todos os candidatos que estão neste pleito mostram se incapazes de pensar em saúde pública. Todos, mas todos mesmo que se ariscam, no que pensam ser alguma proposta de melhoria, seguem o modelo médico. Aumentar o número de médicos é o plano. ESFs nunca ouviram falar ou os entendem, apenas, como um novo nome dado aos postos de saúde. Não vi e não tive noticias de nem um outro profissional sendo pensado para estes ESFs (quanto a estratégias, então, nem ousam falar).
ResponderExcluirNo desenvolvimento social a lógica arcaica ainda é de clubes de mães, os CRAS, CREAS, e outras não são de conhecimento dos candidatos. Nesta área as poucas referências dizem respeito ao Bolsa Família(preocupados em ressaltar sua continuidade).
Os funcionários públicos não são considerados como parte pensante dos governos. Este pensar, planejar, viabilizar a melhoria dos trabalhos é reservado aos CCs (tem um candidato que defende a permanecias de 130 CCs para que estes exerçam os cargos de chefia).
Em meio a isto tudo dizem que o povo não sabe votar, que não esta politizado, ora; como escolher entre discursos tão iguais, e vazios? Como não desacreditar desta política partidária?
Apenas alguns exemplos se for detalhar os absurdos e problematizar o desconnhecimento dos candidatos isso ocuparia paginas e paginas, seria, no entanto desnecessário.